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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
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FÉRIAS

Quando o desconforto impede o descanso

Fisioterapeutas alertam que viagens longas podem causar dores na coluna

Postado em 2 de janeiro de 2018 por Sheyla Sousa
Quando o desconforto impede o descanso
Fisioterapeutas alertam que viagens longas podem causar dores na coluna

GUSTAVO MOTTA*

A época de férias é ideal para a realização de viagens, o que pode significar muitas horas em poltronas de carros, ônibus ou aviões. O excesso de tempo na mesma posição física pode se tornar um vilão da saúde e do bem-estar de quem deseja curtir a tranquilidade ou a diversão do descanso, porque provoca dores nas costas e pescoço, além de outras regiões. O momento é de viajar, mas também de se exercitar, treinar a musculatura e priorizar posições saudáveis e adequadas. Aproveitando o momento de férias e viagens, o ‘Essência’ conversou com a gerente de fisioterapia do Hospital Alberto Rassi (HGG), Joana França.

Entrevista : Joana França 

Qual é a associação entre a prolongação de tempo na mesma posição física, e a ocorrência de dores?

Quando ficamos muito tempo na mesma posição, a nossa circulação sanguínea tende a apresentar problemas, porque a velocidade dela diminui, e isso favorece o surgimento de dores. A musculação, em repouso, é comum quando estamos em viagem, e também quando trabalhamos por muito tempo à frente de um computador, por exemplo. Quem já tem alguma patologia muscular ou ossaria, com problemas na coluna ou articulações, com certeza vai sentir ainda mais dor. Histórico de trombose e doenças relativas a coágulos sanguíneos também levam o indivíduo a sentir um desconforto maior.

Quais regiões do corpo são mais afetadas durante uma viagem?

Em caso de viagens a carro, os membros inferiores são os mais propícios a apresentarem inchaço. Sendo assim, existem algumas dicas de exercícios interessantes para movimentar essas regiões – como apoiar os dois pés no chão e levantar apenas o calcanhar, deixando assim apenas a ponta do pé no solo. O membro pode ser segurado por cinco segundos, e o exercício pode ser repetido por até 10 vezes. Outro metódo é o inverso – levantar as pontas dos pés e o calcanhar. Levantar a perna no ar e movimentar o pé para a esquerda e direita também é um ótimo exercício.

Que outros sinais costumam vir acompanhados da dor?

Podemos nos ater a alguns sinais de desajustes musculares durante as viagens. Os sintomas esperados são dor de cabeça, além de edemas (acúmulo de líquido sanguíneo ou linfático) nos membros inferiores devido ao repouso muscular por um tempo maior. Edemas articulares costumam acontecer quando o indivíduo já apresenta problemas ósseo-musculares, como a artrite. Inchaços musculares costumam afetar as mãos –a rigidez chega a deixar o músculo até imóvel. 

Por que  a viagem afeta, especialmente, o motorista?

É ele quem mais vai tensionar a região cervical – próxima aos ombros e pescoço. Essa tensão pode provocar dor de cabeça. Esse desconforto é provocado pelo comportamento psicológico causado pela atenção e foco aos quais ele se submete, e não necessariamente pelo motorista apresentar algum problema mais sério. Para quem conduz, é importante ficar de olho no alinhamento da posição corporal, e na inclinação do banco – não pode ser alta o bastante para ele tensionar mais a cervical enquanto estiver observando a estrada, nem pequena, como alguns costumam deixar.

Quais as sugestões para quem vai viajar de avião?

É sabido que não podemos ficar mais de duas horas na mesma posição. O ideal é que a gente levante e se exercite a cada hora – especialmente pessoas idosas, que também nos carros, precisam priorizar as pausas para exercícios, isso porque eles têm a pele mais sensível, e a lesão no tecido é uma consequência da queda na circulação. 

O que pode ser feito com a dor quando se chega ao destino?

Ao chegar no local, é bom aplicar uma bolsa de água quente na região dolorida. Os alongamentos sugeridos também podem ser realizados em pé, ou mesmo deitado. A procura por um médico que possa medicar o paciente também é recomendada, ou de um fisioterapeuta, que pode auxiliar na recuperação dos músculos e artérias tensionados.

Qual o papel da dor para se detectar problemas de saúde?

A dor não pode ser vista apenas negativamente, como uma vilã. Na verdade, ela é importante como parte do mecanismo de proteção do corpo e mostra quando algo não está bem – se você está em viagem e sente que um membro ou articulação está dolorido, deve entender que é o momento para levantar, se exercitar, ou ao menos mudar de posição. Exercícios ou massagens também favorecem a circulação sanguínea na região, e a circulação de substância que vão neutralizar a dor.

Quais os riscos da automedicação para aliviar a dor?

Esse é um assunto de maior domínio da Medicina em relação à Fisioterapia, mas ela é perigosa. No caso de analgésicos, sabemos que o uso indiscriminado e sem supervisão competente pode ocasionar sangramentos nas mucosas gástrica e intestinal. O médico é o profissional que precisa prescrever os medicamentos, apenas do fácil acesso nas drogarias a remédios contra dores.

Sobre o fisioterapeuta, como ele pode ajudar a resolver a dor?

O profissional da Fisioterapia vai avaliar toda a cadeia muscular do paciente e pesquisar a origem das dores, e se alguma musculatura está enfraquecida. É ele quem vai fazer um levantamento sobre o incomodo, e a partir dessa avaliação, o indivíduo pode ser triado para diversas áreas de nossa especialidade – como as práticas em pilates, Reeducação Postural Global (RPG), acupuntura, osteopatia, entre outros.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

 

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