Tensão aumenta a crise na Faixa de Gaza
O acirramento se agravou com a transferência da Embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém, em Israel
Moisés Rabinovici*
A crise na Faixa de Gaza, que começou há três dias, ainda é o principal tema nos jornais internacionais da Europa, dos Estados Unidos e de Israel. O acirramento se agravou com a transferência da Embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém, em Israel. Pelo menos 61 mortos já contabilizados. A situação fica ainda mais tensa com os episódios isolados envolvendo distintos países.
O presidente da Guatemala, Jimmy Morales, que, seguindo o mesmo caminho dos Estados Unidos, anunciou a mudança da representação diplomática de Embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém. Foi o segundo de uma fila que inclui ainda Honduras e o Paraguai.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, compareceu à inauguração da Embaixada da Guatemala e ouviu do presidente guatemalteco que os dois países “estão unidos por mais de 70 anos de uma relação de amor entre irmãos”. Morales respondeu ao premiê israelense em castelhano.
As reações ocorrem no momento que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, chamou de volta seu representante em Washington (EUA), descartando qualquer chance do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se tornar um mediador em negociações de paz com Israel.
O governo da Turquia convocou a imprensa e transformou em espetáculo a expulsão do embaixador israelense no país. Israel deu o troco despindo o encarregado de negócios turco na revista à entrada do Ministério de Relações Exteriores, em Jerusalém.
As retaliações não param por aí, virá mais ainda: a Knesset, o Parlamento de Israel, deverá votar um projeto reconhecendo o genocídio de 1,5 milhão de armênios pelo império Otomano, em 1915.
Alguns caminhões com ajuda humanitária enviada por Israel foram proibidos de entrar em Gaza.
Uma resolução ao Conselho de Segurança da ONU pedindo investigação sobre as mortes em Gaza foi bloqueada na terça (15) pelos Estados Unidos e seria apresentada ontem (16).
Os palestinos iniciam hoje o mês sagrado de Ramadan, quando jejuam diariamente da manhã à noite, mergulham na leitura do Corão e devem evitar emoções negativas, como a raiva, provando serem perfeitos muçulmanos.
Manchetes
Os principais jornais internacionais destacam na sua edição de hoje os acontecimentos na Faixa de Gaza, após a instalação da embaixada norte-americana em Jerusalém. O Le Figaro e La Croix, da França, questionam se é possível ainda buscar a paz no Oriente Médio.
No Reino Unido, o enviado especial do The Independent conta detalhes sobre o cotidiano na Faixa de Gaza, nos últimos dias. Na Espanha, o El País informa que os Estados Unidos defendem Israel e apoiam repressão na Faixa de Gaza. (*O jornalista Moisés Rabinovici é comentarista da Rádio Nacional e apresentador do programa Um olhar sobre o Mundo na TV Brasil).