Dez livros para ler durante o Carnaval
Para quem quer curtir o feriado afastado do barulho e da purpurina, ficar em casa pode ser ótima alternativa para colocar a leitura em dia
Guilherme Araujo*
No Carnaval, uma das
festas mais tradicionais do país, alternativas de programação não faltam. Em cidades em que a folia é mais agitada, como
Salvador, Rio e Recife, os tradicionais blocos de rua Amélie Pulando, Rita
Leena e Galo da Madrugada são pura sensação – aspecto evidenciado pelo emaranhado
de pessoas vindas de todas as partes do mundo em busca de curtição e dias de sol.
Embora também conte com
uma programação bastante diversificada, o goianienses divide opiniões e acredite: há quem prefira, sem pensar duas vezes, deixar a folia em
segundo plano. A estudante Karina Gonçalves é um desses casos. “Resolvi tirar um
tempo para mim e dispensei os convites dos amigos. Nunca fui muito baladeira, então preferi colocar a lista de leitura em dia”. Para ela, a decisão tem motivo.
“Como procrastinei no recesso de fim de ano e nas férias, quero entrar o ano
letivo sem peso na consciência – e descansada”, brinca.
Nesta vibe, OHoje.com
reuniu 10 obras, listadas por membros da redação e por leitores, ideais para quem
vai curtir o Carnaval em casa. Um spoiler: há leituras para todos os gostos.
Confira:
Crônicas:
A borboleta amarela, de Rubem Braga
Em crônicas publicadas
entre janeiro de 1950 e dezembro de 1952 publicadas pelo jornal Correio da
Manhã, no Rio, Rubem Braga, um dos maiores e mais elogiados cronistas da
história do país, delineia algumas de suas páginas mais prodigiosas, a começar
pela própria história que dá título ao livro, a da pequena borboleta amarela.
Com lirismo profundo e sutil, o autor dialoga tanto com dias comuns de
apaixonados quanto à mais pungente das críticas sociais.
Correspondência:
Cartas Brasileiras, de Sérgio Rodrigues
Fac-símiles,
breves textos condutores e fotografias são o que dão o tom em Cartas Brasileiras. Um dos mais recentes
lançamentos da Companhia das Letras, a obra apresenta correspondências de
personagens marcantes da história do país, entre intrigas, ameaças, confusões,
estratégias e belas declarações de amor. Com acesso livre aos infinitos
particulares de Elis Regina a Olga Benário, de Chico Buarque a Santos Dumont,
de Renato Russo a d. Pedro I, o jornalista Sérgio Rodrigues entrega ao leitor
uma coletânea de oitenta cartas para serem lidas com tal intensidade à que
foram escritas.
Quadrinhos:
Persépolis, de Marjane Satrapi
Também enquadrada no
gênero autobiografia, esta é uma leitura obrigatória para fãs de quadrinhos e
de histórias que tem como cenário o Oriente Médio. Nascida em uma família
moderna e politizada, a iraniana Marjane Satrapi assistiu ao levante da
revolução de 1979 e viu-se obrigada a sair do país em meio à efervescência de
capítulos opressores ao povo persa. Flertando com o humor em alguns momentos e
em diálogo com o drama da separação, Persépolis vendeu 400 mil exemplares
somente na França e nos mostra que o povo do Irã é mais próximo de nós do que
se imagina.
Romance:
Me chame pelo seu nome, de André Aciman
Sucesso absoluto nos
cinemas e um dos principais candidatos ao Oscar 2018, o livro de André Aciman
narra a história do delicado e sincero romance entre os jovens Elio e Oliver. O
cenário para tudo isso é a residência de verão da família de Elio, na costa
italiana – um reduto literário que já atraiu a cobiça de muita gente. Sem
perceber, ambos se apaixonam e dão vida a uma narrativa em que a juventude é a
condutora de sentimentos vorazes que bebem na fonte da inquietude e da força
das paixões literárias.
