Guilherme Araujo*

A cerca de 250 km de Goiânia, Rio Verde é palco entre
os dias 9 e 13 de abril da 17ª edição da Tecnoshow Comigo, evento que agrega
todo o segmento agropecuário do Centro-Oeste goiano e é considerado uma das
maiores feiras de tecnologia de vanguarda do país. 

Com trajes a rigor para lidar com o calor, nem mesmo o sol forte foi
capaz de afugentar o público no primeiro dia do evento. Produtor rural desde a década de 1970, Tayroni
Cruvinel, de 63 anos, conta que comparece desde a 1ª edição. Segundo ele,
o que mais o atrai é o lançamento constante de novas tecnologias. “Para nós que
somos produtores é ótimo. Ficamos por dentro de tudo que tem saído no mercado e
isso é essencial”, conta.

Com essa promessa de inovação em práticas que vão
desde a divulgação de resultados de estudos científicos, até a presença de
novidades em máquinas, veículos, equipamentos e insumos, estão dispostos em
mais de 60 hectares de feira (área equivalente a aproximadamente 60 campos de futebol), 550
expositores.

Em seu 5º ano consecutivo, o
representante comercial Antonio Carlos García vem de Santa Helena de Goiás. No
mercado há mais de 20 anos no segmento de sementes, diz que o foco da empresa
que representa está em biotecnologia, royalties e a quebra de patente. Para
ele, a Tecnoshow é uma das feiras que mais rendem resultados e clientela
imediatos, promovendo um crescimento vultuoso em termos de mercado e de
disseminação das sementes no mercado.

Entre as produções apresentadas estão frutos de
parcerias com multinacionais como a argentina Domário. “Neste caso específico,
ela nos fornece a genética e nós produzimos, principalmente nos campos do Sul
do país e no entorno do DF, região altamente produtora”, explica. Em Goiás, por
sua vez, o foco reside na produção de sementes de milho, um dos pontos de maior
interesse do público.

Produzida majoritariamente no Sul e Sudoeste goiano em
áreas de pivô em torno de 300 km², o processo consiste em capitanear as sementes
e secá-las, tratando-as e as armazenando, para depois saiam pelos canais de
revenda. Entre as novidades, está o uso de novas práticas de transgenia, um
tipo de molécula específica inserida na planta a fim de exterminar pragas.

De acordo com Antonio Carlos, em plantações de milho,
um dos casos mais agressivos é o da lagarta de espiga, responsável por
ocasionar perdas de até 80% da produção. Sob a necessidade de raspar as folhas
para digerir o alimento, em plantações geneticamente modificadas com transgenia,
a lagarta tem seu ciclo de vida rapidamente reduzido. Não exclusivo de
plantações de milho, na soja o processo também é altamente recomendado,
tornando a produção intacta.

Exposições

Cercado de orquídeas, o produtor e expositor veterano na Tecnoshow, José Narciso de Oliveira, trouxe cerca de 500 espécies de plantas do Cerrado, entre puras e híbridas. Segundo ele, embora parte da clientela seja fixa, a procura logo no 1º dia já foi alta. “A tendência é que com o passar do dia as vendas aumentem mais ainda”, analisa.

Entre os aspectos mais fortes a que atribui a busca pela flor, típica em áreas tropicais, estão as dicas e cuidados que dá para os clientes. “Faço questão de explicar como cultivar [as plantas], já que a maior parte das pessoas só as adquire e não sabe como cuidar”.

Além de flores, a feira conta ainda com exposições de equinos, ovinos, bovinos e peixes – a maioria disponível para comercialização -, bem como produtos relativos à sua criação, como rações.

Coalisão

Definindo-se como parceiro do agronegócio, o governador recém empossado José Eliton também esteve no 1º dia de Tecnoshow, como parte de agenda no município de Rio Verde. Eliton participou da cerimônia de abertura, realizada em um dos auditórios do espaço logo pela manhã. 

Em seu discurso, ressaltou a importância de eventos como a Tecnoshow para o desenvolvimento da economia do Estado. Questionado quanto ao aumento de ICMS para produtores de feijão e arroz em Goiás e o que o Estado tem feito em relação à redução da tributação em relação ao produtor, o governador respondeu que tem sido estabelecida uma agenda conjunta com representantes do setor para discutir e ajustar um ponto de equilíbrio, incrementando esse tipo de cultura no Estado.  

Outro ponto de destaque foi a retomada de operações de exportação de unidades da BRF nos municípios de Mineiros e Rio Verde, interrompidas na semana passada por determinação do Ministério da Fazenda. “Isto é matéria de competência do governo federal. Vamos buscar criar um ambiente adequado para que essas unidades possam estar em atividade plena com toda sua capacidade de produção e consequentemente abarcando empregos que são necessários para que ela funcione na sua total capacidade de produção”, explicou. 

Quanto às perspectivas de investimento do produtor de soja, o governardor afirmou se tratar de um tema bastante complexo. Para ele, seria necessário se fazer uma autocrítica. “De seis anos pra cá a soja não dobrou de preço, não saiu de 50 foi pra 100. Então, as tecnologias, máquinas têm trazido dissabores diminuindo a capacidade de investimento do produtor. A gente espera que consiga manter um equilíbrio para o produtor continuar investindo”. 

* Repórter enviado a convite da Monsanto para cobertura do evento (foto: Divulgação)