Líderes de facções comandam o crime de dentro da cadeia
Usando celulares ou recados, os criminosos influenciam direta e indiretamente o mercado do tráfico no Estado
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Pelo menos quatro casos envolvendo grupos de presos que comandam o mundo do crime fora das cadeias ganharam repercussão neste ano em Goiás. Usando celulares ou recados, os criminosos influenciam direta e indiretamente o mercado do tráfico no Estado. Homicídios e roubos também são comandados pelos presos. Nesta semana, um grupo de 18 integrantes foi preso suspeito de participar de uma facção criminosa que cometia os crimes em Goiás.
A ação, assim como em outras operações do ano, era comandada de dentro da cadeia. Outra operação, dessa vez em Goiatuba, a 170 quilômetros da Capital goiana, prendeu 50 pessoas que recebiam ordens de presos, neste ano.
Em entrevista concedida a um portal on-line no início do ano, o secretário da Segurança Pública e Administração da Penitenciária de Goiás, Ricardo Balestreri afirmou que “Essas facções dominam presídios em todo o Brasil, inclusive em Goiás. Elas disputam espaço mercadológico dentro e fora das prisões”.
O vice-presidente da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef), Flávio Werneck, explicou que, “pela posição geográfica, Goiás é um centro de distribuição para outros Estados e, além disso, está nas proximidades do Distrito Federal, que é um mercado cobiçado por esses grupos criminosos”, comenta.
Separação
De acordo com o secretário Ricardo Balestreri, o empecilho para separar os presos por periculosidade é que presídios são de responsabilidade do sistema Judiciário, não pelo executivo. “Então nós não conseguimos fazer transferências de presos sem autorização dos juízes responsáveis por cada caso” disse o secretário.
Inocentes
As ações dos condenados geram danos incalculáveis à sociedade, matando, inclusive, pessoas inocentes que são confundidas com rivais e mortas sem culpa alguma. Em Jataí, um homem que levava a esposa para dar a luz em um hospital da cidade foi morto por ter aparências físicas com um rival da facção a qual o assassino pertence, como contou o delegado Douglas Pedrosa, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). (Thiago Costa)