Saiba quais são os efeitos da Copa do Mundo para a economia
Especialistas apontam que durante o evento ocorrem muitas paralisações em atividades importantes, o que acaba por gerar um impacto negativo na economia do país
A Copa do mundo é um dos eventos esportivos mais aguardados ao redor do mundo. Um episódio deste porte movimenta uma grande quantidade de dinheiro, mas não é possível um saldo positivo se a organização transnacional FIFA e as relações entre o setor público e privado não estiverem bem organizados. O impacto da Copa do Mundo na economia pode ser positivo ou negativo, no caso desta edição, o impacto no Brasil não vem sendo dos melhores.
De acordo com o Diretor de Câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo, o expediente bancário acaba sendo afetado quando ocorrem jogos da seleção brasileira em dias úteis, isto abala o volume transacionado e a liquidez. Em geral, é ruim também para o câmbio, já que existem muitos dias de poucos negócios e baixa liquidez. “Teremos um mês com poucos dias úteis, ou seja, teremos resultados baixos para o mercado financeiro”, diz Bergallo.
Foi avaliado que a Copa do Mundo de 2018 pode trazer mais ruídos negativos aos dados domésticos de atividades nos meses de junho e julho deste ano. “Se analisarmos os indicadores de comércio varejistas e produção industrial durante os últimos quatro mundiais de futebol, é possível observarmos que o varejo exibe queda mensal de 0,5% e a indústria mostra recuo de 0,3% nos meses em que o evento ocorre, já descontados os efeitos sazonais. Estes desempenhos negativos são explicados pelas dispensas concedidas pelas empresas aos seus funcionários, bem como pelo encurtamento de seus horários de funcionamento”, explica o Economista-Chefe da DMI Group, Daniel Xavier.
Vale destacar o desempenho setorial das vendas varejistas no Brasil durante os meses de Copa: o comércio de móveis e eletrodomésticos foi o que exibiu maior retração (-2,9% ao mês), seguido pelo setor de combustíveis e lubrificantes (-1,0%). Por outro lado, as vendas em supermercados mostraram estabilidade (0,0%) e o comércio de tecidos e roupas teve discreta alta mensal (+0,2%).
Estes ruídos negativos do Mundial de Futebol sobre a atividade se somarão aos efeitos da paralisação do transporte de carga e dificultarão ainda mais a leitura clara da tendência da atividade doméstica neste meio de ano. Para o Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, a atividade econômica já vinha se desacelerando em função da greve dos caminhoneiros, eleições e cenário externo.
A ocorrência da copa em dias e horários em que a indústria e os serviços estão em plena atividade, acaba por atrapalhar ainda mais a recuperação. “As paradas durante o dia não serão repostas em outros horários e devemos assistir a efeitos contundentes na indústria e, em menor escala, no varejo”, finaliza Pedro.