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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Audiência pública

BRF desativa produção de perus em Mineiros

Alegando estar sob ataques, representante diz que empresa não tem para onde vender produto no mercado externo

Postado em 13 de junho de 2018 por Sheyla Sousa
BRF desativa produção de perus em Mineiros
Alegando estar sob ataques

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RHUDY CRSTHIAN

A BRF vai desativar sua linha de produção de perus em Mineiros, sudoeste do Estado. A informação foi dada nesta terça-feira (12), em audiência pública no Senado, pelo C&O da empresa no Cone Sul e vice-presidente de eficiência corporativa, Jorge Lima. O anúncio deve afetar 497 colaboradores da área de produção de perus. O clima é de apreensão entre os 80 produtores integrados que produzem e fornecem perus para a unidade. 

A empresa alega estudar uma maneira de tentar minimizar o impacto nos postos de trabalho e junto aos produtores integrados. Ficou definido ainda que será criado uma comissão que irá acompanhar a desativação da unidade em Mineiros para fiscalizar essas ações de minimização do impacto na região. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) não se posicionou sobre o comunicado da BRF. 

Segundo Lima, o grupo foi duramente atingido pelas últimas barreiras adotadas pela União Europeia, Arábia Saudita e, mais recentemente, China. Antes da Operação Carne Fraca, a unidade abatia entre 25 e 28 mil perus por dia. Quando a unidade foi interditada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), quase 500 mil aves chegaram a ficar represadas à espera de abate nas granjas. 

Em abril do ano passado, quando a fábrica foi liberada para abate, voltou a processar apenas entre 8 mil e 10 mil aves por dia, por isso o processo de colocação de todas as aves para o abate foi lento. 

Há três meses a empresa anunciou férias coletivas para funcionários da produção de perus e frangos da planta de Mineiros. Segundo o comunicado, a pausa nesses setores da unidade já estava programada e foi comunicada aos sindicatos. No total, 1120 funcionários ficaram parando.

De acordo com Lima, o Brasil está sob ataque. “Há um ataque frontal cujo objetivo é reduzir preços e diminuir nossas exportações. A questão é que não temos mais para onde vender”, disse. Ele afirmou ainda, que a produção de frangos, suínos e outros produtos continuará. Lima destacou que a BRF está refazendo seu parque fabril, especificamente em Goiás.

De acordo com Jorge Lima, o jogo dos compradores internacionais é pesado. “Na União Europeia, o embargo à carne de frango tem à frente França e Holanda. A televisão francesa, ressaltou, tem veiculado propaganda contra a carne brasileira”, argumentou.

Em defesa ao processo de embargo que a empresa está passando o executivo disse ainda que ‘investigação tem que ter nome e CPF’. “Não se pode culpar a BRF, se alguém fez alguma coisa errada tem que pagar”, disse o representante da empresa. Ele rebate as investigações alegando que ‘à medida que o Brasil vai se tornando mais competitivo, vai atraindo mais raios, mais atenção’. “Vamos crescendo e recebendo pancadas”.

China

O C&O da empresa no Cone Sul lembrou também a participação ‘desleal’ da China no mercado de comercialização externa de proteína animal. “Já a China está nos forçando a reduzir preço e exportação”, afirmou lembrando que a Arábia Saudita passou a fazer exigências fora dos padrões normais no mercado voltado para os muçulmanos.

Ministério

Também presente na audiência pública, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que o que está ocorrendo em Goiás reflete o que passa o Brasil. Enfatizou que o país tem aumentando sua produção e exportação de proteína animal, o que inclui carnes de frango, bovina e suína. E, na medida em que há esse crescimento, concorrentes internacionais ficam incomodados.

Uma das maiores companhias de alimentos do mundo, a BRF possui mais de 30 marcas, entre elas Sadia e Perdigão. A empresa reúne cerca de 13 mil produtores integrados, mais de 30 mil fornecedores (4 mil apenas de grãos, farelos e óleos), 240 mil clientes em todo o mundo e 110 mil empregados.

Carne Fraca

A empresa esteve envolvida na Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Um ano depois, a PF anunciou a Operação Trapaça, em que o nome do grupo apareceu novamente. Isso causou o embargo pela União Europeia. (com agências)  

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