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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Rejeição

Apoio de Temer é mal visto

Para analistas, alto índice de rejeição de presidente, apontado na pesquisa Datafolha, pode respingar em candidato apoiado por ele

Sheyla Sousapor Sheyla Sousa em 18 de abril de 2018
Apoio de Temer é mal visto
Para analistas

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Lucas de Godoi*

O alto índice de rejeição do presidente Michel Temer pode ser um fator de preocupação para candidatos ás eleições de outubro próximo ligados a ele. Pesquisa do Datafolha divulgada nesta terça-feira mostra que 70% dos brasileiros consideram o governo do presidente Michel Temer (MDB) ruim ou péssimo. Apenas 6% aprovam sua gestão e outros 23% a consideram regular. Outro levantamento do Datafolha, divulgado no fim de semana, mostra que apenas 3% dos pesquisados votariam com certeza em um candidato apoiado por Temer.

Para o professor e cientista político Robert Bonifácio, qualquer candidato ligado à base experimentará nas urnas o resultado dessa desaprovação. Nesse sentido, aponta Robert, “qualquer que seja o candidato do governo ele terá insucesso na eleição, porque é um governo que poucas pessoas gostam, não tem nada para apresentar de diferente ao eleitorado e a última cartada do governo, que foi a intervenção militar do Rio de Janeiro, não deu em nada”, sentencia. 

Isso se refletiria, inclusive, em uma eventual candidatura do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que se filiou recentemente ao MDB e tem se lançado como pré-candidato. “Ele é o candidato dos empresários, mas está ligado umbilicalmente ao governo Temer. A única chance de ele ter algum sucesso na eleição seria se a economia prosperasse, mas isso não vai acontecer, porque o período é muito curto para que a economia seja transformada em vitrine para ele”, reflete o Bonifácio. 

Já o professor e consultor político Marcos Marinho não acredita que o próprio Temer banque uma candidatura à reeleição. Nesse cenário, caberia a ele viabilizar o candidato certo para ter espaço no governo e manter o foro privilegiado. “Para mim, o que ele está tentando fazer agora é só manter uma nesga de poder que o liberte de uma situação mais grave e mais complicada no próximo ano”, avalia, emendando que “o momento não é nada propício para ele, porque não tem o mínimo de imagem capaz de fazer convergência de votos, apoios populares e de outros partidos também. Ele é uma pessoa que afasta muito mais do que aglutina”. 

Em uma escala de 0 a 10, o desempenho de Temer à frente do governo até o momento tem nota média 2,7, com 41% atribuindo nota zero ao presidente. Com esses números, aponta Marinho, o que resta ao presidente é pleitear algum cargo no próximo governo. “Principalmente agora com o (ex-ministro da fazenda Henrique) Meirelles se lançando como o potencial candidato do MDB, a tendência mais forte é que o Temer negocie algum tipo de atuação no cenário político, de repente tentar um ministério”, acredita. 

Para ele, os dados de pesquisa devem ser ponderados, já que a insatisfação coletiva muitas vezes não é respaldada por uma opinião crítica, mas sim pelo desconhecimento da situação real do funcionamento do processo político. “Geralmente, em linhas gerais, as pessoas não entendem o processo político e não participam ativamente. Elas percebem que não estão funcionando, não gostam de como as coisas estão acontecendo, mas não sabe muito bem como mudar”, observa o consultor, exemplificando que algumas pessoas não conseguem definir quais são as responsabilidades do poder municipal, estadual e federal. 

Os índices mostrados pela pesquisa também tratam da aprovação Temer, que é de 6%, o mesmo índice do levantamento anterior. Além disso, 23% das pessoas o consideram regular. Um ponto percentual a mais do que do levantamento de janeiro deste ano. Já 2% não opinaram sobre o tema. “É óbvio que a figura do Michel Temer é absurdamente rejeitada pela população brasileira hoje, em qualquer pesquisa que você for verificar, vai te dar isso”, enfatiza Marinho.  

Insatisfação nacional não influencia no Estado 

Embora a indicação de Temer à Presidência seja mal percebida pela ampla maioria de eleitores, em Goiás é diferente. Esse apoio não seria considerado de todo ruim, porque as pessoas usam filtros diferentes para escolher candidatos de nível nacional e estadual. Além disso, poderiam ser utilizados recursos de campanha para desfocar a presença de Temer na campanha. No Estado, seu aval seria para seu companheiro de partido, o pré-candidato Daniel Vilela (MDB). 

“O que é importante a gente perceber é que cada eleição, de acordo com cada cargo, existe uma paleta de filtros que as pessoas vão utilizar para julgar os candidatos e quando a gente traz isso para mais perto, esses filtros podem se alterar”, analisa o consultor político e professor universitário Marcos Marinho. 

Marinho vai além. Para ele, ter Michel Temer como apoiador não representa efetivamente um risco, mas sim a possibilidade de desfrutar dos recursos por traz da máquina do governo e minimizar as questões negativas. “Ele tem que utilizar o contato com Temer, sem ser necessariamente em cima da imagem do Temer. Durante a campanha, isso é tranquilo de ser desfocado. Tem muito artifício retórico, tem muita possibilidade de campanha que permite tirar esse peso todo da campanha do Daniel”, conclui. 

Para Robert Bonifácio, o que poderia ocorrer é ter essa ligação explorada pelos adversários, situação que exigiria jogo de cintura e discurso acertado. “Eu acho que isso pode ser um fato a ser explorado pelos adversários do Daniel Vilela. Invariavelmente Daniel terá de se posicionar sobre essa relação”, aponta, sinalizando que o candidato ainda não conseguiu aglutinar o apoio de muitas siglas partidárias. De acordo com o último levantamento do Instituto Serpes, Daniel Vilela possui 6,2% das intenções de voto no estado, empatado tecnicamente com o governador e pré-candidato José Eliton (PSDB).  

Pesquisa aponta corrupção como principal problema 

A corrupção voltou ao topo dos problemas citados pelos brasileiros, depois de ter ocupado o terceiro lugar em levantamentos realizados no final do ano passado pelo Datafolha. De maneira espontânea, 21% dos entrevistados citaram a corrupção como o principal problema do país. Em seguida aparecem a área da Saúde, com 19%, e a preocupação com o desemprego e a violência, que representam 13% cada. 

Em novembro do ano passado, 25% consideravam a saúde o principal problema brasileiro. Na sequência vinha o desemprego, com 19%. Só então era lembrada a corrupção, que representava 15%. Três meses antes, em setembro de 2017, 24% viam a saúde como maior problema do país, seguida por desemprego (18%) e corrupção (18%). Na série histórica sobre o tema, a corrupção alcançou o ápice na agenda de principal preocupação dos brasileiros em março de 2016 (37%, ante 17% da saúde e 14% do desemprego).

No levantamento atual, aparecem ainda como principal problema do país a violência (13%, ante 8% em novembro de 2017), educação (10%), a economia/crise econômica (4%), a má administração (2%), a desigualdade social (2%), a fome/miséria (2%), a política (1%) e a inflação (1%), entre outros menos citados espontaneamente.

Entre os brasileiros mais pobres, com renda familiar mensal de até 2 salários, 20% citam a saúde como principal problema. No mesmo patamar aparecem desemprego (18%) e corrupção (18%). Na fatia dos mais ricos, com renda familiar superior a 10 salários, a corrupção atinge 32%, 19% mencionam a violência, 15%, a educação, e só então aparecem saúde (9%) e desemprego (4%). (*Especial para O Hoje) 

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