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sábado, 23 de novembro de 2024
Goiânia

Fila zerada, mas faltam medicamentos no Hospital de Urgências

Colaboradores do hospital relatam falta de materiais que prejudicam os serviços

Postado em 14 de junho de 2018 por Sheyla Sousa
Fila zerada
Colaboradores do hospital relatam falta de materiais que prejudicam os serviços

Rafael Melo 


Após a Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulgar a normalização das cirurgias eletivas e dos atendimentos no Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO), colaboradores que trabalham na unidade têm relatado que a situação é diferente. Faltam medicamentos, gesso, soro fisiológico, luvas e agulhas, além de outros materiais que estão com estoque reduzido. A falta de insumos da unidade afeta a qualidade e agilidade no atendimento dos pacientes.

Segundo uma funcionária da unidade, que prefere não ser identificada, os insumos não serão suficiente para muitos dias e, por isso, estão sendo regrados. “No armário do soro fisiológico, por exemplo, temos apenas unidades de 500 ml, cerca de 100 frascos, o suficiente apenas para um dia. Também precisamos do de 100 ml para a diluição de medicamentos”, denuncia. 

Medicamentos como antibiótico Gentamicina e o anticoagulante Clexane estão zerados há pelo menos 30 dias. O anticoagulante é importantíssimo para a traumatologia, é o que evita trombose. “Falta de medicamentos é uma coisa corriqueira aqui no Hugo. Várias cirurgias já foram canceladas por falta de remédios. Tenho pacientes que aguardam procedimento há cerca de um mês por falta de insumos”, assegura.

Apesar da situação, o titular da pasta da Saúde, Leonardo Vilela, visitou o hospital na tarde de segunda-feira (11) para acompanhar de perto como estão os atendimentos. O secretário visitou até a lavanderia e afirmou que todos os setores estão funcionando normalmente. “Visitei o hospital para acompanhar se o atendimento estava normal. Ficou evidente que a unidade está abastecida e segue com sua rotina, ao contrário do que alguns veículos de comunicação noticiaram. A grande maioria das cirurgias eletivas canceladas já foi feitas no fim de semana, e não há falta de nenhum tipo de insumo básico”, comenta Leonardo Vilela.

Mas ainda segundo a colaboradora do Hospital, um paciente que está com o braço fraturado, com tala de gesso quebrada há três dias, não conseguiu providenciar a troca. “Tem uns três dias que o pedido foi feito. Não sabíamos o motivo do procedimento ainda não ter sido feito, mas um médico acaba de informar que não há gesso na unidade”. Além disso, outros itens com estoque reduzido também estão sendo racionados, como luvas e agulhas. “Foram feitos pacotinhos para fazer render. Enquanto deveríamos receber caixas com 100 pares, no caso das luvas, recebemos pacote com 50”, conta.


Cirurgias

A realização de cirurgias eletivas no HUGO voltou a funcionar na última sexta-feira (8), depois de terem sido suspensas alegando o impacto causado pela greve dos caminhoneiros ocorrida no país, paralisação que provocou o desabastecimento de alguns insumos. As cirurgias foram suspensas na quarta-feira (6) para priorizar os atendimentos de urgência e emergência na unidade.

De acordo com a direção do Hospital, das 50 cirurgias que foram canceladas, 47 já foram realizadas e as outras três somente não aconteceram devido às dificuldades do quadro clínico dos pacientes. O diretor técnico, Ricardo Furtado, esclareceu que mesmo com a suspensão das cirurgias programadas, “o atendimento de urgência e emergência não foi afetado em nenhum momento. O trabalho foi desenvolvido para preservar os atendimentos de urgência, que é o perfil da unidade”, relata.

No entanto, a justificativa da greve dos caminhoneiros não se demonstra como argumento convincente, já que os caminhões com insumos médicos não estavam sendo barrados. A presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde do Estado de Goiás (SINDSAÚDE), Flaviana Barbosa, conta que denúncias referente à falta de insumo no HUGO tem frequência semanal. “Já reportamos ao Secretário e ao Ministério Público e conversamos com a Gerir [OS que administra o HUGO] sobre o assunto. Talvez não seja um problema de gestão, mas de colocar a Saúde como prioridade. A gente continua defendendo gestão própria do Estado, com planejamento para que tenhamos uma situação melhor”, afirma Barbosa. 

A presidente também lembra que o contrato com a Organização Social Gerir foi renovado em abril. Antes o repasse anual era de R$ 205 milhões, agora são R$215 milhões para administrar o hospital. 

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