UFG tem 10 casos de assédio sexual desde 2013
Em muitos casos as denúncias nem são levadas ao gabinete da reitoria por falta de provas materiais
Raunner Vinícius Soares*
Foram registrados 10 casos de assédio sexual na Universidade Federal de Goiás, de 2013 até hoje. Sendo que quatro deles são do corpo docente, ou seja, os professores, e os outros quatro o discente, os alunos, e dois deles são do corpo técnico administrativo da instituição. Na primeira situação, dois casos não foram aplicados a penalidade: prescrição do processo em um ação, em um caso o processo não retornou do julgamento ainda. Em um caso o professor foi demitido por conta de um processo de 2014. O resultado saiu essa semana.
Quando a investigação é sobre o corpo discente, não há registro de quando irá acontecer o julgamento.
O caso que culminou na demissão foi do professor de Agronomia, Américo José dos Santos Reis, denunciado por assédio sexual em 2013, e só condenado após sindicância interna, do dia 30 de maio, assinada pela vice-reitora da UFG, Sandramara Matias Chaves, e posteriormente publicada no Diário Oficial da União (DOU) no último dia 14.
No documento, Américo foi condenado por infringir incisos da Lei 8.112/90, que trata do regime jurídico dos servidores públicos da União. Dentre os pontos em destaque, o professor foi condenado por não manter conduta compatível com a moralidade administrativa, usar o cargo para tirar proveito pessoal ou de outra pessoa e ainda apresentar conduta escandalosa. O professor já foi afastado de suas funções na Faculdade de Agronomia, mas ainda pode recorrer. Nas redes sociais, a demissão foi comemorada por alunos da instituição, que alegam que a conduta imoral do docente era constante.
Segundo fonte de dentro da UFG que não quis se identificar, em muitos casos as denúncias nem são levadas ao gabinete da reitoria por falta de provas materiais. Existe ainda em uma situação de um professor do curso de veterinária, em Jataí, que esta em suas funções, mesmo sendo processado na Justiça comum por estupro e possuir inúmeras denúncias na ouvidoria da Universidade.
Repúdio
Yordanna Lara, professora da UFG, membro da TransAção/UFG, coletivo de homens e mulheres transexuais na condição transexual, travestis e pessoas transgêneras, familiares, apoiadores e pesquisadores, afirma que é uma vitória, mas venceu apenas uma batalha, “a guerra ainda será duríssima”. “Foram 6 anos de processo, 20 denúncias formais e inúmeras não oficiais. Isso já demonstra o quanto o processo é moroso e insuficiente, carece de releituras e reposicionamento. A universidade, logo a nossa sociedade como um todo, pois as instituições são só produtos e reflexos da nossa cultura”, explica a servidora.
A professora pontua que o machismo precisa ser colocado em cheque de vez. “Está mais que provado, pelos índices e pelos depoimentos de cada dia, inclusive deste episódio e o poder nocivo dele na humanidade. Tanto as mulheres, e as pessoas LGBTI+, quanto para os próprios homens. É responsabilidade da Universidade, tanto legitimadora de conhecimentos, quanto ser pioneira neste processo de redução da sociedade, e começar por si é o melhor caminho. Muitas violências de fato e simbólica acontece aqui dentro (UFG)”, pontua Yordanna. (Raunner Vinicius Soares é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)