Operação prende envolvidos em venda fraudulenta de grãos
Foram cumpridos 13 mandatos de prisão e 17 de busca e apreensão em três cidades do Estado, além de outros dois estados
Isabela Martins*
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e a Polícia Civil de Goiás realizaram nesta terça-feira (26) uma operação para combater fraudes fiscais e lavagem de dinheiro na comercialização de grãos. A investigação batizada de Gran Família aponta que os envolvidos são do mesmo grupo familiar. Participaram da operação 50 policiais civis.
Foram cumpridos 13 mandatos de prisão e 17 de busca e apreensão em três cidades do Estado, além de outros dois estados. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 35 milhões dos investigados. A operação cumpriu ontem cinco mandados em Rio Verde, quatro em Cristalina e um em Senador Canedo, além de dois em Mato Grosso e um São Paulo. Segundo as investigações, o grupo usava empresas de fachada para comercializar grãos produzidos em Goiás, burlando a fiscalização tributária.
Fisco
A investigação teve início com a autuação do fisco goiano de dois caminhões carregados com milho, em Cristalina. A mercadoria estava com nota fiscal de uma das empresas de fachada. Segundo o MP, a mercadoria produzida no Estado era adquirida por membros da organização criminosa sem nota fiscal do produtor e enviada para outros estados com notas fiscais das empresas de fachada. O que fazia com que o grupo não recolhesse o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos cofres públicos. O que gerava uma concorrência desleal como afirma o órgão.
Uma das empresas localizada em Mato Grosso movimentou mais de R$ 100 milhões entre 2013 e 2014. O valor era enviado para os produtores goianos e membros da organização criminosa.
Em Rio Verde um empresário foi preso no apartamento onde mora, a ex-mulher que também é investigada foi presa em um condomínio de luxo da cidade. Os dois foram levados para prestar depoimento e não tiveram os nomes divulgados. A operação foi deflagrada pelo MP, com o apoio do Núcleo Regional do Entorno do Distrito Federal (Luziânia), Secretaria da Fazenda (Sefaz), e é acompanhada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), que apura crimes de falsidade ideológica e material, uso de documentos falsos e lavagem de dinheiro. Os alvos residem em Rio Verde e Cristalina.
A operação foi realizada entre o Gaeco Central, os Gaecos de Mato Grosso e de Campinas em São Paulo, pelo Centro de Inteligência do Ministério Público de Goiás, Polícia Civil e Sefaz. Delegados e agentes da Polícia Civil de Goiás, juntamente com agentes fazendários.
Grãos de Ouro
Essa não é a primeira operação envolvendo fraude fiscal na comercialização de grãos. No ano passado o Gaeco deflagrou a operação “Grãos de Ouro”, onde foram cumpridos 32 mandados de prisão e 104 de busca e apreensão. Em Goiás foram um mandado de prisão em Rio Verde e em Mineiros. De busca e apreensão eram cinco em Rio Verde e três em Mineiros. Participavam do esquema de fraudes produtores rurais, funcionários da Sefaz, caminhoneiros e empresas de fachada.
As investigações apontaram que fazendeiros de Mato Grosso do Sul vendiam os grãos para os clientes de outros estados burlando o ICMS. Eles acionavam corretoras que emitiam notas falsas. Os documentos mostravam que os produtos haviam sido comprados por empresas de fachada, sediadas em Mato Grosso do Sul. Caminhoneiros envolvidos tinham a função de fazer os carregamentos chegarem até os seus destinos finais.
No meio do caminho eles eram interceptados por comparsas que pegavam um segundo documento fiscal frio, dizendo que a soja havia sido colhida e vendida por produtores de Goiás e Mato Grosso. Quando os veículos eram parados por fiscais, eram levados a crer que a soja estava apenas de passagem pelo Estado, e por isso isenta de qualquer taxa. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)