Acreditar em tudo que se lê pode ser um perigo
TSE assina memorando com Facebook e Google contra fake news. Pesquisa mostra baixo nível de desconfiança da população em tempos em que ‘notícias falsas” se espalham pela internet
Naddiny Ferreira
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assinou hoje (28) um
memorando de entendimento com o Facebook e o Google para evitar a proliferação
de notícias falsas (fake news) no período eleitoral.
As empresas se comprometeram a “combater a desinformação
gerada por terceiros”, observando para isso o cumprimento a normas
internacionais de direitos humanos e às boas práticas da indústria.
O documento de apenas duas páginas, no entanto, não detalha
nenhuma iniciativa nesse sentido, dizendo apenas que o combate se dará por meio
de “prevenção de práticas dolosas de desinformação, projetos de fomento à
educação digital e iniciativas que promovam o jornalismo de qualidade”.
Outro memorando foi assinado também com a Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), com o mesmo objetivo de
combater as fake news.
O presidente do TSE, ministro Luiz Fux, participou de
solenidade em que os documentos foram assinados nesta quinta-feira. No início
deste mês, ele firmou acordo semelhante com representantes de partidos
políticos, que se comprometeram a “manter um ambiente eleitoral imune de
disseminação de notícias falsas”.
Pesquisa
Uma pesquisa realizada pelo INCT (Instituto da Democracia e
da Democratização da Comunicação) no primeiro semestre deste ano revelou que
23,9% dos entrevistados afirmam desconfiar das notícias que acessam,
independente da fonte da informação. Mas se ouvirem no rádio, a desconfiança
cai para 18,8%. Se receberem de um amigo ou familiar, o descrédito permanece
baixo, de 23%. No caso do noticiário de TV, a credibilidade aumenta para 25,2%
e para jornais e revistas, 30,3%. No
caso das redes sociais, os níveis de desconfiança chega a 45,7%.
Eleições
Nas eleições não é diferente. O perigo é que aconteça no
Brasil em outubro, quando acontece a escolha para deputados estaduais e
federais, senadores, governadores e presidente, o mesmo que aconteceu nos
Estados Unidos, em 2016, momento que as fake news receberam maior
compartilhamento do que as notícias verídicas dos grandes veículos.
A pesquisa do INCT demonstra como a maioria dos eleitores
brasileiros não percebem que recebem essas notícias falsas. Das 2.500 pessoas
que foram ouvidas, menos de um quarto respondeu que desconfiava do recebimento
de fake news.
De acordo com os pesquisadores, Max Stabile e Marisa Von
Bulow, do Instituto de Ciência Política na UnB (Universidade de Brasília), as
entrevistas foram realizadas por coincidência, quando uma série de informações
falsas a respeito da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março
deste ano, no Rio de Janeiro, foram compartilhadas. Esse recente caso, mostrou
como a propagação de notícias falsas se tornou algo comum.
A professora Marisa, ainda acrescenta que a “primeira
coisa a se notar no resultado, é que esse fenômeno das notícias falsas é
importante no mundo todo, é algo que tem tido impacto na qualidade de debates
políticos de forma geral e, em especial, em momentos eleitorais”.
O jogo das fake news
em campo
Não é de hoje que as fakes news estão invadindo o espaço do
jornalismo esportivo. E essa má comunicação da imprensa traz grande dor de
cabeça.
Paulinho, jogador de futebol e contratado pelo Barcelona,
foi alvo de críticas devido à um vídeo que espalhou pela internet. As imagens
sugeriam falta de habilidade do brasileiro. O atleta aparecia fazendo embaixadinhas.
O vídeo foi republicado em vários sites que reforçou a ideia de que Paulinho
havia iniciado mal na sua apresentação. O que foi provado que se tratava apenas
de um trecho do vídeo e que em sequência, o jogador havia feito muito mais
embaixadinhas.
A internet pode contribuir na expansão destas notícias
falsas, onde o público receptor, por ler e absorver como verdade absoluta,
ajuda no compartilhamento dessas notícias. Portanto, a checagem é importante na
hora da apuração dos fatos e as fontes é um ponto básico de análise nesse
momento.
(Com informações da Agência Brasil)