Teatro infantil: Destaque para festival que tem início hoje (4)
Festival ressalta importância da manifestação artística na formação e no desenvolvimento das crianças
GABRIELLA STARNECK
O I Festival de Teatro Infantil O Casaco Encantado (Fetico), que objetiva debater o fazer teatral voltado para criançada, começa nesta quinta-feira (4) e se estende até o dia 12 de outubro em diversos espaços culturais de Goiânia. O projeto, idealizado pelos grupos Trupe dos Cirandeiros, Grupo Experimental de Teatro (GET) e Cia. de Teatro Sala 3, conta com uma vasta programação que inclui espetáculos, oficinas, palestras e mesas-redondas com renomados pesquisadores da área teatral.
O festival tem o intuito de promover um encontro entre profissionais do teatro, amadores, comunidade e estudantes da rede de ensino de Goiânia: “Embora o mercado do teatro infantil aqui na Capital seja muito grande, ele ainda tem um olhar muito voltado para o mercadológico. E eu sempre quis mostrar a amplitude da construção de espetáculos infantis para que as pessoas pudessem ter acesso a discussões sobre esse universo. Daí que nasceu a vontade de criar o festival”, afirma o idealizador do festival, Altair de Sousa, ao Essência.
Festival
Altair conta que o desejo de criar o I Festival de Teatro Infantil O Casaco Encantado é antigo, mas somente neste ano ele conseguiu firmar parcerias que colaboraram para tirar o projeto do papel. O idealizador explica que Goiânia tem uma demanda significativa de espetáculos infantis, porém não havia um evento que possibilitasse uma maior visibilidade e integração desses trabalhos. O Festival de Teatro Infantil nasce justamente com o intuito de preencher essa lacuna para debater o fazer teatral voltado para criançada.
O nome do festival é inspirado na obra O Casaco Encantado, escrita por Lúcia Benedetti, em 1948. “Escolhemos o nome do festival também como uma forma de homenagear o texto O Casaco Encantado, que foi a primeira dramaturgia infantil criada no Brasil, e completa 70 anos em 2018. Então a gente faz essa homenagem para relembrar a história do fazer teatral voltado para a criançada, e também para enfatizar o primeiro passo, dado por meio dessa obra, na construção do teatro infantil aqui no nosso País”, afirma Altair.
O I Festival de Teatro Infantil ainda visa a ressaltar a importância que o teatro tem na formação e no desenvolvimento da criança – seja no aspecto pedagógico ou no aspecto artístico. O teatro, assistido ou encenado, auxilia a criança no seu crescimento cultural e na sua formação como indivíduo. Por esse motivo é fundamental instigar o debate sobre o fazer teatral voltado para o público infantil, e essa é a principal proposta do evento: promover um intercâmbio artístico de relevância educativa e sociocultural, direcionado a produções voltadas ao público infantil-juvenil.
O Fetico pretende contemplar um público diverso, que abrange desde atores e artistas a estudantes (escolas públicas e privadas), universitários (dos cursos de Artes Cênicas, Direção de Arte, Pedagogia e Letras), arte/educadores e amantes da arte teatral em geral. As apresentações, bem como as oficinas e mesas-redondas, serão realizadas em espaços distintos – de acordo com o público-alvo.
Programação
Doze espetáculos infantis regionais e nacionais, dez oficinas de teatro e o I Seminário de Teatro Infantil: Linguagem e Pedagogia, que conta com palestra, oficinas e mesas-redondas, integram a programação do I Festival de Teatro Infantil. Para o idealizador do evento, a proposta do Fetico vai mais além do que simplesmente apresentar espetáculos: o festival também se propõe a trabalhar a formação voltada para o teatro infantil por meio de um amplo debate. “A intenção é que consigamos formar um novo olhar sobre o fazer teatral para criançada”, afirma Altair.
Nomes como Karine Ramaldes, Ingrid Koudela e Bruno Barcelar estarão presentes no I Seminário de Teatro Infantil: Linguagem e Pedagogia. Sobre a escolha dos convidados, o idealizador do evento afirma que procurou profissionais que tivessem experiência na dramaturgia infantil. Já em relação a seleção dos espetáculos, Altair diz que, em princípio, priorizou peças regionais para valorizar o fazer artístico goiano, e, posteriormente, procurou parcerias para trazes espetáculos de fora, como Olha Só Quem Vem Chegando, da Trupe Trupé (SP), e Ali Baba e os 40 Ladrões, da Trupe de Truões (MG).
Por meio da participação de artistas convidados, de âmbito nacional, a população terá a oportunidade de vivenciar outras culturas, entrando em contato direto com artistas de diversas regiões, embora todos com comprovada importância para o desenvolvimento das pesquisas cênicas no Brasil. Para isso, o Fetico propicia o intercâmbio de experiências entre artistas locais e nacionais, estimulando a inovação, a criatividade e o compartilhamento de ideias.
Espetáculos
Quem abre a programação do I Festival de Teatro Infantil é o espetáculo Cora Coralinha, da Cia. de Teatro Sala 3, de Goiás. De forma lúdica e bem- humorada, o texto retrata o encontro de uma trupe de teatro já cansada e desiludida com a vida artística e Aninha a jovem menina que representa Cora Coralina. Aninha vem ao encontro da trupe para reacender a chama e a magia da arte nos corações tristes dos artistas de rua. É por meio de suas palavras que Aninha faz reviver a esperança na trupe sem nome.
O encontro é magico, ela vem não se sabe de onde, aparece não se sabe como, dizendo-se perdida, toca os artistas com suas histórias, e eles resolvem ajudá-la a chegar até a casa da ponte. É no desenrolar desta aventura de volta para a casa que toda a sabedoria de Aninha (Cora Coralina) é mostrada por meio de trechos de poesias e contos da autora. “A gente quis abrir o festival com o espetáculo Cora Coralinha como uma forma de valorização do universo regional – e também da dramaturgia infantil goiana e brasileira. A gente sempre fala muito dos clássicos da Disney, mas importante darmos destaque ao que é nosso”, afirma Altair.
Outro espetáculo de destaque é Nem um Nem o Outro, da Zabriskie Teatro (GO). De dentro de uma caixa misteriosa, os palhaços Juca Mole e Ana Banana tiram várias propostas lúdicas de jogo teatral entre si e com a plateia. Brincam de ‘pic-gêlo’, ‘jokenpô’, se transformam em rei e rainha, mágico e assistente, em gatos. Só que um dos gatos é muito diferente! E aí, como é que fica a brincadeira? Sob um olhar crítico e divertido, Nem Um Nem Outro apresenta ao público a necessidade de aceitação do diferente para que possamos viver em um mundo com mais tolerância respeito e harmonia.
Outras peças que compõem a programação são: IGI A Árvore da Vida e Era uma vez… Lendas Indígenas, do GET – Grupo Experimental de Teatro; Maria Bonita e a Flor do Mandacaru, do Teatro do Maleiro; A Fantástica Maquina Humana, do Grupo Sonhus Teatro Ritual; O Garoto que Virou TV, da Trupe dos Cirandeiros; e O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, da Cia de Teatro Sala 3.
SERVIÇO
Quando: de quinta-feira (4) até 12 de outubro
Programação completa no Instagram: @fetico_go