‘Poema Cômico do Envelhecer’ é apresentado em Goiânia e Aparecida
‘Quando se Abrem os Guarda-chuvas’ terá dez exibições em dez locais distintos
SABRINA MOURA*
Nesta quarta-feira (28), a Oficina Cultural Geppeto recebe o espetáculo Quando se Abrem os Guarda-Chuvas, do Grupo Fândola Teatro. Até julho, o espetáculo passará por dez palcos de Goiânia e Aparecida de Goiânia, em diferentes espaços, com bate-papo entre a personagem principal, interpretada por Fernanda Pimenta, e o público.
A ação teatral circulante tem o propósito de contemplar públicos diversificados. “Optamos por circular por diferentes lugares, porque nesse tempo que já fazemos algumas apresentações do espetáculo percebemos que, como toda cidade, Goiânia também tem demandas específicas de público, lugares mais distantes, sem acesso, que, com a circulação do espetáculo, será possível chegar”, conta Fernanda, que é, também, criadora do espetáculo.
Foi criada uma agenda de maior duração que leva ao espectador a certeza de que, em duas quartas-feiras de cada mês, durante cinco meses, haverá teatro em algum lugar da Capital. “No nosso roteiro, temos escolas públicas, municipais, escolas de arte, pontos de cultura, vários lugares para contemplar todos os públicos. Algumas pessoas, classes sociais e faixas etárias têm dificuldade para se locomover, para ir ao teatro, então é algo que não se tem o costume. Indo até eles é uma forma de incentivá-los, em um futuro próximo, a saírem de suas casas para ir ao teatro”, completa.
Espetáculo
Quando se Abrem os Guarda-Chuvas teve sua estreia, em 2011, na cidade do Rio de Janeiro, e desde então conquista plateias brasileiras e estrangeiras com um trabalho de teatro físico e poético que é, ao mesmo tempo, melancólico e cômico, lírico e áspero, contundente e apaziguador. No palco, o público encontra Dona Conceição, uma viúva de 70 anos que fala do seu dia a dia de idosa, de como viu seu mundo se transformar aos poucos.
O espetáculo trata da vida de Conceição, abordando os temas da velhice, da solidão, da vida e da morte. “É uma peça existencial sobre a existência humana. Falamos de amor, que é o que rege a vida; do mundo; das relações e paixões. Tudo nasce do amor. Uma das bases dramatúrgicas do espetáculo é baseada no amor romântico, que a personagem teve na juventude. Agora viúva, ela conta a monotonia dos seus dias, como é sua vida para essa visita (o público). A peça aborda esses temas, a vida, a proximidade da morte e a solidão”, explica Fernanda.
Segundo a criadora do espetáculo, a peça é um drama, mas também tem seu lado cômico na vida da personagem: “A Conceição, em meio à sua realidade, nos dias atuais, quer acompanhar – do jeito que ela dá conta – as tecnologias. Ela tem um professor que vai à sua casa para ter aulas de internet, trazendo comicidade nas cenas da personagem tentando ser moderna”.
Os bate- papos após as apresentações têm o intuito de perceber do público como a vivência de assistir a um espetáculo teatral mexe com as pessoas. “Consideramos importante o debate, pois não são comentários sobre o espetáculo e seu teor. Não são todos que se identificam com o espetáculo. É interessante ter essa conversa para percebermos os efeitos do espetáculo em cada um. O público comenta muito sobre suas memórias – ‘Ah lembrei da minha avó!’ – e é muito legal o retorno”, comenta Fernanda.
A primeira apresentação dessa temporada ocorreu no Ponto de Cultura Cidade Livrem onde o debate com os jovensm além de falar sobre a personagem, tirou a curiosidade deles sobre o mundo do teatro. “Surgiram questões fora do tema do espetáculo, mas relacionadas à vida de artista, como é exercer esse ofício esse modo de viver e ver o mundo”, conta.
A apresentação proporciona uma vivência, um momento da vida (50 minutos) onde o público estará entregue e aberto a receber o que está sendo proposto. “Passamos ali uma constatação da existência humana e da velhice. Uma reflexão, um momento de estar, ali naquele momento, ouvindo aquela história e sentindo o que tiver que sentir. É muito mais que uma mensagem e uma moral; é uma oportunidade de estar entregue a uma história que, de certa forma, é de todos nós, afinal, ‘tudo que não morre fica velho’”, pontua a atriz.
A encenação traz para parte do público uma volta às memórias. “É um trabalho feito com muito carinho e cuidado. Uma vez, me apresentei (há uns quatro anos); veio uma moça jovem, aos prantos, me abraçou forte, por uns cinco minutos, sem falar nada, me olhou nos olhos, e foi embora. Aquilo foi marcante, me lembro e me emociono até hoje. Realmente, não era necessário dizer nada, já estava tudo dito”, relembra Fernanda, que completa: “Esse tem sido um recorrente comportamento das pessoas, de estarem junto, de rir e se emocionar, algo muito bacana”.
O monólogo tem a direção da espanhola Elena Diego e dramaturgia do carioca João Pedro Fagerlande (coautor) juntamente com Fernanda Pimenta. As entradas são gratuitas e livre para todas as idades. A apresentação faz parte do projeto de circulação Quartas de Guarda-Chuvas contemplado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia e produzido pela Plano V Eventos e Cultura.
*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da
editora Flávia Popov
SERVIÇO
‘Quartas de Guarda-chuvas’
Espetáculo ‘Quando se Abrem os Guarda-Chuvas’
Quando: quarta-feira (28)
Onde: Oficina Cultural Geppetto (Rua 1.013, Qd. 39, Lt. 11, Setor Pedro Ludovico)
Horário: 20h
Entrada gratuita
(Contribuições voluntárias e espontâneas são bem-vindas para a continuidade do trabalho do Farândola Teatro)
Mais informações: (62) 3241-8447