Obra atrasada da Trincheira João Antônio Borges gera transtornos
Construção tesouro Nacional tinha previsão de término em outubro, mas deve ser entregue somente em dezembro
Gabriel Araújo*
A chegada do período de chuva é responsável pelo atraso na construção da Trincheira João Antônio Borges, no cruzamento das Avenidas São Paulo, Tapajós e Rudá, em Aparecida de Goiânia, afirma a prefeitura do município. De acordo com o órgão, o atraso é mínimo, com a obra já estando 83% finalizada, e tudo deve ser entregue ainda em 2018.
O local é um dos mais importantes cruzamentos da Região Metropolitana de Goiânia e recebe um grande fluxo de carros saindo e entrando em Aparecida. A obra deve custar ao Poder Público pouco mais de R$ 13 milhões que foram fornecidos pelo Tesouro Nacional. O projeto ainda prevê a implantação de um sistema de drenagem e captação da água das chuvas, além da construção de vias de acesso no entorno do viaduto.
De acordo com moradores da região, a obra atrasada interfere no dia-a-dia e atrapalha boa parte das atividades de quem circula por lá. “Eu tenho de estacionar do outro lado e andar até lá. Tem ainda todo esse bate-bate que faz tudo tremer aqui em casa e espalha poeira por todo lado”, afirma a dona de casa Anita de Araújo, de 54 anos. “Até minha janela quebrou e mau sofá, que comprei faz seis meses, acabou com essa poeira”, completa.
A região é uma importante via de ligação entre as principais áreas de Aparecida e vinha sofrendo com constantes congestionamentos. Para o secretário de Infraestrutura do município, Mário Vilela, em entrevista no início da obra, disse que a construção buscava melhorar o fluxo de veículos na região, diminuindo assim os transtornos causados pelo trânsito. “Esta obra tem o intuito de resolver um dos principais gargalos do trânsito da Região Metropolitana, liberando o tráfego da Avenida São Paulo, que é uma das principais avenidas da Grande Goiânia”, completou.
As obras tinham previsão inicial de entrega para o mês de outubro, cerca de seis meses após o início dos trabalhos, mas devido à chegada das chuvas desde o último mês o, atrasos estão ocorrendo. “Os servidores estão trabalhando a todo vapor para concluir a obra ainda neste ano. Nossa perspectiva, devido ao pequeno atraso no cronograma, é de liberar todo o tráfego ainda na primeira quinzena de dezembro”, afirmou o secretário nesta semana.
Segundo a prefeitura, o foco dos trabalhos está na implantação das redes de galerias para a captação e drenagem da água das chuvas. “Este trabalho deve durar ainda uns 10 dias. Após finalizadas as galerias iniciaremos a terraplanagem e a base e sub-base para que a pista da trincheira receba a capa asfáltica”, afirmou o órgão.
Além disso, existe a expectativa de implantação de concreto nas vigas que suportam a travessia da Avenida Rudá. Para a prefeitura, o término da concretagem deve resultar na liberação da pista que atravessa a São Paulo, já facilitando o tráfego de veículos na região.
Construção
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Aparecida de Goiânia, a obra foi dividida em duas fases, uma pré construção e a construção em si. A primeira fase da obra, iniciada no mês de janeiro, consistiu na remoção de 80 árvores do canteiro central, pela própria secretaria, e no recuo dos postes pela Enel Distribuição Goiás (Enel) para a ampliação da via.
De acordo com a Constituição Federal, por meio do código florestal e da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, determina que a responsabilidade na preservação de árvores em perímetros urbanos seja dos municípios. “No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observa-se o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo”, afirma o texto.
Enquanto isso, a segunda fase consiste justamente no fechamento da via para a construção da trincheira e do viaduto. O secretário afirmou à reportagem no último mês de março que as obras estão previstas para terminarem até outubro deste ano, seis meses após o início, e antes da chegada das chuvas, o que não ocorreu.
Canteiro representa um caos na vida da população
A continuação da construção da trincheira na Avenida São Paulo segue causando transtornos para a população da região. Reclamações quanto à quantidade de poeira, ao barulho e a vibração causada pelas máquinas são as principais. De acordo com o aposentado Clark Monteiro, de 73 anos, o fechamento das vias gerou problemas para toda a população. “No meu caso fica difícil até para chegar em casa, não tem como passar de um lado pro outro sem dar uma volta gigantesca. Isso se a gente não levar em consideração a barulheira que é essa obra, com toda essa poeira fica complicado”, afirma.
As obras na Avenida São Paulo, em Aparecida de Goiânia, já causavam reclamações antes mesmo do início. Empresários da região temiam que paralisação total do tráfego de veículos pudesse prejudicar o comércio e diminuir ainda mais a rentabilidade.
Em visitas no último mês de maio, O Hoje encontrou o empresário Orci Francisco da Silva, que trabalha com a venda de veículos há cerca de 27 anos na região e não acreditava que as obras terminassem em menos de um ano. “Acho que vai pelo menos um ano ai, só espero que não se torne um BRT como no Pedro Ludovico, em Goiânia”, lembrou.
Da Silva ainda se preocupa com a queda nas vendas, já que a paralisação vai impedir a chega de carros. “A obra já gerou a saída de empresas daqui, não tem como trabalhar sem ter cliente. Acho que seria melhor fazer por etapas, primeiro um lado e depois o outro”, concluiu.
Outra empresária, que decidiu não se identificar, trabalha com venda de alimentos próximo ao local da obra e afirmou que não conseguiu informações concretas sobre as ações. “Um fiscal vem e fala uma coisa e aparece outro falando algo completamente diferente”, disse.
Em uma nova visita ao local, desta vez realizada em junho, a equipe do O Hoje encontrou comerciantes reclamando da perda de clientes. Conforme informado por eles, na época, a paralisação do fluxo de carros não permite a recepção ou envio de produtos vendidos. O comerciante Ferraz Silva, de 39 anos, reclama da demora na conclusão da obra. “Quando eles começaram a mexer aqui falaram que terminaria em 15 dias e nada. Eu perdi uns 90% dos clientes porque não consigo enviar as mercadorias, é difícil vender quando os clientes não conseguem nem ver a loja”, afirmou. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian).