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sábado, 30 de novembro de 2024
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Anistia acusa Nicarágua de usar armas de fogo

Segundo a ONG de defesa dos direitos humanos, muitas das mortes foram provocadas por tiros na cabeça, no pescoço e no peito das vítimas

Postado em 30 de maio de 2018 por Sheyla Sousa
Anistia acusa Nicarágua de usar armas de fogo
Segundo a ONG de defesa dos direitos humanos

Em relatório divulgado na segunda-feira (29), a Anistia Internacional acusa o governo da Nicarágua de usar armas de fogo e grupos paramilitares na repressão dos protestos que se espalharam pelo país em abril e maio e resultaram na morte de mais de 70 pessoas. Intitulado Atirar para Matar, o relatório da Anistia é baseado em entrevistas com testemunhas e em fotos e vídeos.

Segundo a organização não governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos, muitas das mortes foram provocadas por tiros na cabeça, no pescoço e no peito das vítimas.

O relatório foi divulgado em Manágua horas antes da marcha Movimento das Mães de Abril, convocada para esta quarta-feira (30), data em que se celebra o Dia das Mães na Nicarágua.

Muitas das vítimas dos protestos eram jovens universitários, que se somaram às manifestações iniciadas no dia 18 de abril, depois da publicação do decreto que reformou a Previdência Social. O protesto inicial, contra o aumento da contribuição para patrões e empregados, transformou-se rapidamente em um movimento nacional contra o governo de Daniel Ortega, considerado autoritário.

A Anistia Internacional acusa o governo de negar os excessos cometidos na repressão e de censurar a imprensa. Diante do crescente número de mortes, Ortega pediu à Igreja Católica que mediasse um diálogo de paz. A Conferência Episcopal nicaraguense aceitou, desde que o governo instalasse uma Comissão de Verdade internacional para investigar as mortes ocorridas durante os protestos.

Ortega concordou, mas rejeitou as recomendações que os bispos fizeram no dia 23 deste mês – após dias de deliberações com outros setores da sociedade – para apaziguar o país. As recomendações da Igreja Católica – consideradas um “golpe” por Ortega – incluíam a reforma da Constituição e o adiamento das eleições presidenciais, além da proibição da reeleição do presidente, que está em seu terceiro mandato consecutivo. Ele foi reeleito em 2016.

A reforma da Previdência, que desencadeou os protestos, foi revogada pelo governo, mas isso não foi suficiente para acabar com os distúrbios mais violentos desde o fim da guerra civil, em 1990.

Estudantes, agricultores e até empresários somaram-se aos protestos contra Ortega – líder da Revolução Sandinista, que, em 1979, derrubou a ditadura de Anastásio Somoza. Ele tem sido acusado pela oposição (e também por ex-aliados) de querer instalar uma dinastia política na Nicarágua, parecida com a que ele combateu quando era guerrilheiro. A mulher dele, Rosario Murtillo, é vice-presidente e porta-voz do governo.

O governo e a Igreja concordaram em retomar o diálogo, nos próximos dias, apesar de continuarem as denúncias de repressão e mortes. (Agência Brasil) 

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