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domingo, 1 de setembro de 2024
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DOENÇA

Cresce casos de diabetes em Goiás

Houve aumento também na taxa de mortalidade por conta da doença

Postado em 26 de junho de 2018 por Sheyla Sousa
Cresce casos de diabetes em Goiás
Houve aumento também na taxa de mortalidade por conta da doença

MARCIO SOUZA*


Dados do Ministério da Saúde revelam que a população com diabetes em Goiás chega a 320 mil pessoas. Os números mais preocupantes são referentes à taxa de mortalidade da doença. No ano de 2006, a mortalidade foi de 14,9 para cada 100 mil/habitantes, enquanto em 2015 subiu para 25,7 óbitos para cada 100 mil/habitantes, o que equivale a um aumento de 30,4%. Segundo dados da Secretaria do Estado da Saúde de Goiás (SES), a doença levou à morte 1.696 pessoas no Estado somente em 2015. Em 2016, foram internados 7.241 pacientes.

Para o gerontólogo, especialista em Nutrição Anti-inflamatória Leandro Zanutto, manter uma alimentação saudável é fundamental para quem vive com a doença. Ele afirma que, na prevenção e no tratamento, a dieta exerce um papel fundamental, sendo responsável pelo menos em 70% do controle do quadro. Também entra nessa conta outros hábitos saudáveis de vida como a prática de exercícios físicos moderados regulares, a perda de peso e o uso de algumas medicações a depender do caso.

O especialista lembra que o diabetes é uma doença silenciosa que leva a diversas complicações na saúde como causar derrame, cardiopatias, cegueira, infarto agudo do miocárdio, doenças renais e insuficiência circulatória nos pés que desencadeiam em amputação de membros inferiores. “Então, por mais que o paciente tome medicações e se exercite, se ele mantém um hábito alimentar errado a chance da doença progredir é muito alta”.

Zanutto explica que a alimentação saudável provavelmente deve ser a única maneira de evitar desenvolver a doença. E, para quem já vive com ela, manter uma alimentação equilibrada ajuda não só diminuir a dose das medicações, como até mesmo suspender o uso em alguns casos. “O alimento não substitui a medicação, mas faz com que elas trabalhem de forma mais eficiente, necessitando assim de doses menores para que se alcance o mesmo efeito terapêutico. E não é um alimento em si que tem esse poder, mas as respostas hormonais geradas pela combinação de alimentos que são capazes de restaurar o metabolismo hepático e muscular”, esclarece.


Dieta

Ele afirma que a melhor dieta para controle de diabetes é aquela que consegue restringir calorias do paciente sem fazer o mesmo sentir fome e sem restringir nutrientes essenciais para sua saúde. Mas alerta que modificações de medicações nunca devem ser feitas por conta própria; devem sempre ser orientadas por um médico em conversa com um nutricionista. 

Segundo ele, a dieta que mais se tem publicação científica com este intuito e tem mostrado não só controlar processos inflamatórios como também o diabetes chama-se zone diet (que usa um método exclusivo com foco na resolução da inflamação). “Ela propõe um equilíbrio entre carboidratos, proteínas e ácidos graxos numa proporção 40-30-30, utilizando carboidratos ricos em polifenóis e com baixa carga glicêmica, proteínas magras, gorduras monoinsaturadas e o balanço correto entre gorduras ômega 6 e ômega 3”, orienta.

Ele garante que os polifenóis, abundantes nessa dieta, potencializam o efeito da restrição calórica aumentando a atividade de uma enzima chamada de AMP-Kinase que melhora o metabolismo celular. “Em um estudo publicado no Diabetes Care (uma publicação americana sobre o assunto) em 1998, a zone diet reduziu a resistência à insulina, que é a causa primária do diabetes, em apenas quatro dias”, comenta.


Avanço da doença

Segundo estimativa do Ministério da Saúde, o número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8% nos últimos dez anos, passando de 5,5% da população em 2006 para 8,9% em 2016. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em abril de 2017, revelou que as mulheres passaram a representar mais diagnósticos da doença, o grupo passou de 6,3% para 9,9% no período, contra índices de 4,6% e 7,8% registrados entre os homens.

Zanutto afirma que o comum com a progressão da doença é o uso de mais e mais medicações para o controle do quadro. Porém, somente quando o limiar tóxico dessas medicações é alcançado e as drogas não são mais suficientes para controlar o quadro, é que costuma se pensar em fazer dieta. “Esta é a realidade de muitos pacientes que acreditavam que o uso das drogas seria suficiente para controlar o quadro. Mas é o inverso: quanto mais a doença progride, mais a alimentação deveria ser encarada como essencial, pois ela consegue atuar na causa do problema, que é a falta de resolução da inflamação, enquanto as medicações conseguem, na melhor das hipóteses, apenas atuar nas consequências dela”, lamenta.

Ele diz que a maioria dos pacientes e uma parte dos profissionais de saúde só buscam modificar a dieta quando as drogas não são mais eficazes em controlar o quadro. “Infelizmente, muitas vezes já é tarde para algumas consequências da doença – como amputações, degeneração macular e neurodegenerações. Mas nunca é tarde para começar a fazer o controle glicêmico pela dieta, melhorar o metabolismo dos tecidos e perder peso. Isso pode significar a diferença entre a morte e uma vida livre de mazelas”.

Nesta terça (26), Leandro Zanutto estará em Goiânia para uma palestra gratuita sobre diabetes, no Conselho Regional de Farmácia (CRF-GO), às 19h. É necessário fazer um cadastro prévio no site da zone diet (www.zonediet.com.br). 

*Integrante do programa de estágio 

do jornal O HOJE  

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