Paço de Canedo vira ‘elefante branco’
Construção fica próxima à entrada da cidade, entre a atual sede administrativa e a Secretaria de Saúde
Gabriel Araújo*
A construção da nova sede administrativa de Senador Canedo não avança e acumula prejuízos. Construção está com estruturas completas e aguarda detalhes burocráticos serem finalizados para retomada das obras. A obra foi paralisada em 2007 por ser construída num terreno que é do Estado. Após mais de sete anos de negociações, em 2014, a Escritura Pública correspondente aos seus 52 hectares, que compõem toda a área do Morro de Santo Antônio passou para a prefeitura.
De acordo com a prefeitura, o antigo contrato foi finalizado e estudos de viabilidade estão sendo efetuados, todo o orçamento provem de recursos municipais. “Nesta atual administração foi realizado o distrato do contrato que estava vigente, e está sendo feito um novo termo de referência para licitar o restante da obra”, afirma.
Uma equipe do O Hoje visitou a construção que está abandonada e sem segurança. O local passou a ser casa de pássaros e tem paredes pinchadas. As mangueiras de incêndio foram roubadas.
Obras
Apenas há duas semanas uma equipe do jornal O Hoje visitou a construção da Represa de Regulação de Vazão Flor do Ipê, em Senador Canedo, que sofreu uma falha em uma das estruturas de concreto e se rompeu permitindo a vazão de água. A construção é responsável pela regulação da vazão e do controle do volume de água bruta do manancial do Jardim das Oliveiras.
Em nota, a prefeitura de Senador Canedo respondeu na época que as obras não levaram prejuízo à população. “A Prefeitura Municipal de Senador Canedo informa que ao fazer acompanhamento técnico na barragem de regulação do Residencial Flor do Ipê, foi realizado esvaziamento controlado, e logo houve trincas nos vertedouros da represa, rompimento da parte da estrutura de concreto”, completou.
Conforme informado, a construção está sendo realizada de acordo com todas as legislações ambientais, seguindo um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), onde as escavações são feitas com retirada programada, e serão plantadas mais de 7 mil mudas, em parceria com a Agência Municipal de Meio Ambiente. “A autarquia, responsável pelo saneamento de Senador Canedo, ressalta que o trabalho será feito, e não haverá prejuízo para o município, que terá o reservamento de água necessário, importante principalmente para o abastecimento da região do Jardim das Oliveiras, que atinge mais de 40 mil consumidores”, concluiu.
Após as mudanças nas legislações ambientais no início desta década, para dar início a qualquer tipo de construção é necessário a autorização de órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente. A construção de uma represa de regulação de vazão, como no caso do residencial Flor do Ipê, ainda interfere em questões como a preservação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de cursos d’água.
Segundo o órgão, tanto cursos naturais quantos artificiais são protegidos pela atual legislação. “As APP são áreas protegidas pelo só efeito da Lei, ou seja, sem a necessidade de qualquer ato do poder executivo para serem instituídas e situam-se, de modo geral, ao longo de qualquer curso d’água, ao redor das lagoas, lagos, reservatórios naturais ou artificiais, nascentes e olhos d’água”, completou.
A prefeitura afirmou que o reservatório terá 11.600 m² de área de inundação, um volume de mais de 36 mil m³ de armazenamento, a água tem origem no manancial Jardim das Oliveiras e terá a nascente preservada com o plantio de mais de 7 mil mudas. A obra foi iniciada no último mês de novembro tendo o objetivo de criar opções de fornecimento de água durante os períodos de seca.
Além da represa, a reportagem do jornal O Hoje visitou uma ponte utilizada por pedestres e ciclistas na divisa de Senador Canedo com Goiânia. A estrutura está caída há mais de sete meses e coloca a população em risco. Crianças de uma escola estadual próxima precisam atravessar para frequentar as aulas e pais cobram a substituição da estrutura, localizada sobre uma nascente. De acordo com moradores da região, a ponte é antiga e foi derrubada durante um temporal.
Na época, o trabalhador autônomo Lindomar Tavares, de 44 anos, afirmou que uma criança sofreu uma fratura no pé após cair da estrutura quando ia para a escola. “A gente ta sofrendo muito com isso, é uma falta de respeito com os moradores. Muita gente usa a ponte para ir trabalhar e, de manhã, as mães passam por aqui para levar as crianças para a escola. Não tem segurança nenhuma, se uma criança cair pode até acontecer uma fatalidade”, contou.
A reportagem constatou que a ponte é utilizada devido à proximidade de duas escolas e de pontos de ônibus, país precisam levar e buscar as crianças devido ao medo de quedas. A estrutura está quebrada em duas partes e só se mantém devido às vigas de metal, volume de água do córrego chega a altura da ponte e durante chuvas a população precisar caminhar por quase dois quilômetros para atravessar o córrego.
Outra construção parada é a de uma praça na Vila Galvão, em Senador Canedo, que não avança há mais de um ano e causa preocupação na população local. Moradores relataram assaltos mais frequentes e que, durante as noites, a população prefere ficar em casa devido à falta de iluminação do local.
O fiscal Marcelo Batista, de 30 anos, lembrou que com o fim da construção, o local se tornaria ideal para lazer e diversão das crianças. “Eu tenho sete filhos e com isso aqui construindo dava para trazer as crianças para brincar no final de semana. Aqui ficaria muito bonito e bem agradável, mas eles largam tudo assim”, contou enquanto caminhava com o filho.
A praça já foi visitada inicialmente pelo jornal no último março. A estrutura ainda não teve mudanças e continua com a presença dos mesmos problemas relatados na reportagem. O lixo ainda faz parte do dia-a-dia da população que vive no entorno, estando acumulado no leito do futuro lago e aos lados das construções.
De acordo com a prefeitura de Senador Canedo sete obras estão em execução no momento. Com 80% ou mais dos trabalhos completos estão a reforma do Casarão da Biblioteca Margarida Procópio, a revitalização de calçadas e canteiros da Avenida Dom Emanoel e praças, a pavimentação de ruas no residencial Boa Esperança, a construção da praça Valéria Perillo e da ciclovia Monte Cristo. A construção do Centro de Iniciação ao Esporte (CIE) está 50% concluído e o Pronto Socorro Parque Alvorada, com 60%. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)