Construção do BRT a todo vapor e já mostra sinais de avanços
Obra orçada em quase R$ 242 milhões deve ser concluída somente em 2020
Gabriel Araújo*
A obra de construção do Bus Rapid Transit (BRT), obra que deve ligar Goiânia à Aparecida de Goiânia atendendo 148 bairros com 93 ônibus, reiniciou no último mês de julho e já mostra sinais de avanço. O BRT, quando estiver completo, deve contar com 28 veículos articulados e 65 convencionais divididos em quatro linhas para atender cerca de 120 mil pessoas por dia.
A equipe de O Hoje percorreu as obras no sentido norte, partindo da Praça do Trabalhador, e encontrou homens trabalhando na construção da via e das plataformas de embarque que serão utilizadas pela população.
Segundo o Consórcio BRT, as obras estão sendo executadas no trecho entre o Recanto do Bosque e a Praça do Trabalhador. Esta etapa, conforme o órgão, será finalizada no fim deste ano. “Sobre os recursos, a Secretaria de Infraestrutura de Goiânia reforça que todos estão garantidos para a conclusão do trecho”, completou.
No último mês de março o atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), assinou o termo de serviço com as alterações previstas pelo Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público Federal (MPF), e a nova data de entrega das obras ficou para outubro de 2020.
De acordo com o prefeito, na época, a primeira parte do trecho, entre o setor Balneário Meia Ponte até a Rodoviária, está prevista para ser entregue até o aniversário da capital – 24 de Outubro. De acordo com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o Município de Goiânia e o Consórcio BRT-Goiânia devem adotar um plano de obras que contemple a completa conclusão do Subtrecho Norte do trecho II, entre a Avenida Independência e o Terminal Recanto do Bosque, antes de dar início às obras do Subtrecho Sul, entre a Avenida Independência e o Terminal Isidória e as obras do Trecho 01, que deve ser licitado novamente.
Segundo afirmou a superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Marise Fernandes, os repasses para as obras já estão sendo feitos. “Os recursos já estão assegurados. O maior trecho, de 17 km, já está licitado e com os repasses previstos. Todos os cronogramas foram revistos com previsão de 24 meses”, disse.
História
O Bus Rapid Transit (BRT) foi anunciado em 2015, em uma parceria entre Governo Federal e Municipal, para uma obra orçada em cerca de R$ 242 milhões. Quando completo, o corredor terá 21,8 km de extensão e deve atender pelo menos 148 bairros da capital e de Aparecida de Goiânia. A expectativa é de que mais de 120 mil pessoas usem o transporte diariamente, sendo até 15 mil somente no horário de pico.
De acordo com a prefeitura, um dos diferenciais do projeto para o sistema é o aumento médio na velocidade dos coletivos, que deve passar de 14 km/h para 28 km/h. O sistema foi criado para ligar as regiões noroeste, a partir do Terminal Recanto do Bosque, e sudoeste, chegando ao terminal de Integração Cruzeiro do Sul, na divisa com Aparecida de Goiânia.
Entre as principais avenidas que fazem parte do trajeto estão a Avenida Rio Verde, Avenida 4ª Radial, Avenida Goiás, Avenida Lúcio Rebelo, Rua Oriente e, para que a velocidade média dos veículos possa aumentar, serão retirados alguns semáforos e pontos de cruzamentos.
Cidade recebe grandes investimentos em obras estruturais
O Córrego Botafogo, dentro do perímetro que compõe a Marginal de mesmo nome, está recebendo uma camada de concreto para eliminar pontos de assoreamento nos períodos de chuva. De acordo com a Prefeitura Municipal, placas e blocos de concretos foram instalados no local para sinalizar o trecho parcialmente interditado, que vai no dois sentidos da Avenida Independência à Araguaia.
Segundo o órgão, a previsão de entrega da obra é dezembro deste ano e, até a liberação da via, os condutores devem trafegar com cuidado redobrado às sinalizações e intervenções realizadas pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e Secretaria de Trânsito (SMT) do município.
Além disso, a Prefeitura de Goiânia proibiu, em janeiro deste ano, o tráfego de veículos pesados na pista esquerda da Marginal Botafogo. A ação ocorreu após a última liberação da via, que estava parcialmente interditada desde o dia 14 de dezembro, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), a via não estava totalmente segura para tráfego durante períodos chuvosos.
Na época, a Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (SMT) afirmou que os motoristas que não respeitassem a mudança seriam punidos com multa e infração grave.
Obras incompletas
Diversos projetos foram realizados para que o trânsito da capital pudesse se tornar mais controlável. Entre eles estão a Marginal Cascavel, que completa 27 anos em 2018 ainda sem sinal de término. A obra foi concebida em 1991, com a proposta da prefeitura de interligar a Avenida Rio Verde, em Aparecida de Goiânia, à Avenida Leste-Oeste, na Capital. Foi criada a expectativa de conclusão das obras ao longo dos anos de 1990, mas somente os trabalhos entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida T-2 foram concluídos.
A obra completa teria a construção de duas pistas com 2,2 km de extensão, além da canalização do leito do Córrego Cascavel. Na última gestão, o objetivo era fazer uma ligação entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida Leste Oeste na Vila Santa Helena, a um custo estimado de R$ 40 milhões provenientes do Programa Aceleração do crescimento (PAC), do Governo Federal, mas a obra foi paralisada após a divulgação da Operação Monte Carlo, que denunciou o envolvimento de políticos goianos em esquemas que visavam contratos com o Governo do Estado.
Além disso, ainda existe a construção da Avenida Leste-Oeste, que teve o primeiro projeto de construção de uma avenida com sentido leste oeste na Capital data dos anos de 1970, quando foi criado a planta que seria chamada de Via Expressa Norte. A Avenida seria construída sobre o leito da antiga Ferrovia Goiás e já tinha um orçamento e planejamento completo.
Quase 15 anos depois, em 1997, o projeto de construção da atual Avenida Leste Oeste foi iniciado. Partindo do prédio da Câmara Municipal de Vereadores e seguindo até a Avenida Bernardo Sayão, no Setor Fama. Até o momento o projeto não foi completado e somente o sentido oeste da via foi construído, com o tempo, construções tomaram o entorno da antiga ferrovia e se tornaram obstáculos para a conclusão da obra.
Desde o início do último semestre, a gestão municipal tenta alterar o projeto para conseguir a liberação da verba federal. A mudança estipulada faria uma parte da obra a ser construída em via subterrânea e prevê, ainda, a desapropriação dos lotes invadidos no entorno da antiga ferrovia. (Gabriel Araújo* é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rafael Melo).