Presos no Rio dois suspeitos de envolvimento no caso Marielle
Foram detidos Alan de Moraes Nogueira, um policial militar reformado, e Luís Cláudio Ferreira Barbosa, ex-bombeiro militar
A Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro prendeu na
manhã desta terça-feira (24) Alan de Moraes Nogueira, um policial militar
reformado, e Luís Cláudio Ferreira Barbosa, ex-bombeiro militar. Segundo a
polícia, os dois são integrantes do bando de Orlando Oliveira Araújo, conhecido
como Orlando de Curicica, miliciano que está preso na penitenciária federal de
Mossoró. Os dois são suspeitos de envolvimento no assassinato de um policial e
de um ex-policial em fevereiro do ano passado em Guapimirim, na Baixada
Fluminense.
De acordo com o delegado da DH Willians Batista, responsável
pela investigação do caso de Guapimirim, uma testemunha da morte de Marielle
Franco disse que Nogueira também está ligado à execução da vereadora e de seu
motorista, Anderson Gomes, em março deste ano, no centro do Rio.
“[A investigação do] caso Marielle está sob sigilo, não está
sob minha responsabilidade. Está com o titular, Giniton Lages. Mas essa
testemunha, que deu início à investigação que culminou com as prisões de hoje,
colocou os três presos, incluindo o Orlando, no caso Marielle. O teor dessa
participação ainda está sob investigação. Eles serão ouvidos em outros casos
investigados e também no caso Marielle”, afirmou Batista.
Segundo o jornal O Globo, Nogueira estaria no carro que fez a
emboscada na região central do Rio de Janeiro e disparou contra o carro onde
estava a vereadora. Porém, o delegado não confirmou a informação do jornal.
Batista disse que, como não teve acesso ao depoimento dessa testemunha, pode
dizer apenas que ela apontou a participação de Nogueira. “Eu não tive
acesso ao que ele [testemunha] falou sobre a posição de cada um na morte de
Marielle e do Anderson. Seria prematuro da minha parte dizer que eles estavam
dentro do carro. Mas foi apontado que de alguma maneira eles participaram do
caso.”
Prisão temporária
Batista explicou que Nogueira e Barbosa foram presos
temporariamente, com mandado expedido pela Vara Criminal de Guapimirim. Orlando
Araújo também teve um mandado expedido. Segundo o delegado, o policial José
Ricardo e o ex-policial Rodrigo Severo, mortos em fevereiro passado, também
faziam parte da milícia de Orlando e tramavam um golpe para tomar o comando do
grupo. Eles teriam sido chamados ao sítio de Orlando, em Guapimirim, onde foram
executados.
“O caso estava um pouco parado, sem uma linha de investigação
muito eficaz a ser seguida, até que conseguimos essa testemunha que falou de
diversos crimes daquela organização criminosa, inclusive este que ficou sob
minha responsabilidade. Essa testemunha descreveu toda a dinâmica”, acrescentou
Batista..
As diligências comprovaram o relato da testemunha. O carro de
Nogueira, apreendido hoje, foi identificado em imagens do pedágio escoltando o
carro de uma das vítimas. Os corpos foram encontrados carbonizados nesse
veículo.
O advogado de Nogueira, Leonardo Lopes, negou o envolvimento
do policial reformado com milícias e com a execução de Marielle Franco e
Anderson Gomes.
“Não conseguimos acesso ao inquérito e estamos tendo o
direito de defesa cerceado. Estamos tentando entrar na delegacia ainda. Ele
estava em casa, às 6h da manhã, o carro dele também foi trazido para cá. Ele
não sabe o que está acontecendo, nega totalmente o fato. Ele mora em Olaria,
estava dentro de casa com a esposa, é um cara tranquilo, uma pessoa do bem. Não
teve nenhum tipo de contato com o Orlando de Curicica”, disse o advogado.
Lopes afirmou que agora, com acesso ao inquérito, poderá
fazer um pedido de habeas corpus direto ao juiz.
(Agência Brasil)