26° edição do festival Goiânia Noise começa nesta sexta-feira
Duas atrações internacionais integram a programação que vai até vai até o domingo (12), no Centro Cultural Martim Cererê
Sabrina Moura*
Reconhecido como a ‘festa do rock independente brasileiro’, o Goiânia Noise Festival dá início a mais um evento – desta vez a 24ª edição –, que começa nesta sexta-feira (10) e vai até o domingo (12), no Centro Cultural Martim Cererê. Mantendo-se firme e fiel aos seus propósitos e conceitos, o festival apresenta uma programação com 47 artistas de sete estados e o Distrito Federal. Além dos artistas nacionais, nesta edição duas bandas internacionais, a Translucido da Argentina e a banda inglesa Toy Dolls, integram o festival.
Segundo Leonardo Razuk, um dos organizadores do evento, o ‘Noise’ surgiu em 1995, inspirado em um festival feito em Campinas (SP). “Na época, a Monstro Discos percebeu a necessidade de se fazer um festival em Goiânia, com as bandas independentes,para mostrar o valor do rock em Goiás”, conta ele. “Poucas bandas se apresentaram, na primeira edição, até porque a cidade não tinha nenhuma tradição deste evento. Hoje, 24 anos depois, ele se tornou um dos eventos mais tradicionais e antigos do Estado. Tirando os eventos que são de calendário da cidade, sendo o ‘Noise’ feito por uma empresa (Monstro Discos) sem questão de governo e prefeitura, acredito que seja um dos mais importantes do Estado”, completa.
Noise significa “barulho” em inglês. O rock, segundo Leonardo, “é barulho, e é para transgredir e incomodar mesmo”, comenta ele, que completa: “O conceito do festival sempre foi esse, promover e fomentar essa produção em Goiânia. De uma forma subversiva, a gente nunca se deixou pautar por modismos ondas ou concessões. Fizemos sempre o que estávamos a fim de fazer. A programação do ‘Noise’ tem uma preocupação em agradar o público, mas também procura apresentar coisas novas e diferentes, que não estão sendo apresentadas nem mesmo na mídia alternativa, fugir do comum”.
As bandas goianas ganham evidência não só pela quantidade – 31 no total–, mas também pelo fato de algumas serem até headliners no line-up. “Para as bandas goianas, o festival é um dos principais palcos – além de ser um grande evento de valorização dos artistas locais. O festival também é um influenciador para início das bandas; muitas delas surgiram através do evento”, comenta Leonardo. “Para os artistas de fora, o festival é um palco tradicional que ajuda a mostrar os trabalhos, já que as bantas não têm uma facilidade de circulação; raramente elas aparecem. É nos palcos e nos shows que eles aparecem, o ‘Noise’ é um grande palco que, de certa forma, ajuda a pautar outros festivais. Tocar nele, sem modéstia opinião, é uma conquista para as bandas”, completa.
Dentre os destaques da programação, também está a banda pernambucana Mundo Livre S/A, um dos nomes do rock brasileiro, que volta ao Goiânia Noise Festival para lançar um disco inédito após sete anos sem gravar. Mais um nome conhecido no line-up é do cantor Supla. Com 30 anos de carreira, ele é uma figura de destaque na cena punk e pós-punk dos anos 80, à frente da banda Tokyo ou em carreira solo. No ‘Noise’, ele se apresenta ao lado da banda punk mineira Don Dillinger, num show em que interpretam sucessos de sua carreira e também clássicos do punk mundial. “Também oferecemos para o público coisas novas, diferentes bandas autorais que navegam e caminham pelas mais diferentes linguagens que o rock criou. Temos bandas intimistas e ousadas. Não temos noites segmentadas; o público vê vários estilos de rock misturados”, explica Leonardo.
“A curadoria é totalmente nossa, não chamamos ninguém para ajudar. Ela é baseada nas nossas impressões, avaliações e na forma de enxergar. Buscamos essa diversidade o tempo inteiro. Quando vemos que escolhemos muito um estilo, buscamos outros. A gente pede dicas também; quando entendemos que a banda encaixa no festival, é feito o convite”, completa Razuk em relação às escolhas das atrações a cada ano.
Segundo ele, neste ano houve dificuldades e, apesar da importância do festival, muitas bandas ficaram de fora por falta de recurso. “Tem banda, por exemplo, que vem, porque acredita no festival. São amigos que comparecem para contribuir”, relata Leonardo. “Somos gratos aos artistas que se dispõem a vir. Acreditamos muito nessa união e nesse espírito. Sobre o público, as famílias vão crescendo e são estimuladas, de pai para filho, a frequentar o festival”, finaliza.
Sabrina Moura é integrante do programa de estágio do jornal O Hoje sob orientação da editora Flávia Popov