Para Meirelles, economia do Brasil pode superar crescimento de 3% em 2018
Segundo o ministro da Fazenda, há crescente interesse de estrangeiros em investir no Brasil, apesar de investidores verem isso com cautela, devido às eleições
O ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, disse hoje (23) que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do
Brasil poderá superar os 3% previstos pelo governo para 2018. “Estamos em
uma situação em que se consolidou a trajetória de recuperação, de crescimento
do Brasil”, afirmou. O ministro participa, em Davos, na Suíça, do Fórum
Econômico Mundial, onde concedeu entrevista após palestra no Itaú Private
Lunch.
Ontem (22), o Fundo Monetário
Internacional (FMI) divulgou estimativa de que o Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro – soma de todas as riquezas produzidas pelo país – deve crescer 1,9%
neste ano, o que representa aumento de 0,4 ponto percentual na projeção
anterior, divulgada em outubro pela instituição.
“O FMI sempre é mais
conservador, como deve ser, normal. Mas, evidentemente, os analistas
brasileiros têm mais informação a respeito. Acredito que o crescimento [do PIB]
vai estar mais próximo de 3% ou até superar os 3%”, ressaltou. A projeção
do mercado é de crescimento de 2,7%.
Segundo Meirelles, há crescente
interesse de estrangeiros em investir no Brasil, apesar de investidores verem
isso com cautela, devido às eleições. “É normal que, em período eleitoral,
momento que país vai entrar em um processo importante de discussão eleitoral,
muitos [investidores estrangeiros] passem a ter um pouco mais cautela,
aguardando o desenrolar dos acontecimentos”, disse. “Mas o interesse é muito grande. O investimento
direto no Brasil é grande e tende a crescer, esse ano pode superar o ano
passado.”
Informe publicado ontem (22) pela
Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostra o Brasil
em sétimo lugar como destino de US$ 60 bilhões estrangeiros. A Austrália
aparece em sexto, no relatório, também com US$ 60 bilhões. Em 2016, quando
recebeu cerca de US$ 50 bilhões, de acordo com o relatório, o Brasil ocupou
sozinho o sexto lugar. Meirelles chegou a dizer que o país poderá chegar este
ano ao patamar dos US$ 70 bilhões. “Vamos aguardar, ainda é
prematuro.”
Ao ser indagado se seria
favorável a uma possível privatização da Petrobras, o ministro afirmou que por
princípio á a favor da privatização. “Tenho expressa essa posição já há
muitos anos. Evidentemente que tudo isso tem que ser feito paulatinamente. Nós
temos um desafio enorme, agora, que é a privatização da Eletrobras, que já está
sendo questionada no Congresso. Vai ser um desafio muito grande. Não acho
momento adequado para criar ruído sobre esse aspecto [Petrobras].”
Nesta segunda-feira, o presidente
Michel Temer enviou ao Congresso Nacional projeto de lei que propõe regras para
a privatização da Eletrobras. Pelo texto, a operação se dará por meio de
aumento do capital social da empresa, que o governo considera “democratização
do capital da Eletrobras”. Pela proposta, nenhum acionista poderá ter mais de
10% de poder do voto. O projeto também prevê que a União tenha ações especiais
na Eletrobras após a privatização, chamadas de golden share, que dão a seu
detentor direitos como garantia de indicação de um membro do Conselho de
Administração.
“A [privatização da]
Eletrobras é tão ou mais importante que a privatização da telefonia na década
de 1990. Eu acho que vai ser aprovada, mas é uma luta grande. Vamos vencer essa
batalha”, diz.
O Fórum Econômico Mundial
prossegue até o dia 26. De acordo com os organizadores, a edição de 2018 tem a
participação recorde de chefes de Estado e de representantes de organizações
internacionais, além de lideranças das áreas de negócios, sociedade civil,
mundo acadêmico, artes e mídia.
Com informações da Agência Brasil. Foto: Reprodução