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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
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Paralisadas

Obras do BRT retornam em março

As obras do BRT foram paralisadas em junho do ano passado por conta de pedidos de vistas nas planilhas de custo

Postado em 20 de fevereiro de 2018 por Sheyla Sousa
Obras do BRT retornam em março
As obras do BRT foram paralisadas em junho do ano passado por conta de pedidos de vistas nas planilhas de custo

Marcus Vinícius Beck*

Paralisadas desde junho do ano passado, as obras do BRT (bus rapid transit, em inglês) devem retomar após assinatura do novo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que vai ocorrer no próximo dia 28 de fevereiro. Em reunião entre integrantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Prefeitura, ficou estabelecido que um novo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) seria gerado e que as obras poderão ser iniciadas pelo consórcio em até 30 dias.

No momento, a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) aguarda a liberação da verba por parte da Caixa Econômica Federal (CEF) para o reinício das obras. Sobre o término delas, a Seinfra disse que essas datas serão divulgadas após a assinatura do TAC, que vai ocorrer na próxima semana. Procurada, a Caixa não respondeu até o fechamento desta edição os questionamentos da reportagem sobre o montante de verbas utilizadas nas obas.

Em reunião no dia 28 de janeiro, o ministro das Cidades, Alexandre Baldy (sem partido), e o prefeito Iris Rezende (PMDB) chegaram a um acordo para a retomada das obras do BRT. Na ocasião, Baldy afirmou que os trabalhos seriam retornados nos próximos dias, porém, quando foi indagado a respeito de uma data para o reinício das obras, o ministro se esquiou e optou por não definir uma data. No entanto, garantiu que não iria faltar verba federal para a realização da construção.

Paralisação

As obras do BRT foram paralisadas em junho do ano passado por conta de pedidos de vistas nas planilhas de custo. A Prefeitura de Goiânia disse que houve a análise dos custos por parte do Tribunal de Contas do Município (TCU) em itens referentes à liberação de orçamento que ocorreu nem 2014, durante a gestão do ex-prefeito Paulo Garcia (PT). Na ocasião, suspeitava-se que os repassas da Caixa Econômica Federal (CEF) não estavam sendo feitos.

Outras interrupções acabaram se tornando marca registrada das obras do BRT. Em 2016, as obras foram cessadas por seis meses por conta de uma dívida de R$ 11 milhões. No primeiro cálculo, estimava-se que o corredor estaria funcionado no final do ano passado, mas o prazo foi estendido, e a via deverá ser entregue à população apenas em março de 2019. De acordo com a prefeitura, já foram gastos R$ 63 milhões nas obras.

Lançadas em março de 2015 com a presença da então presidente Dilma Rousseff, as obras foram orçadas inicialmente em R$ 242 milhões. O projeto pretende atender 148 bairros de Goiânia e Aparecida de Goiânia com 93 ônibus, sendo 28 veículos articulados e 65 convencionais, em quatro linhas. O sistema deve ligar as regiões noroeste (Terminal Recanto do Bosque) e sudoeste (no terminal de integração Cruzeiro do Sul, no limite com Aparecida de Goiânia).

Polêmica

Em dezembro, um grupo de vendedores ambulantes plantou no trecho interditado na altura do Setor Pedro Ludovico, próximo ao Terminal Isidória, algumas mudas de milho, coentro e mandioca. A ideia nasceu como solução para acabar com focos do mosquito Aedes Aegypti, motivo de reclamação por parte de moradores. Após a paralisação, a região tornou-se reduto do mosquito. 

Moradores pedem que obras sejam retomadas com urgência 

Perigo para atravessar a rua e vendedores ambulantes. O primeiro é o resumo da vida de transeuntes e comerciantes do setor Pedro Ludovico, próximo ao Terminal Isidória, e do Setor dos Funcionários, em frente ao Terminal Rodoviário. Já o segundo representa o dia a dia de quem passa pela Avenida Goiás Norte. 

O Hoje esteve nos dois locais na tarde de ontem e constatou que muitos reclamam da dificuldade em passar para o outro lado da via, ou pelo reduto de ambulantes que tornam a via perigosa.

Antes de conversar com a reportagem, na 4° Radial, no Pedro Ludovico, o aposentado Miguel Pereira dos Santos, 75, quase foi atropelado por um carro que passava pela 4° Radial. “Com sinceridade, é preciso que as obras tenham início o quanto antes, porque é cada vez mais difícil lutar contra o trânsito aqui, com esses carros passando como loucos”, relata o aposentado. “Sempre observo essa obra: certamente para o povo, quando começarem será melhor para todo mundo, pois garantirá melhor mobilidade pela cidade”, relata.

Já o autônomo Marknsio Martins Rocha, 47, declara que a paralisação das obras complicou a vida das pessoas moram ou trabalham na região. “É um absurdo, porque colocaram isso aqui e ninguém fez nada para seguir com as obras”, diz. Para ele, que passa pela 4° Radial todo dia, o que era para trazer benefícios até hoje não trouxe nada. “Muito pelo contrário: complicou a vida da população.

Contrário ao depoimento de Miguel e Marknsio, o aposentado João Moraes, 73, afirmou que as obras não incomodam “tanto assim”. “Creio que há meio que um sensacionalismo nessa questão: a pista está aqui, as obras foram paralisadas e é preciso haver uma certa compreensão por parte da sociedade, o que não está havendo”, diz. No entanto, ele também tece críticas ao “descaso” que virou as obras. “O cara que passa por aqui de carro não está nem aí, pois ele está dentro de seu carro, alheio a realidade que há ao seu redor”, finaliza.

Rodoviária

Em estágio mais avançado das obras, a região do Terminal Rodoviário de Goiânia, no Setor dos Funcionários, também está paralisada. Ao contrário do Setor Pedro Ludovico, a região conta com ferros, que sinalizam a ampliação da pista. No entanto, vendedores ambulantes se apropriaram da região e começaram a vender despreocupadamente seus produtos ali. Desde que as obras foram paralisadas, a Avenida Goiás Norte virou abrigo para moradores de rua.

Otimista, o aposentado Albino Souza Barbosa, 78, disse que não há do que reclamar em relação às obras. “Agora vai”, declara à reportagem, brincando: “Creio que houve essa paralisação por conta de alguma coisa, ne? Acho que ninguém ia querer prejudicar o povo desta forma”. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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