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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
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Mundial na Rússia

Emoções em jogos de Copa aumentam em até 8% número de infartos

As emoções que aumentam os riscos de problemas no coração, citados por cardiologistas, podem ser tanto boas como ruins

Postado em 16 de junho de 2018 por Márcio Souza
Emoções em jogos de Copa aumentam em até 8% número de infartos
As emoções que aumentam os riscos de problemas no coração

Começa neste domingo (17), às 15h contra a Suíça, mais uma
participação brasileira em Copas do Mundo. E com ela, um turbilhão de emoções a
cada lance e a cada disputa de bola culmina naquele momento único, onde o
coração parece não se aguentar: o gol da Seleção Brasileira. Ele dispara e, em
meio a essa carga de adrenalina, detalhes como suor frio, palpitações e
respiração ofegante passam despercebidamente pelo torcedor ou torcedora.

É tanta a magia que envolve esse momento que parece ser
natural a vista ficar turva, um aperto no peito, uma palidez no rosto. Pois
bem, segundo cardiologistas consultados pela Agência Brasil esses sintomas que
parecem até naturais em meio a um jogo de Copa do Mundo na verdade podem
indicar que há algo de errado no coração desse torcedor. “Nesse caso, é de
extrema importância que se procure uma emergência cardiológica”, alerta o
cardiologista especialista em arritmia Benhur Henz.

“Sem dúvida as emoções [de uma Copa] podem aumentar os
eventos cardiovasculares. Grandes momentos de tensão ocasionam descargas
adrenérgicas [de adrenalina] aumentando risco de crises hipertensivas, angina,
arritmias. Inclusive existem estudos observacionais que correlacionam período
de Copa com um maior número de eventos cardiovasculares, especialmente em jogos
do Brasil, quando ocorre um aumento de infarto agudo do miocárdio”,
acrescentou.

Citando dados do estudo Copa do Mundo de Futebol como
Desencadeador de Eventos Cardiovasculares, da Universidade de São Paulo (USP),
o diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Anderson Rodrigues,
explica que as ocorrências de infarto aumentam de 4% a 8% entre brasileiros,
durante os jogos da Copa.

Emoções boas ou ruins

As emoções que aumentam os riscos de problemas no coração,
citados pelos cardiologistas, podem ser tanto boas como ruins. “Ansiedade,
rancor, alegria, tristeza ou mesmo amor são emoções que resultam em descargas
de adrenalina na circulação sanguínea, e acabam causando sinais como suor frio,
palpitações e alterações na pressão arterial”, disse Rodrigues.

Essas alterações na pressão podem ser silenciosas, mas
também podem resultar em derrame ou infarto. “Entre esses dois extremos, tudo
pode acontecer”, ressalta Rodrigues, referindo-se a sintomas como uma dor de
cabeça que pode ou não incidir mais especificamente na nuca, até palidez
facial, turvação visual e os chamados escotomas [pontos brilhosos na vista].

“Diante de qualquer sintoma ou sinal suspeito, o torcedor
não deve, em hipótese alguma, esperar acabar o jogo para procurar atendimento
médico”, enfatiza o diretor da SBC ao incluir, também entre os sintomas, dores
no peito que podem irradiar para o braço ou dor na mandíbula.

No caso de pessoas que estejam sozinhas e sintam esses
sintomas, o mais indicado é que, de imediato, acione o Samu, pelo telefone 192,
ou o corpo de bombeiros, pelo 196.

Prevenir e remediar

De acordo com os cardiologistas, uma estratégia boa a ser
adotada para evitar que a emoção coloque em risco o coração é a de tentar
assistir ao jogo com tranquilidade; evitar o uso de álcool e tabaco; fazer uma
alimentação leve, pobre em gorduras; e buscar lugares arejados ou frescos. “O
excesso de estresse, sem dúvida, atrapalha. Devemos agir de forma racional,
evitando a paixão excessiva e discussões sem necessidade”, sugere Benhur.

“Claro que, diante de um jogo muito disputado, muitas
pessoas podem não conseguir se manter suficientemente tranquilas. Nesses casos,
o recomendável, pelo menos para quem já tem diagnosticado algum problema desse
tipo [cardíacos, de pressão ou que já tenha passado por infarto], é falar antes
com um médico para saber o que fazer, casos eles ocorram. Há medicações e
terapias que podem minimizar os riscos”, disse Rodrigues.

A prática rotineira de atividades esportivas e meditação
pode ajudar, mas em muitos casos elas podem não ser suficientes. Por isso, é
aconselhável que torcedores que já têm acompanhamento médico não deixem de
tomar seus remédios nos dias dos jogos.

“Em algumas pessoas, o grau de ansiedade não será controlado
apenas com tratamento não-medicamentoso, como Yoga, meditação, esportes e
demais atividades físicas. Essas pessoas precisarão de tratamentos
medicamentosos, mas é fundamental que essa medicação seja usada conforme
orientação médica”, orienta Rodrigues.

Com informações da Agência Brasil

 

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