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domingo, 29 de dezembro de 2024
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Tensão

Crises esvaziam 8ª Cúpula das Américas, em Lima

Em 24 anos da existência do fórum, esta é a primeira vez que um presidente norte-americano não figura entre participantes do evento

Postado em 13 de abril de 2018 por Guilherme Araújo
Crises esvaziam 8ª Cúpula das Américas
Em 24 anos da existência do fórum

Três crises esvaziaram a 8ª Cúpula das Américas, que começa nesta sexta-feira (13), em Lima (Peru). A cúpula ocorre no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promete endurecer contra a Síria; com o agravamento da crise humanitária e política envolvendo a Venezuela e também com as denúncias de corrupção e desvios de conduta de ex-presidentes peruanos.

Pela primeira vez, um presidente dos Estados Unidos não participa da Cúpula das Américas, o fórum criado pelo governo norte-americano, em 1994, para discutir o futuro da região. As reuniões são realizadas a cada três anos, e nesta cúpula o tema principal da agenda é o combate à corrupção.

Ainda na pauta da reunião, os líderes de 35 países discutirão os problemas e o futuro da região, principalmente o impacto da corrupção no crescimento econômico, no desenvolvimento e nas instituições democráticas.

A menos de um mês do começo da Cúpula das Américas, o então presidente do Peru Pedro Pablo Kuczynski renunciou antes da votação do segundo pedido de impeachment. Ele foi acusado de ter recebido propinas da empreiteira brasileira Odebrecht. Dois ex-presidentes peruanos são alvos do escândalo da Lava Jato. Ollanta Humala, que está preso, e Humberto Toledo, foragido.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi excluído da reunião em meio a críticas de desrespeito à democracia. A questão da Venezuela gera protestos favoráveis e contrários a Maduro durante a 8ª Cúpula das Américas.

Sequestro

Um incidente regional tirou o presidente do Equador, Lenin Moreno, das discussões. Ele chegou a desembarcar no Peru, mas retornou a Quito para acompanhar pessoalmente os desdobramentos do sequestro de três jornalistas na fronteira com a Colômbia.

A equipe do jornal equatoriano El Comercio foi sequestrada há 18 dias. Eles estavam investigando o tráfico de drogas fronteiriço e a atuação de ex-guerrilheiros das Forcas Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc). “Dou um prazo de 12 horas a esses narcos para que entreguem provas de vida de nossos compatriotas. Caso contrário, iremos com toda contundência, sem contemplações, castigar esses violadores de direitos humanos e de solidariedade”, alertou Moreno.

O anúncio de Moreno ocorreu depois de serem divulgadas fotografias de cadáveres, que supostamente seriam dos jornalistas sequestrados. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que colaboraria com o governo equatoriano.

Impasses

Outra questão que domina as discussões na cúpula é exclusão de Maduro do encontro, após antecipar as eleições presidenciais, suspendendo o diálogo com a oposição. A antecipação foi condenada pelos principais partidos opositores e pelos 17 países do Grupo de Lima, entre os quais o Brasil, que definem o episódio como “ruptura da ordem democrática” na Venezuela. Os principais líderes de oposição da Venezuela estão presos, exilados ou inabilitados para concorrer a pleitos.

Crítico do regime venezuelano, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, reitera que não aceita tratar Maduro como “líder democrático”, mesmo que ele seja reeleito. Em Lima, as manifestações envolvendo a Venezuela, de grupos favoráveis e contrários, se tornaram constantes nos últimos dias.

Organizações sociais e partidos de esquerda protestam contra as sanções à Venezuela. Segundo eles, os “ataques” contra Maduro fazem parte de uma campanha anti-socialista, liderada por Trump. Maduro tinha ameaçado comparecer à Cúpula das Américas, mesmo sem ter sido convidado, mesmo que tenha que “ir nadando” para o Peru.

Carta Aberta

A organização não-governamental (ONG) Anistia Internacional enviou carta aberta aos 35 líderes das Américas, lembrando que qualquer discussão sobre problemas econômicos, políticos e comerciais da região deve ser acompanhada de politicas de defesa dos direitos humanos.

Na carta, a ONG diz que “lamentavelmente a nossa região continua sendo a mais violenta e desigual do mundo, com os maiores índices de homicídios, na América Central, no México, no Brasil e na Venezuela”. A organização também criticou a “retórica” de líderes políticos que promovem “o ódio e a discriminação”.

Em Buenos Aires, o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, se reuniu com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, quando conversaram sobre o impacto da crise humanitária na Venezuela nos países vizinhos. Para Shetty, a solução para a crise é politica, pois a adoção de sanções e ameaças não têm surtido efeitos.

“Salvo a ajuda que tem recebido da Rússia, da China e de Cuba, o governo de Maduro esta cada vez mais isolado e fechado”, disse. “Brasil, Colômbia e Argentina têm um papel fundamental em convencer Maduro a buscar uma saída política”, afirmou Shetty.

Com informações da Agência Brasil 

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