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domingo, 29 de dezembro de 2024
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Saúde: medicamentos são a segunda causa de intoxicação em Goiás

Nos últimos dois anos foram registradas 26 mortes em Goiás

Postado em 14 de fevereiro de 2019 por Jefferson Pereira dos Santos
Saúde: medicamentos são a segunda causa de intoxicação em Goiás
Nos últimos dois anos foram registradas 26 mortes em Goiás

Da Redação*

O uso inadequado ou abusivo de medicamentos representa o segundo tipo de intoxicação atendido pelo Centro de Informação Toxicológica da Secretaria do Estado da Saúde de Goiás (CIT/SES-GO). Fica atrás apenas dos acidentes por animais peçonhentos. Dos 5.449 pedidos atendidos em 2017, a contaminação por remédios totalizou 2.084 registros. Os dados preliminares de 2018, ainda em fase de consolidação, registram 1.570 casos.

A coordenadora do CIT, Dilza Diniz Dias, ao analisar os dados, informa que 57% das ocorrências são por tentativa de suicídio e 32% por causas acidentais. Os 11% restantes são provocados por circunstâncias variadas, como automedicação, uso terapêutico, abuso e erro de medicação, entre outros. As intoxicações por medicamentos levaram à ocorrência de 26 óbitos registrados nos anos de 2017 e 2018.

Segundo Dilza, o uso de medicamentos sem prescrição de profissional habilitado (médicos ou dentistas) pode ser prejudicial à saúde, porque tem reações adversas e contraindicações que devem ser rigorosamente respeitadas.

Caso exemplar 

A dipirona, por exemplo, é vendida livremente em qualquer drogaria, mas trouxe consequências graves para a servidora pública Márcia Aparecida da Silva. Com dores, procurou assistência médica. No Cais Amendoeira, próximo à casa dela, recebeu uma injeção de dipirona. Melhorou, foi para sua residência e, no dia seguinte, sentiu a língua inchada, a voz meio “pastosa”. O rosto estava inchado também e havia pequenos caroços por todo o corpo.

“Eu tive reação alérgica à dipirona injetável. Ao ser alertada pelos colegas de trabalho, voltei imediatamente ao Cais. Os médicos ministraram outros medicamentos e o inchaço melhorou. A pele ficou coçando por mais três dias”, conta Márcia, que desde então avisa aos médicos que tem intolerância a esse medicamento. Ela também toma o cuidado de observar bem a composição dos remédios que toma. Se tiver dipirona na fórmula, ela não consome.

Choque anafilático

O jornalista Clóvis Garcia Sousa Filho enfrentou uma intoxicação mais grave, também de forma acidental. Ele sofreu um choque anafilático ao tomar uma injeção de penicilina para combater uma infecção de garganta. “Depois de receber a injeção, senti que perdia a força das pernas e dos braços. Fiquei com o corpo todo esticado. Foi horrível. Só o cérebro funcionava”, diz. Ele foi socorrido pelo farmacêutico de uma drogaria, que o levou para um hospital e informou os médicos do ocorrido.

O incidente com Clóvis ocorreu antes da obrigatoriedade da receita especial para compra de antibióticos, que fica retida no local de venda do produto. Mesmo assim, ele passou a se tratar com homeopatia e evita ao máximo o uso de antibióticos. “Só em casos extremos. Penicilina nem pensar. Tenho resistência a esse medicamento. É hereditário”, conta Clóvis. A mãe dele também sofreu um choque anafilático ao tomar a injeção. “Os meus dois filhos, já adultos, nunca usaram penicilina. Um cuidado que não custa muito”, explica o jornalista.

Nas intoxicações por medicamentos em tentativas de suicídio, os dados mostram que a faixa etária de 20 a 29 anos é a de maior risco, chegando a 31% dos casos notificados. Porém, não difere muito de outras faixas etárias que também representam risco elevado, que se estendem dos 15 aos 49 anos.

Acidentais 

Na segunda maior causa de intoxicações por medicamento, as acidentais, nota-se que 72% dos casos ocorreram em crianças na faixa etária de 1 a 4 anos, seguidos de 14% por crianças de 5 a 9 anos. Já as faixas etárias de 10 anos a mais de 80 anos somam os outros 14%.

Esses casos são, na maioria, de crianças que tiveram acesso a medicações e as ingeriram acidentalmente. “Esse tipo de acidente demonstra a necessidade da guarda de medicações em locais seguros, onde crianças não tenham o acesso”, aconselha Dilza. 

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