UE e Mercosul tentam concluir acordo negociado há quase 2 décadas
Após semanas nas quais ambos os blocos advertiram sobre falta de compromisso e flexibilidade para fechar um tratado que já é negociado há quase duas décadas.
A União Europeia e o Mercosul começaram hoje (9) em Bruxelas uma nova rodada de negociações para chegar a um acordo comercial, após semanas nas quais ambos os blocos advertiram sobre falta de compromisso e flexibilidade para fechar um tratado que já é negociado há quase duas décadas.
A rodada de conversações na capital belga, que deve se prolongar até sexta-feira (13), reúne os chefes negociadores e equipes de especialistas dos dois blocos para buscar um consenso nos assuntos nos quais ainda não alcançaram um acordo.
Os capítulos mais espinhosos continuam sendo o setor automotivo, as peças de automação, as indicações geográficas, o transporte marítimo e os produtos lácteos, todos eles assuntos que devem ser resolvidos antes de dar o “salto” ao nível político nas negociações.
A mudança das conversas para um tom mais político ao invés de técnico, com comissários europeus e chanceleres ao invés de negociadores, não garante um resultado positivo, mas trata-se de um passo necessário antes de chegar a um acordo político no pacto.
Os últimos contatos entre o bloco europeu e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) tinham sido uma discussão em nível técnico em meados de maio e uma rodada de negociação de 4 a 8 de junho em Montevidéu.
No entanto, os últimos encontros foram marcados pelas declarações prévias de porta-vozes comunitários e chanceleres do Mercosul, que advertiram mutuamente sobre a falta de compromisso e de flexibilidade em suas ofertas, o que limita as possibilidades de um consenso.
A Comissão Europeia tinha avisado, em meados de junho, por intermédio do porta-voz de Comércio, Daniel Rosario, que o Mercosul ainda tem “trabalho por fazer” em vários capítulos até a conclusão do tratado, e quase duas semanas antes, pediu que faça um “esforço considerável” em relação à rodada de Montevidéu.
Fontes comunitárias reiteraram que ainda é prematuro prever que os representantes políticos de ambas as partes se reunam para progredir ao nível político e advertiram que “qualquer passagem das negociações ao nível político dependerá dos progressos alcançados” na rodada que começa hoje.
O chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, tinha anunciado que se reuniria, junto a seus três colegas do Mercosul, com a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, e o comissário de Agricultura, Phil Hogan, em 18 de julho em Bruxelas, mas fontes comunitárias disseram hoje à EFE que o encontro ainda não está confirmado.
Os chanceleres estarão na capital comunitária para participar, nos dias 16 e 17 deste mês, de um encontro entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a UE.
Também o bloco latino-americano, por intermédio do próprio Loizaga, entre outros, chamou repetidamente a UE a “mostrar uma flexibilidade”.
“Não pode ser que, depois de 20 anos, não possamos chegar a um acordo, mas não queiram colocar toda culpa no Mercosu. A União Europeia também tem sua responsabilidade”, disse o chanceler.
A fase final da conversação com o Mercosul, que negocia um acordo de associação desde o ano 2000, mas que avançou em ritmo mais intenso a partir de 2016, chega em um contexto de tensões comerciais dos Estados Unidos com seus demais parceiros pelas tarifas impostas ao aço e ao alumínio.
(Agência Brasil)