Jovens estão perdendo audição por causa de fones de ouvido, alerta conselho
“Se você estiver a 1 metro da pessoa e ouvir o que ela está escutando, ela provavelmente terá uma perda de audição”, explica especialista
A presidente do CFFa orienta os
pais e responsáveis a monitorar o volume dos fones de ouvido. “Se você estiver
a 1 metro da pessoa e ouvir o que ela está escutando, ela provavelmente terá
uma perda de audição. A 1 metro de distância, você não deve ouvir o que a
pessoa está escutando no fone de ouvido”, reforçou Thelma, que é especialista
em audiologia.
A orientação é baixar o volume.
Segundo ela, já houve uma proposta de projeto de lei no Congresso Nacional para
que esses equipamentos tenham controle máximo de volume, mas ele não foi
aprovado. Além disso, a fonoaudióloga explicou que as escolas
precisam pensar melhor na estrutura das salas de aulas, para que sejam
construídas em locais mais silenciosos ou com melhor acústica.
Prevenção e tratamento
Hoje (10), no Dia Nacional de
Prevenção e Combate à Surdez, o CFFa alerta que existem várias situação que
podem causar problemas de audição e muitos delas são preveníveis. Thelma
explica que as causas para a perda de audição dependem da fase da vida. Os
bebês, por exemplo, podem nascer com deficiência auditiva por problemas na
gestação, quando a mãe é usuária de drogas, teve sífilis ou rubéola durante a
gravidez, ou problemas no parto. “Por isso é importante fazer o teste da
orelhinha na maternidade, para saber se nasceu surdo ou não e intervir, se
necessário”, disse.
No caso das crianças, as otites
devem ser tratadas com cuidado e a vacinação deve estar em dia. Doenças como
meningite e caxumba podem causar perda de audição, por exemplo, e há vacinas
disponíveis na rede pública. No caso dos adolescentes, além do uso irregular
dos equipamentos de som, eles podem ter as mesmas patologias das crianças.
Há causas que não são
preveníveis, como algumas doenças em adultos, otosclerose e AVC por exemplo, e
em casos de AVC, além das perdas progressivas causadas pela idade. “Mas há
muitas que se consegue prevenir, principalmente por exposição ao ruído”,
enfatizou Thelma.
Segundo a presidente do CFFa, a
tecnologia de aparelhos auditivos melhorou muito ao longo do tempo, inclusive
sendo implantada dentro do ouvido. Entretanto, mais importante que a amplitude
do som é a qualidade desses equipamentos. “Antigamente, se colocava o aparelho
e ele aumentava o som. O paciente escutava, mas continuava sem compreender.
Hoje é como se aumentasse o volume com um som estereofônico muito melhor. O
paciente ouve e tem uma qualidade sonora muito boa”, disse.
Thelma explicou ainda que,
antigamente, só usava aparelho quem apresentava uma perda moderada de audição.
Hoje, qualquer pessoa com perda leva, dependendo da necessidade, é um paciente
em potencial para o uso de aparelho de amplificação. “Mas o uso do aparelho não
previne a progressão da perda de audição. A prevenção, no caso de exposição a
ruído, é parar de se expor, então aquela perda estaciona, mas não melhora”,
ressaltou.
Tema do Enem
A fonoaudióloga comentou também o
tema da redação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano – “Desafios
para a Formação Educacional de Surdos no Brasil”. Segundo ela, muitas pessoas
argumentaram que o aluno do ensino médio não tem conhecimento para discorrer
sobre o tema, mas para Thelma, o assunto da inclusão deveria ser debatido por
todos, inclusive porque o deficiente auditivo faz parte da comunidade escolar,
assim como qualquer pessoa com deficiência.
“Já os desafios são vários,
porque existe a questão da formação do professor. O aluno, seja surdo ou com
qualquer deficiência, é colocado na sala de aula, mas não é incluído, muitas
vezes porque o professor não tem formação para incluir. É muito mais fácil
incluir pessoas com deficiência física, mas com relação ao surdo, é preciso ter
um intérprete e uma maneira diferente de dar aula. É um desafio, sim, e muitos
professores terão que saber lidar com a educação do surdo”, disse.
As questões da inclusão e do
preconceito devem ser debatidas não só nas escolas, mas em toda a sociedade,
pois pessoas com perdas profundas de audição precisam ser compreendidas em
todos os lugares. “Muitas vezes, o surdo, que é quem tem perda profunda, se
depara com situações onde não consegue compreender e ser compreendido”,
explicou Thelma.
O preconceito existe ainda na
própria pessoa com deficiência auditiva. “A primeira pergunta que ela faz é se
o aparelho vai aparecer. Como se, desaparecendo o aparelho, desaparece o
problema. Isso é preconceito da própria pessoa. E a gente pergunta: ‘Mas você
usa óculos? Qual é a dificuldade e a diferença?’”, acrescentou a especialista.
Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução