Espetáculos levam o público a ‘pensar de maneira crítica’, em Goiânia
Com doçura e humor, os espetáculos transmitem importantes mensagens e celebram os oito anos de estrada da companhia Teatro Destinatário
SABRINA MOURA*
Nesta quinta-feira (21), a história de Goiás estará em palco e será contada, de forma divertida, por meio do espetáculo Quecosô, Oncotô, Oncovô – Goiás Singulares no Plural. Já no sábado (23), Tranças, teatro voltado para o público infantil, traz adaptação de um conto africano. Ambos fazem parte da trupe da companhia Teatro Destinatário.
Com doçura e humor, os espetáculos transmitem importantes mensagens e celebram os oito anos de estrada do grupo. Formado por Jéssika Hannder, Luciano di Freitas e Ludmyla Marques, a companhia possui nove espetáculos estreados ao longo da estrada. “Nesses oito anos, podemos criar muitos espetáculos, sempre explorando diversas linguagens artísticas e integrando-as ao teatro, então poder comemorar nosso aniversário de grupo, com a apresentação do espetáculo Quecosô, Oncotô, Oncovô – Goiás Singulares no Plural, que já está em cartaz há seis anos, e ainda, poder estrear um trabalho novo, que é o Tranças, voltado para as crianças e que integra todas essas linguagens que nós experimentamos e gostamos, significa a abertura de um novo ciclo para o grupo, além de um amadurecimento em nossa trajetória artística”, conta Ludmyla Marques.
O grupo busca, desde sua formação, levar mensagens para os destinatários, o público. Essas mensagens são formas de pensar a sociedade de maneira mais crítica e política. “Dentre os temas, abordamos identidade, racismo, machismo, direitos humanos, justiça social, dentre outros. Entendemos que é nosso papel como artista, não só refletir sobre o mundo em que vivemos, mas buscar a construção de um mundo melhor”, afirma Luciano di Freitas.
‘Quecosô, Oncotô, Oncovô – Goiás Singulares no Plural’
O espetáculo, que estreou em março de 2013, foi escrito pela professora doutora Miriam Bianca Amaral. O texto parte do desejo de entender mais sobre a história do povo goiano, objetivando descobrir mais sobre a identidade e os conflitos que compõem o Estado. “Acreditamos que, quando sabemos mais sobre nossa história, estamos automaticamente sabendo mais sobre nós mesmos e sobre o mundo em que vivemos, assim temos a possibilidade de intervir nesse mundo, transformá-lo em um lugar melhor para todos”, evidencia Ludmyla. “Ter a experiência de refletir sobre isso, de maneira estética, por meio de uma obra teatral, além de nos dar essa oportunidade de conhecer mais sobre nossa própria identidade, nos diverte e entretém, o que é muito bacana”, completa ela.
Segundo Luciano, o objetivo do espetáculo Quecosô, Oncotô, Oncovô – Goiás Singulares no Plural é de divertir e mostrar como há cultura e beleza nas terras do Estado de Goiás. Para di Freitas, não valorizar o que é local ou ficar apenas buscando referências de cultura fora pode limitar e, talvez, ser uma perda da oportunidade de se sentir ainda mais pertencentes à nossa terra. “Nós também realizamos um debate político muito importante para o momento, que é sobre a necessidade de conhecer a nossa história e, assim, poder intervir no mundo em que vivemos. Acreditamos que somos seres políticos, e conhecer mais sobre ‘quem somos, de onde viemos e para onde vamos’ pode ser um grande convite a construir uma sociedade mais justa e igualitária”, revela di Freitas.
‘Tranças’
O Tranças é um espetáculo doce, originado do conto As Tranças de Bintou, de Sylviane Anna Diouf– que encanta pela riqueza de detalhes sobre a cultura de Moçambique –, e pretende encantar os olhos de quem assistir; por meio da brincadeira, da música, da inocência da criança vai relembrar histórias e memórias da infância.
Luciano relembra que, por meio das contações de história, o grupo iniciou uma pesquisa sobre histórias africanas e afrobrasileiras, o que levou ao conhecimento de diversas narrativas que colocam personagens negros em lugares de destaque, ressaltando sua inteligência, beleza, riqueza cultural e história. “Pensando na questão da representatividade negra, tanto a história – de Sylviane Anna Diouf – quanto o espetáculo Tranças buscam trazer essa referência positiva ligada à negritude e à nossa herança africana. Assim, as duas obras auxiliam na desconstrução e no combate ao racismo, tão presente em nossa sociedade, buscando colocar de maneira estética e adequada ao público infantil essas questões, sem didatismo e de maneira leve”, explica ele.
O espetáculo busca também pensar na beleza de cada um, dos cabelos e da pele negra de Bintou, que é também o cabelo e a pele negra das crianças brasileiras. “Queremos viver um pouquinho das muitas Áfricas que há em nós, e sentir a alegria de uma história que mostra uma criança a descobrir sua coragem, sua ancestralidade e sua beleza”, finaliza Luciano.
*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação
da editora Flávia Popov
SERVIÇO
Teatro Destinatário em ‘Tranças’ e ‘Quecosô, Oncotô, Oncovô – Goiás Singulares no Plural’
Onde: Teatro Sesc (Rua 15, esquina com a Rua 19, Centro – Goiânia)
‘Quecosô, Oncotô, Oncovô – Goiás Singulares no Plural’
Quando: quinta-feira (21)
Horário: 20h
Entrada: R$ 8 (trabalhadores do comércio e dependentes), R$ 10 (conveniados), R$ 11 (meia) e R$ 22 (inteira)
‘Tranças’
Quando: sábado (23)
Horário: 15h e 17h
Entrada: R$ 5 (trabalhadores do comércio e dependentes), R$ 6 (conveniados), R$ 7 (meia) e R$ 14 (inteira)