Maduro ‘reconhece’ crise econômica
O próprio Maduro pediu aos seus ministros que troquem as desculpas por resultados
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reconheceu a “responsabilidade” na crise econômica que aflige o país e estimou precisar de dois anos para “conseguir” uma recuperação com “alto nível de estabilidade”.
“Os modelos produtivos que testamos até agora fracassaram, e a responsabilidade é nossa, é minha. Precisamos levar a diante o poder econômico que temos”, disse Maduro, em uma sessão de trabalho do IV congresso do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Apesar de sua enorme riqueza em recursos, a Venezuela atravessa uma severa crise econômica, resultando em uma escassez de alimentos básicos e remédios, má prestação dos serviços públicos e uma altíssima inflação que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima fechará em 1.000.000% neste ano.
Com frequência, o governo venezuelano atribui o fraco desempenho da sua economia a uma “guerra” liderada pelos Estados Unidos junto a fatores de oposição interna e da região, mas foi o próprio Maduro pediu aos seus ministros que troquem as desculpas por resultados.
Para enfrentar a crise, o presidente venezuelano anunciou na semana passada uma série de medidas que incluem retirar cinco zeros das notas de bolívar, rever as mudanças na lei, efetuar o censo da frota para promover o “uso racional” da gasolina e aumentar os impostos para importação de bens de capital.
Maduro disse que deste programa de recuperação, que estima mostrar “os primeiros sinais da nova prosperidade” em dois anos, existem “muitas coisas” que deve “ir administrando”, mas pediu o apoio do partido para divulgar informações sobre as comunidades.
Analistas consultados pela Agência EFE disseram na semana passada que o plano de recuperação de Maduro é “insuficiente”, entre outras coisas, por não contar com ajuda financeira internacional.
No entanto, o presidente insistiu hoje que a “Venezuela tem tudo para ser uma potência média no contexto latino-americano” e ratificou que seu governo tem como meta elevar a produção de petróleo, motor da economia da nação, para seis milhões de barris por dia.
Segundo o último relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), elaborado a partir de fontes secundárias, a Venezuela bombeia apenas 1,39 milhão de barris diários.
Mas o país disse em meados do mês que sua produção média durante o primeiro semestre de 2018 foi de 1.570.000 barris por dia e que conseguiu “parar o declínio” no bombeamento.
Reeleição
O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) reelegeu por aclamação Maduro, como líder da legenda.
“Maduro foi designado e ratificado como presidente do PSUV depois de uma decisão de caráter extraordinário das bases do partido”, disse o primeiro vice-presidente da legenda, DiosdadoCabello.
Segundo Cabello, Maduro pode nomear uma nova direção nacional do partido e determinar mudanças de organização da legenda para garantir o fortalecimento do chavismo e da revolução na Venezuela.
O evento foi interrompido por uma queda de energia. A votação, que era transmitida pela emissora estatal “VTV”, foi interrompida por alguns minutos e retomada quando o problema foi resolvido.
“Temos confiança absoluta no companheiro Maduro”, disse Cabello.
O presidente venezuelano chegou no fim do evento e afirmou que a interrupção no fornecimento de energia foi uma sabotagem. Além disso, agradeceu aos correligionários pela votação.
“Agradeço-lhes pela lealdade. Contem com meu compromisso absoluto e máximo todos os dias”, afirmou Maduro. (Agência Brasil)