Apenas 9% dos asmáticos estão com a doença controlada no Brasil
Levantamento foi feito com mais de 12 mil brasileiros com idade superior a 18 anos, dos quais quase 500 eram portadores de asma
Dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alertam que cerca de 32% dos asmáticos não fazem o tratamento correto no Brasil, o que leva a um descontrole da doença. A constatação vem um dia após o Dia Mundial da doença, coroado nesta terça (1) com a divulgaçãdo de dados da pesquisa Respira project: Humanistic and economic burden of asthma in Brazil.
O estudo, publicado este ano no Journal of Asthma, correlacionou o baixo nível de controle da asma com a qualidade de vida e a produtividade dos brasileiros, além dos gastos com saúde no país.
O artigo traz dados alarmantes: apenas 32% dos asmáticos aderem ao tratamento, 38,5% usam broncodilator – o que não trata a doença e está associado ao aumento da mortalidade na asma –, somente 12% utilizam um antinflamatório (corticoide) e 17% aplicam antinflamatório associado a broncodilatador.
“A asma é uma inflamação crônica nas vias aéreas e o fundamento da terapia para controle da asma é o uso de antinflamatório à base de corticoide, por isso, esse tipo de medicação deveria ser bem maior entre os asmáticos, e não apenas de 12%”, constata o pneumologista Dr. José Eduardo Cançado, primeiro autor do estudo e membro da Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
“Como esses medicamentos têm efeitos colaterais, devem ser utilizados por via inalatória, na forma de bombinha. Desta forma, a dose utilizada é bem menor, o efeito local é maior e os efeitos colaterais são muito menores, porque a absorção sistêmica do remédio pelos outros órgãos é muito pequena”, explica o Dr. Cançado.
Para chegar ao resultado, os autores analisaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2015, incluindo 12 mil brasileiros com mais de 18 anos de idade, dos quais 494 eram portadores de asma.
Por meio de questionários, o levantamento mostrou, ainda, que os asmáticos apresentaram pior qualidade de vida que os não asmáticos, maior absenteísmo, comprometimento da produtividade no trabalho e maior presenteísmo (comparecimento ao serviço em condições desfavoráveis à boa produtividade).
A pesquisa também apontou que 43% das mulheres e 30% dos homens com diagnóstico de asma tiveram ao menos uma crise, e 80% deles usaram alguma medicação específica nos últimos 12 meses. Como resultado, os asmáticos utilizam duas vezes mais os serviços de saúde no Brasil, gerando gastos de quase R$ 50 milhões por ano com hospitalizações.