Pesquisa da UFG aponta a dificuldade de controle do diabetes por adolescentes
Estudo demonstra que a vulnerabilidade social é fator desencadeante da complicação do diabetes tipo 1
O dia 14 de novembro é instituído
pela Organização Mundial de Saúde como uma data para lembrar a necessidade do
combate e prevenção ao diabetes. No Brasil, estima-se que oito milhões de
pessoas sofram com a doença e dessas, de 5% a 10% são acometidas pelo diabetes
tipo 1, o mais comum na infância e adolescência. Um estudo realizado pela
Universidade Federal de Goiás (UFG) analisou justamente esta população jovem e
concluiu que a vulnerabilidade social dificulta a adesão desse grupo ao
tratamento, aumentando assim o risco de morte. O estudo também apresentou
caminhos para superação desse problema.
O levantamento feito pela
Faculdade de Nutrição da UFG constatou que 78% dos diabéticos jovens com as
maiores alterações laboratoriais são de famílias de baixa renda e que não
realizam atividades físicas. Outro dado é que quase 70% dos pais das crianças
portadoras da doença tem baixa escolaridade, com até oito anos de estudo.
Segundo a coordenadora da pesquisa,
professora Rosana Marques, esses dados se refletem no pobre controle
metabólico, na pouca participação dos pais e no inadequado manejo da doença
identificado entre os diabéticos jovens.
O estudo foi realizado com 71
adolescentes, entre 10 e 19 anos, atendidos no ambulatório de endocrinologia do
Hospital das Clínicas da UFG. A pesquisa também identificou que entre o grupo é
alto o número de adolescentes classificados como sedentários ou somente
executando atividade leve, principalmente entre os que estão com controle
glicêmico inadequado. A formação de grupos de apoio, constituídos por
profissionais multidisciplinares, que auxiliem esses pacientes com atividades
assistenciais e educativas, pode ser uma alternativa para que essas crianças e
adolescentes alcancem maior expectativa de vida.
Soluções
Para a pesquisadora Rosana, o
contexto demonstra a necessidade de um maior planejamento da aplicação das
recomendações do controle da doença de acordo com as características
individuais de cada paciente. “Podemos afirmar que a vulnerabilidade social
pode dificultar a adesão ao tratamento, além da compreensão da gravidade do
diabetes e os seus procedimentos de controle”, afirmou.
Ela destaca também a importância
de, além da prevenção, ocorrerem procedimentos de incentivo ao controle da
doença entre as crianças e adolescentes. “Essa atenção é fundamental para
prevenir a ocorrência de episódios agudos de manifestação do diabetes, bem como
impedir ou retardar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, obesidade ou
nefropatias”, destacou.
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