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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Médium

MP de Goiás apresenta segunda denúncia contra João de Deus

Os crimes são estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude

Postado em 15 de janeiro de 2019 por Lucas Cássion de Moraes
Em primeiro depoimento à Justiça
Oitiva foi realizada no Fórum de Abadiânia e durou cerca de duas horas

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apresentou nesta terça-feira (15) à Justiça estadual a segunda denúncia contra o médium goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus. Preso em caráter preventivo desde 16 de dezembro, João de Deus é acusado de cometer crimes de estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. Ele nega ter abusado de frequentadoras do centro espírita Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO).

A primeira denúncia contra o médium foi apresentada pelos promotores que integram a força-tarefa do MP-GO no dia 28 de dezembro e aceita pela Justiça estadual em 9 de janeiro. Hoje, além da segunda denúncia, os promotores apresentaram à Justiça um novo pedido de prisão em nome do médium. João de Deus está detido no Centro de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital do estado.

“O trabalho do Ministério Público não se encerra aqui. Há ainda uma série de relatos que vão ser instruídos. Vamos continuar ouvindo eventuais vítimas e, embora possa se tratar de um certo número de vítimas, este número não representa o total de vítimas abusadas, que pode ser muito maior”, disse o promotor Luciano Meireles.

Segundo a promotora Gabriella de Queiroz, a nova denúncia está embasada na apuração de 13 supostos casos, dos quais oito já prescreveram, ou seja, já não podem mais ser levados a julgamento. Entre as mulheres que se apresentam como vítimas do médium, algumas afirmam ter sofrido abusos sexuais quando eram crianças ou adolescentes. Além de levar adiante a denúncia de cinco das supostas vítimas cujos casos não estão prescritos, os promotores indicarão as outras oito supostas vítimas como testemunhas, anexado seus depoimentos ao processo.

“Temos cinco delitos imputados ao denunciado. Destes, quatro correspondem ao crime de estupro de vulnerável – um deles em continuidade delitiva. O quinto crime imputado é o de violação sexual mediante fraude”, explicou a promotora. “Os outros oito casos, infelizmente, já foram alcançados pela prescrição e não constam da denúncia, mas são vítimas que figuram como testemunhas de corroboração”, acrescentou a promotora. O prazo máximo para que a denúncia fosse apresentada era de 20 anos, tempo legalmente reduzido por uma série de circunstâncias, como a idade do denunciado. Teixeira tem 76 anos.

Para o MP-GO, os 13 casos ocorreram entre o início de 1990 e meados de 2018. As vítimas são de oito unidades da Federação: Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Uma das mulheres que afirmam ser vítimas sofreu abuso em dois diferentes momentos. O primeiro quando ainda era uma criança. O segundo, adolescente.

De acordo com a promotora, há evidências de que os crimes de violação sexual mediante fraude foram praticados diante de outras pessoas, durante sessões de atendimento espiritual conduzidas por João de Deus no centro espírita. Já o suposto caso de estupro de vulnerável teria ocorrido em ambiente isolado da Casa Dom Inácio de Loyola, onde a denunciante afirma ter ficado sozinha com o médium.

Para o promotor Augusto César Souza, a segunda denúncia contra João de Deus reforça a necessidade de que o médium permaneça preso. “Um novo pedido de prisão acompanha a acusação entregue hoje ao Poder Judiciário em Abadiânia. Este pedido se refere a estas novas vítimas e se destina a preservar a incolumidade física e psicológica destas vítimas. Sobretudo para garantir a coleta de seus depoimentos a salvo de qualquer ameaça ou intimidações”, disse o promotor. Ao depor, as vítimas disseram não ter procurado a Justiça antes por medo de represálias.

A reportagem procurou os advogados do médium, mas ainda não teve retorno. (Agência Brasil)

 

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