‘Um amor em uma Nova Veneza: Oswaldo e Edith’ é lançado nesta terça em Goiânia
Livro ‘Um amor em uma Nova Veneza: Oswaldo e Edith’ é lançado nesta terça-feira (12) em Goiânia
SABRINA MOURA*
Essa história se tornou o pilar para o desenvolvimento de uma geração. Os goianos Oswaldo Stival e Edith Peixoto Stival, descendentes de famílias que deram origem à principal colônia da imigração italiana do Centro-Oeste – Nova Veneza –, protagonizam o romance Um amor em uma Nova Veneza: Oswaldo e Edith, que será lançado, nesta terça-feira (12), às 19h30, no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON).
Obra coletiva – preparada pelo médico Alessandro Rios Stival, neto dos biografados (leia entrevista abaixo), e pelos escritores Alberto Araújo e Gercyley Batista –, o livro narra como a união do casal impulsionou sonhos e projetos, trazendo realizações não apenas pessoais e familiares, mas também um legado de contribuições sociais e culturais para o Estado de Goiás.
Segundo Oswaldo, quando se casaram ambos não tinham dinheiro, mas conseguiram alcançar seus objetivos com amizade e honestidade. “Todos os anos, fazemos pelo menos uma viagem em família, para manter os cinco filhos, 14 netos e 20 bisnetos, juntos, e mostrar a importância do amor e da amizade entre todos. Estamos casados, até hoje, porque sempre tivemos muita honestidade, e sabemos respeitar o momento quando percebemos que o outro está nervoso”, afirma ele.
Já Edith conta que a vontade era deixar uma história bonita para os filhos e netos. “Para isso, sempre tivemos muito amor, honestidade, confiança e respeito um com o outro. O maior conselho para aqueles que estão iniciando a vida matrimonial, hoje, não pode ser outro: é casar com amor. Infelizmente, muitos já se casam pensando em se separar no dia seguinte. Ter fé em Deus para alcançar os objetivos, dia após dia, é primordial em uma relação”, relata ela.
História
Oswaldo e Edith casaram-se em 1955, tiveram cinco filhos – hoje somam-se ao núcleo familiar 14 netos e 20 bisnetos. De origem humilde, ele sobrevivia da compra e venda de animais, no início de seu casamento, o que exigia longas viagens no lombo de cavalos e mulas, comprando gado em cidades distantes no Estado. Acabou tornando-se um dos maiores players da agropecuária do País– além de ter sido um dos pioneiros no comércio de cereais em Goiás. Ela, por sua vez, dedicava-se ao magistério, e exerceu, com maestria, o papel de mãe e educadora.
O casal não se limitou a fazer prosperar apenas seu núcleo familiar. Após conquistar destaque, em 1989, já na maturidade dos seus 60 anos de idade, Oswaldo e Edith aceitaram o desafio de entrar para a vida pública na administração de sua cidade natal, Nova Veneza, para dar uma contribuição à cidade fundada por sua família. Na condição de prefeito e primeira-dama, criaram o Festival Italiano de Nova Veneza, que se tornou um dos maiores do País e contribuiu para o resgate da cultura italiana no Estado.
O livro traz também um resgate da imigração italiana no Centro-Oeste, onde estão as origens do casal. Seus avós, italianos da região de Vêneto, imigraram para o Brasil no fim do século 19, e, depois de trabalhar no lugar dos escravos nos cafezais de São Paulo, se fixaram em Goiás por volta de 1912 – assim surgiu a ‘nova’ Veneza, no coração do Brasil, que hoje está a 30 quilômetros da Capital. A pesquisa histórica ficou a cargo do escritor da Academia Goiana de Letras Ubirajara Galli.
*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov
SERVIÇO
Lançamento do livro “O amor em uma Nova Veneza: Oswaldo e Edith”
Quando: terça-feira (12) às 19h30
Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer-CCON (Av. Deputado Jamel Cecílio, Lote 01, quadra Gleba, nº4.490, Setor Fazenda Gameleira – Goiânia)
Entrada: Evento aberto ao público com entrada gratuita
Entrevista: Alessandro Stival
Como veio a decisão de escrever sobre o romance de Oswaldo e Edith?
Eu e meu tio, um dos filhos do casal, achamos que a história da família, contando desde o pessoal vindo da Itália, seria algo muito interessante para contar. Nem mesmo as pessoas de dentro da família sabiam sobre a trajetória do casal, e veio à nossa cabeça fazer um livro contando a história deles. Então contamos desde o início da formação da família, ainda nos séculos 16 e 17, na região de Vêneto, além da história dos meus avós, em Nova Veneza, começando do zero, quando ainda andavam a cavalo e dormiam ao relento. Hoje, o senhor Oswaldo é um dos maiores agropecuaristas do Centro-Oeste. O surgimento de Nova Veneza está diretamente relacionada com a nossa família, e, antes de ter o atual nome, era apenas chamada de ‘Colônia Italiana’. O Festival Italiano, que atrai hoje milhares de pessoas de todo Brasil, por exemplo, surgiu por iniciativa de Oswaldo e Edith Stival. Então o livro traz histórias interessantes sobre pessoas reais.
Qual a importância deles no desenvolvimento da principal colônia de imigrantes italianos no Centro-Oeste?
