População está cada vez mais fitness
Estudo revela aumento de 24% de praticantes de alguma atividade física
Felipe André*
Cada vez mais tem aumentado o número de brasileiros que praticam exercícios físicos em todo o país. Segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2017, elaborada pelo Ministério da Saúde, a quantidade de pessoas que realizam atividades físicas cresceu 24,1% em 10 anos.
A quantidade de atletas corredores aumentou 194% no país, entre os anos de 2006 e 2017. No mesmo período, o estudo também revela uma maior procura pelas modalidades de luta, incluindo artes marciais, como o judô, o karatê e o kung fu. Nesse caso, o aumento foi 109%.
Ao mesmo tempo, o futebol vem perdendo espaço. Durante o intervalo analisado, o total de praticantes da categoria desportiva caiu quase pela metade (43,5%). De acordo com a pasta, a caminhada é o exercício físico mais comum, sendo praticado por 33,6% da população. Na sequência, aparecem a musculação (17,7%), o futebol (11,7%) e as lutas e artes marciais (2,3%).
De acordo com o professor de Educação Física há 10 anos, Augusto César Maia, essa busca pelo exercício tem alguns motivos. “Na última década a procura por exercícios físicos aumentou consideravelmente. As pessoas procuram exercícios em sua maioria para cuidar de saúde, algumas para prevenir e outras para ajudar em algum tipo de recuperação. Como a informação hoje chega de forma mais rápida, as pessoas buscam entre as várias opções existentes os exercícios disponíveis que tragam satisfação ao praticar e os resultados esperados”.
Augusto ressaltou a importância do esporte na vida de uma pessoa. “O esporte é essencial tanto para crianças quanto adultos, que seja para lazer ou não, o resultado tanto físico quanto psicológico ajuda no dia a dia das pessoas, já que possibilita uma melhor qualidade de vida. A escolha da modalidade é muito importante para que o profissional de educação física devidamente registrado no Conselho consiga as informações necessárias e decidida juntamente com o seu aluno”.
Breno Silva Lima, de 31 anos, revelou que notou o aumento de pessoas nos parques, principalmente com caminhadas à tarde ao ar livre, esse é um dos motivos de continuar se exercitando. “Sempre malhei em academia, mas hoje prefiro correr no parque ao ar livre, tem menos gás carbônico do que em relação a outros parques. Quando estou com pressa fico correndo por 20 minutos, quando tem alguns exercícios permaneço aqui cerca de 40 minutos, mas quando venho de bicicleta, já aumenta para três horas”.
Enquanto alterna entre corridas, andar de bicicleta, praticar exercícios e dar saltos mortais no Parque Jardim Botânico, Breno só percebeu a importância das atividades físicas tarde em sua vida. “Quando comecei tinha 23 anos, era mais novo e queria aparecer, mas hoje eu percebo a importância de ter começado cedo. Hoje em dia tem muita gente que prefere uma cerveja ao exercício. Eu já cheguei a malhar até seis dias por semana, mas hoje em dia fica sendo duas ou três vezes”.
Se Breno começou tarde, Isabella Colombini, de 21 anos, revelou ao O Hoje que o esporte sempre esteve presente em sua vida. “Sempre pratiquei algum tipo de atividade, principalmente handebol, mas há cerca de um ano e meio que faço isso quase que diariamente. Essa retomada aconteceu quando percebi que subir as escadas da faculdade havia se tornado algo extremamente cansativo, onde após alguns degraus eu ficava ofegante, percebi que não estava normal, que precisava melhorar meu condicionamento físico e, principalmente, meu estilo de vida, porque só os exercícios não são suficientes, nosso corpo pedia uma mudança geral”.
Isabella também percebeu o aumento de pessoas que praticam exercícios. “Como eu sempre corro no mesmo horário no Parque Areião, consigo perceber quem são as pessoas que já correm há um tempo, quem são os novatos. Em algumas épocas do ano, o número de pessoas aumenta mais ainda, como, por exemplo, após o período de festas de fim de ano. Acho que a consciência pesa [risos]. Atualmente corro bastante mas também faço funcional e muay thai, mas já joguei muito futebol e handebol. Eu adoro modalidades coletivas, mas tenho um pouco de preguiça de ter hora marcada, na corrida posso ir no meu tempo”.
Apesar dos obstáculos, Isabella mantém uma forte rotina com os exercícios. “Todos os dias, exceto domingo. Se eu ficar mais de um dia sem, é quase certeza que eu desisto e volto a ficar preguiçosa, mesmo com o corpo sentindo falta. Meu treino costuma durar cerca de uma hora e meia, duas horas. Às vezes quando me empolgo muito, corro de manhã, de tarde e de noite”.
Envelhecimento
Uma pesquisa recente das universidades de Birmingham e King´s College London, no Reino Unido, e publicada na revista Saúde, da editora Abril, traz provas contundentes nesse aspecto. O estudo revelou que pessoas mais velhas e ativas apresentam parâmetros de saúde similares ao de pessoas mais jovens, como massa muscular preservada e sistema imunológico afiado. “Nosso trabalho acaba com a ideia de que envelhecer nos deixa automaticamente mais frágeis”, resumiu à publicação a professora Janet Lord, diretora do Instituto de Inflamação e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, ao site da instituição.
Para realizar a investigação, a equipe de cientistas recrutou 125 ciclistas amadores de 55 a 79 anos – eram 84 homens e 41 mulheres que sempre tiveram o costume de se exercitar. Fumantes, usuários frequentes de álcool e indivíduos com pressão alta ou outras condições foram excluídos da investigação.
Os voluntários passaram por uma série de exames em laboratório e ainda foram comparados a um grupo que não tinha o costume de se exercitar regularmente. Essa turma era formada por 75 pessoas de 57 a 80 anos e também por 55 jovens adultos de 20 a 36 anos. Todos eram saudáveis.
Ao avaliar essa gente, os experts notaram que a perda de massa muscular e força – comum com o passar dos anos – não ocorreu entre aqueles que se exercitavam regularmente. Para completar, os ciclistas não acumularam gordura corporal nem viram os níveis de colesterol subirem.
Combate a depressão
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem com depressão atualmente – houve um aumento de 18% entre 2005 e 2015. Preocupada com esses números, a OMS pediu aos países: é o momento de todos incluírem o tema em suas políticas públicas de saúde. A solução, tanto em matéria de prevenção como no tratamento, engloba outros ajustes, como mudanças de hábito. Nesse sentido, é literalmente necessário suar a camisa.
Novos estudos reforçam o poder da atividade física para o bem-estar psicológico. Chegando ao ponto do exercício se tornar prescrição para pessoas deprimidas (ao lado da psicoterapia e dos medicamentos). “Hoje, em toda especialidade, qualquer médico vai listar uma série de benefícios das atividades esportivas. Na psiquiatria, isso se aplica à depressão”, revelou o psiquiatra Marcelo Fleck, chefe do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em entrevista para a Revista Saúde.
Experimentos recentes mostram que suar a camisa também estimula o crescimento de células nervosas no hipocampo, região do cérebro que rege a memória e o humor. Esse estímulo aos neurônios é o que ajuda a entender os reflexos positivos de longo prazo – vai muito além, portanto, da sensação imediata de prazer e dever cumprido após a academia.
Sendo assim, quais atividades que podem ser feitas no dia a dia são recomendadas para afastar a depressão? Pois bem, volta no parque, fazer faxina, alongar-se com frequência, cuidar de uma horta ou de plantas. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)