Marconi defende ações na saúde da capital durante depoimento
Ao depor na Comissão especial de Investigação da Saúde da Câmara, ex-governador disse que parte dos problemas no setor está na Central de Regulação de vagas
Venceslau Pimentel*
Em depoimento à Comissão especial de Investigação (CEI) da Câmara de Goiânia, ontem pela manhã, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) atribuiu parte dos problemas na saúde da capital a falhas na Central de Regulação de vagas da prefeitura, coordenado pela Secretaria de Saúde do Município. Ele sugeriu aos vereadores que defendam que a regulação passe para a alçada do Estado, ao mesmo tempo em que defendeu as ações do Estado nessa área.
“Nós temos uma questão grave, que a CEI pode e deve interferir, que é sobre a regulação do setor. O governador José Eliton e o secretário Leonardo Vilela estão prontos para assumir (esse serviço)”, declarou Marconi. Para ele, o secretário estadual de Saúde, Leonardo Vilela, tem a responsabilidade de construir a várias mãos uma solução para o sistema de regulação na saúde.
O ex-governador reforça a defesa para que o Estado assuma a regulação na saúde, lembrando que os hospitais estaduais são os maiores de Goiânia. “Entendo que é preciso, sim, buscar um caminho para que os hospitais nossos deixem de atender somente por determinação do órgão regulador, que é de competência da Secretaria Municipal de Saúde”.
Vilela, que também depôs na CEI ao lado do ex-governador, foi mais incisivo em suas críticas, ao cobrar transparência da prefeitura da capital na Central de Regulação de Vagas. ”Não temos tido nenhum acesso ao painel de regulação, para um sistema que custou mais de R$ 4 milhões”, disse o secretário, ao mesmo tempo em que relacionou uma série de problemas que a rede municipal de saúde estaria enfrentando, como falta de material hospitalar e de pessoal. Citou, especificamente, a falta de pediatras. “Vejo a necessidade de o Estado assumir a regulação do sistema de saúde”, defendeu.
A Secretaria Municipal de Saúde assumiu o atendimento da Central de Regulação de Vagas no fim de 2017, serviço que estava a cargo do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtechc), há quase dez anos. O rompimento do contrato foi solicitado pela entidade, diante de reclamações de usuários do sistema, inconformados por longas filas para atendimento médico.
A própria secretária da pasta, Fátima Mrué, à época, chegou a reconhecer a precariedade do sistema, em entrevistas à imprensa. Por isso, com o fim do contrato, ela anunciou a implantação de um novo software, que passaria a marcar os procedimentos médicos nas unidades onde os pacientes haviam sido atendidos. O sistema custou aos cofres da prefeitura R$ 4,2 milhões. Sobre as críticas de Marconi e Vilela, a Secretaria não se pronunciou. (*Especial para O Hoje)
CEI não pode virar palanque, diz Marconi
Durante o depoimento em que prestou contas dos investimentos em saúde nas últimas duas administrações, Marconi Perillo reagiu aos questionamentos feitos pelo vereador Paulo Daher (DEM), que atribui parte dos problemas na saúde de Goiânia pela ausência do Estado nesse setor.
Daher, autor do requerimento de convite de Marconi para depor na CEI, é correligionário do senador Ronaldo Caiado (Democratas), que é pré-candidato ao governo do Estado. Também faz parte da comissão Clécio Alves (MDB), como presidente; Elia Vaz (PSB), relator; e Jorge Kajuru (PRP), que é pré-candidato ao Senado, assim como Marconi.
“Estou aqui espontaneamente atendendo ao convite, e virei sempre que for necessário, mas eu não vim aqui para um debate político-eleitoral”, avisou o ex-governador. “Essa CEI não pode se transformar em palanque. Ela está buscando alternativas e soluções para um problema gravíssimo do povo, que é a necessidade de atendimento à saúde”.
Clécio interrompeu Marconi para avisar que não deixaria a Comissão se transforma em palanque eleitoral. “Pode ficar tranquilo”. Daher e Kajuru não se pronunciaram sobre a declaração do ex-governador.
Marconi defendeu o legado que disse ter deixado na área da saúde e disse considerar equivocada a decisão tomada pelo seu antecessor, sem citar o nome, numa referência a Maguito Vilela (MDB) de municipalizar os hospitais regionais.
Conforme Marconi, Santillo (1987-1990) foi quem idealizou e implantou dez hospitais regionais, além do Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo). “Lamentavelmente o meu antecessor no governo entregou, empurrou ou municipalizou os dez hospitais regionais construídos por Santillo, dentre eles o de Luziânia, Porangatu, Piracanjuba, Goiatuba, São Luiz de Montes Belos, Jaraguá e Rio Verde”.
Antes de finalizar, Marconi defendeu as Organizações Sociais no gerenciamento dos hospitais estaduais, sustentando que se esse sistema tivesse sido implantado em outras unidades da federação, o sistema de saúde não estaria passando pelas dificuldades de atender à demanda.