Eles são filhos e netos dos fundadores da cidade e daqueles que vieram da Itália. O Giovanni e os Peixotos chegaram e se estabeleceram, inicialmente, em São Paulo e em Minas Gerais. Em 1886, quem ainda trabalhava nas grandes fazendas eram os escravos, e, em 1888, com a Lei Áurea, os fazendeiros perderam essa mão de obra. O governo brasileiro passou a buscar novas pessoas para trabalhar nessas áreas, e uma das alternativas era trazer pessoas da Itália, pois ainda havia regiões cheias de atritos e problemas, e a América se configurava como o ‘Novo Mundo’, uma esperança para aqueles que tinham dificuldades na Europa. O governo brasileiro facilitava esse processo, pagando as passagens, e vieram muitas pessoas com ‘know hall’ e que tinham dificuldades para se manter na Itália. Trabalharam no lugar dos escravos, tinham técnicas de cultivos diferenciadas, e, durante muitos anos, ficaram nessa situação. Eles só chegaram a Goiás em 1912, pois ficaram 16 anos trabalhando, até ter condições de comprar terras próprias. Aqui, ainda era inexplorado, quase não havia ninguém antes da construção de Goiânia. Na gestão de Oswaldo, a cidade se transformou em um lugar conhecido, ao criar o Festival Italiano de Nova Veneza, que tem grande potencial turístico, e, hoje, já se busca atrair hotéis e pousadas na cidade.
Por que reforçar o valor do casamento nesta obra? E qual a importância desse ‘tema’ nos dias atuais?
Estamos tentando resgatar os valores da família nesta obra. Hoje, há um clamor para resgatar esses valores, como o trabalho, e ter sucesso com o esforço honesto. Com muitas situações sendo elucidadas nos últimos anos em torno da política, as pessoas passaram a se desiludir com os representantes da sociedade, e o livro tenta resgatar exemplos de que é possível fazer grandes obras para a população de maneira honesta. Esse é um fato maravilhoso, porque o casamento e a história de sucesso do casal foram baseados em união, família, trabalho e honestidade. Eles alcançaram o sucesso apenas por meio do trabalho, e os valores foram transferidos para os filhos, netos e bisnetos, o que garante a união de toda família. Eles sempre motivam a família a ficar unida, e transmitem isso para os herdeiros. Enquanto muitas famílias tradicionais do Estado foram desaparecendo, o casal conseguiu fazer com que os Stival crescessem e ganhassem mais força.
Quando veio a decisão de transformar essa história em filme?
A ideia surgiu no meio do processo. Estamos trabalhando há quase nove anos em cima do material do livro, usando um conteúdo denso, e percebemos que a história poderia render algo ainda mais interessante. Alguns rascunhos passaram por muitas pessoas do meio literário, e surgiu a ideia de usar imagens, o vídeo, para deixar a história ainda mais registrada. Alberto Araújo, poeta e cineasta, quando entrou no time, viu a potencialidade da trajetória do casal se transformar em filme. Antes, pensamos em fazer só um documentário, mas o Alberto viu a possibilidade de fazer uma produção ainda mais detalhada para sair nas telonas. Estamos atrás de fundos para lançar ainda em 2020.
Em sua opinião, o quão foi importante o casal se dedicar não só à própria família mas também à administração de Nova Veneza?
Eles se doaram durante muitos anos à Nova Veneza. Até hoje, meu avô é muito presente na cidade e busca atender a todos. Ele é querido pelo povo, que chega e agradece pelo que ele fez pela cidade. Ele e minha avó tinham muitas coisas para resolver nos negócios e na própria família, mas resolveram se doar para outra ainda maior, a de Nova Veneza e Goiás. Ele se tornou um exemplo de como fazer uma boa política, apesar de hoje termos pessoas enojadas, porque apenas aparecem coisas ruins feitas pelos políticos nos últimos anos. Porém é possível ver coisas grandes que ele fez para a população, com honestidade, como reformas e construções de casas e creches, mesmo em uma cidade pequena e sem grandes indústrias. Foi por meio dessa dedicação que Nova Veneza passou a atrair outras importantes indústrias, e, atualmente, é conhecida nacionalmente pelo turismo, com o festival; e pelos benefícios às indústrias.
Qual a importância da cultura italiana para o Estado mantida pelos descendentes?
Os nossos descendentes trouxeram elementos da cultura e um know hall que permitiu o cultivo com qualidade de plantações daquela época, principalmente o café. A imigração de italianos tinha muita qualidade nisso. Portanto os ganhos não se deram apenas no aspecto cultural, já que a Itália é um dos berços da cultura ocidental, mas também no aspecto econômico do estado. Muitas das máquinas usadas no plantio, por exemplo, vieram da Itália.
Qual a mensagem o livro vai passar aos leitores?
A principal mensagem do livro é a revalorização da família e de seus princípios, além de ressaltar a importância do trabalho honesto. O principal destaque da obra fica por conta da honestidade, da união e do respeito que meus avós tiveram entre si, com a família e com Nova Veneza. Não são necessárias falcatruas e corrupções para sermos valorizados e reconhecidos pelos nossos feitos. O casal alcançou seus objetivos, financeira e profissionalmente, e tornou-se a principal referência para filhos, netos e bisnetos. Você pode ser um pessoa bem-sucedida por meio da inteligência e fazer a boa política que transforma a vida das pessoas que se interessam em cooperar com a população.