Ficção:
O
conto da Aia, de Margaret Atwood
Considerado
um romance distópico, O conto da aia,
da canadense Margaret Atwood, converteu-se rapidamente em um dos livros mais
comentados em todo o mundo recentemente, tamanha sua semelhança com acontecimentos
atuais, sendo considerado um oráculo dos EUA na era Trump. Ambientado em um
Estado teocrático e totalitário, mulheres são vítimas de opressão e propriedade
do governo, baseado em uma filosofia fundamentalista e fortalecida
gradativamente com força política.
Contos:
Dropz, de Rita Lee
Depois de entregar ao
público sua bem-sucedida autobiografia (a obra vendeu sozinha em 4 meses de
publicação 205 mil exemplares – 70 vezes a tiragem de um livro no país), Rita
Lee ataca como ficcionista no delicioso Dropz.
Publicado pela Globo Livros, reúne 61
contos, todos com ilustrações feitas pela artista. Além disso, traz uma escrita
múltipla, como a própria Rita, em histórias curtas e pensadas para todos os
gostos. Dropz é, segundo Guilherme Samora, jornalista e estudioso do legado de
Rita, “melado, misterioso, ou azedinho”, como a bala. Uma pedida perfeita para uma
tarde chuvosa.
Poesia:
Poesia Completa, Orides Fontella
Oriunda da mesma
geração de Paulo Leminski, Hilda Hilst e Adélia Prado, Orides Fontela é dona de
uma obra emblemática, regada a um rigor típico e a uma beleza poética
estralhaçadora. Demasiadamente contemporânea, a autora teve sua poesia
organizada e publicada pela editora Hedra, com apresentação do crítico
literário e poeta Luis Dolhnikoff. A obra reúne uma antologia de seus melhores
poemas, além de 22 inéditos, em manuscritos guardados entre os livros da
biblioteca.
Ficção científica:
Origem, Dan Brown
Em mais uma trama envolvente e cheia
de aventuras regadas a boas doses de ciência, o professor Robert Langdon,
personagem principal de uma saga que traz no currículo fenômenos como Anjos e
Demônios e O Código Da Vinci lida agora com a revelação, por um ex aluno, de duas
perguntas fundamentais à existência humana. Em transe pela apresentação,
Langdon embarca em uma noite meticulosamente orquestrada e busca uma saída para
o caos provocado por uma ameaça. Em uma fuga desenfreada, a história se passa
desta vez na Espanha, em um percurso entre as cidades de Bilbao e Barcelona.
Sem uma donzela a seu lado, quem o ajuda a desvendar o segredo é Edmond Kirsch.
Feminismo:
O
Segundo sexo, Simone de Beauvoir
Considerado pelo jornal
francês Le Monde entre os 100 livros do século, em Le Deuxième Sexe, título
original da obra magna de Simone de Beauvoir, a autora apresenta um
existencialismo feminista e prescreve uma revolução moral. Publicado em 1949, o
livro foi responsável por consagrar Simone de Beauvoir no cenário internacional
da filosofia. Atemporal, trata dos fatos e mitos relativos à condição da mulher
e a analisa em dimensões variadas, seja psicológica, sexual, política e social.
Em tempos em que a questão feminina nunca esteve tão em voga, leitura indispensável.
Biografia:
De
veludo, cotelê e jeans, David Sedaris
Definido pelo
Washington Post como “Um dos jovens talentos mais provocadores e
deliciosos do humor americano”, o livro de David Sedaris, um dos maiores humoristas americanos da atualidade, reúne
em 22 crônicas autobiográficas. Entre situações
cotidianas que escancaram os costumes norte-americanos e as excentricidades da
própria família, estão um passeio pela neve com a irmã, os dias de férias de
verão, seu emprego como vendedor de bebidas em uma casa de espetáculo e as
brigas com o namorado – todas histórias que podem, e devem, ser devoradas
rapidamente.
*Guilherme Araujo é integrante do programa de estágio do jornal OHoje.com, sob orientação de Naiara Gonçalves (Foto: Divulgação)