Diabetes mal controlado pode causar cegueira
Doença que atinge mais de 16 milhões de brasileiros está na mira dos oftalmologistas
O diabetes é uma doença que atinge cerca de 422 milhões de pessoas em todo mundo. No Brasil há mais de 16 milhões de indivíduos com a patologia e cerca de 72 mil brasileiros morrem anualmente por causa da doença. Os dados são da OMS (Organização Mundial de Saúde). Para relembrar sobre a importância do assunto, a ONU (Organização das Nações Unidas), instituiu desde 2006 o Dia Mundial do Diabetes, comemorado em 14 de novembro – data de nascimento de Frederick Banting, um dos descobridores da insulina.
Além de causar complicações em outras partes do corpo, o diabetes também pode afetar a visão. Isso acontece por conta das alterações sofridas nos vasos sanguíneos, que nos olhos são bem pequenos. Esta modificação provoca dificuldade de irrigação em algumas regiões do globo ocular, causando a retinopatia diabética. Segundo especialistas, o lado preocupante da retinopatia diabética é a falta de sintomas, que só se manifestam em estágios avançados. Entre os mais comuns estão a visão borrada, flashs e a perda repentina da visão.
O presidente da Cooeso-GO (Cooperativa Estadual de Serviços em Oftalmologia de Goiás), Dr. Diogo Mafia Vieira, alerta para a necessidade de prevenir esta complicação derivada do diabetes. “A retinopatia diabética não deve ser tratada tardiamente porque seu avanço é progressivo. Ela é a principal causa de cegueira em adultos com diabetes e seu diagnóstico precoce pode reduzir em 80% o risco de cegueira”, diz.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da retinopatia diabética é feita através de um exame de visão chamado fundoscopia. A eficácia do tratamento precisa ser associada ao controle rigoroso da glicemia, além de acompanhamento com outros especialistas. Segundo o presidente da Cooeso-GO, é muito importante que o paciente fique atento a todo funcionamento do seu corpo. “Tudo deve ser controlado no diabético. Por exemplo, é comum que pacientes com retinopatia diabética também sofram com algum grau de dano nos rins. Isso se dá porque a perda de proteína pela urina piora o edema da retina. Por isso é necessário que uma equipe médica completa acompanhe o paciente”, diz.
O tratamento mais conhecido para a retinopatia diabética é o uso de laser, que ajuda na regressão dos vasos anormais da retina e diminui o risco de hemorragia. Em casos mais severos a vitrectomia é indicada. A técnica consiste em uma cirurgia onde o oftalmologista retira o vítreo cheio de sangue e o substitui por um líquido transparente.
Outras formas para tratar a retinopatia diabética estão sendo testadas, porém ainda são métodos caros e não acessíveis a todos. “Nós médicos desejamos que ninguém mais perca a visão por conta do diabetes. Temos tratamentos muito bons sendo desenvolvidos mundo afora, mas, no Brasil, não são todos que conseguem custear um tratamento com medicamentos importados, o que torna algumas terapias inviáveis para alguns pacientes”, comenta Vieira.