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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Desacordo

Governo recorre ao Supremo contra decisão sobre privatização da Eletrobras

Alegação diz que o juiz federal Carlos Kitner usurpou a competência do STF ao deliberar sobre a constitucionalidade de uma MP, atribuição que seria exclusiva do Supremo

Postado em 15 de janeiro de 2018 por Victor Pimenta
Governo recorre ao Supremo contra decisão sobre privatização da Eletrobras
Alegação diz que o juiz federal Carlos Kitner usurpou a competência do STF ao deliberar sobre a constitucionalidade de uma MP

O governo enviou hoje (15) uma reclamação ao Supremo Tribunal
Federal (STF) contra a decisão da Justiça Federal em Pernambuco que suspendeu o
trecho de uma medida provisória (MP) que autorizou a União a seguir com o
processo de privatização da Eletrobras.

Na peça, escrita pela advogada-geral da União, Grace
Mendonça, o governo alega que o juiz federal Carlos Kitner, da 6ª Vara Federal
do Recife, usurpou a competência do STF ao deliberar sobre a
constitucionalidade de uma MP, atribuição que seria exclusiva do Supremo.

Segundo Grace, a MP em questão só poderia ter sido
questionada em ação direta de inconstitucionalidade aberta no Supremo. Ela
pediu por uma liminar (decisão provisória) urgente para suspender os efeitos da
determinação do magistrado.

O mesmo pedido foi feito pela Câmara dos Deputados, em
reclamação assinada pelo assessor jurídico Leonardo Barbosa e também
protocolada nesta segunda-feira.

A decisão sobre o pedido de liminar da AGU deve ser da
ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, que despacha em regime de plantão. A
ministra pode ainda deixar  que qualquer
decisão seja tomada pelo relator, Alexandre de Moraes, no retorno do recesso da
Corte, em fevereiro.

Na semana passada, o juiz Carlos Kitner, da Justiça Federal
em Pernambuco, concedeu uma liminar para suspender o Artigo 3º da Medida
Provisória (MP) 814, editada em 29 dezembro de 2017, que retirava de uma das
leis do setor elétrico a proibição de privatização da Eletrobras e de suas
subsidiárias.

A ação popular foi aberta na terça-feira (9) pelo advogado
Antônio Accioly Campos. Ele questionou a revogação, pela MP, do Artigo 31 da
Lei 10.848/2014, que excluía a Eletrobras e suas controladas (Furnas, Companhia
Hidroelétrica do São Francisco, Eletronorte, Eletrosul e a Companhia de Geração
Térmica de Energia Elétrica) do Programa Nacional de Desestatização.

Na decisão, Kitner afirma que o governo federal não
justificou a urgência de editar uma MP, “no apagar das luzes” do ano passado,
“para alterar de forma substancial a configuração do setor elétrico nacional”.
Ele argumentou que as leis sobre o setor elétrico não poderiam ser modificadas
sem a “imprescindível” participação do Congresso Nacional.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia rebateu os
argumentos do juiz, afirmando que, em sua exposição de motivos ao Congresso
Nacional, o governo deixou claro que a MP 814 não tinha o objetivo de antecipar
“discussões de mérito relacionadas ao tema”, que ainda serão alvo de outro
projeto de lei. 

Fonte: Agência Brasil. (Foto: Divulgação)

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