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sábado, 23 de novembro de 2024
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Orçamento federal

Governo pode adiar proposta de desvinculação do Orçamento, diz Guedes

Adiamento pode ocorrer para não prejudicar reforma da Previdência

Postado em 13 de março de 2019 por Isabela Maria Moraes Serra
Ministro da Economia defende flexibilização da legislação trabalhista
Guedes diz que o país pode encerrar o ano com perda zero de emprego/ Foto: reprodução

O envio ao Congresso da proposta de descentraliza os recursos federais e desvincula todo o Orçamento da União pode ser adiada caso prejudique as discussões da reforma da Previdência, disse hoje (13) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em discurso de transmissão de cargo para o novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, o ministro adiantou alguns pontos da proposta.

“Se o pacto federativo for atrapalhar a Previdência, a proposta pode ser retirada. Mas estamos falando de uma agenda positiva [a descentralização dos recursos]”, afirmou Guedes. Segundo ele, os problemas financeiros de diversos estados anteciparam as discussões em torno do assunto, mas ele defendeu a descentralização dos recursos como agenda positiva para o governo.

Segundo Guedes, o Orçamento federal seria totalmente desvinculado (sem recursos carimbados), desindexado (sem correções automáticas) e desobrigado (sem mínimos constitucionais). A destinação das verbas seria completamente determinada pelo Congresso Nacional. No entanto, a proposta da equipe econômica não prevê shutdown (paralisação de serviços públicos) em caso de falta de acordo político.

“Não teve acordo político? Então paga apenas o que gastou no ano anterior [repetindo em valores nominais o Orçamento anterior]. Não precisa nem shutdown como nos Estados Unidos”, disse o ministro para uma plateia de políticos, empresários e agentes do mercado financeiro.

Segundo Guedes, o principal problema do Brasil atualmente é o inchaço do setor público, não o setor privado. Ele defendeu o fim de privilégios para os servidores públicos. “Se o servidor público virar cidadão como qualquer outro, a [uma eventual] crise acaba em um ano”, disse. Ele acrescentou que o governo pode reduzir a folha de pagamento se deixar de repor os cerca de 50% de servidores previstos para se aposentarem nos próximos quatro anos e investir em tecnologia e digitalização para manter os serviços públicos.

Protagonismo

A desvinculação completa do Orçamento, avaliou Guedes, daria mais protagonismo à classe política. Segundo o ministro, o aumento da responsabilidade reduziria o envolvimento de políticos com a corrupção. “Os políticos reconhecem que têm que assumir o Orçamento. Somos maduros o suficiente para descarimbar o dinheiro”, ressaltou.

Em relação às críticas de que o fim dos mínimos constitucionais significaria menos gastos em saúde e educação, o ministro afirmou que a proposta pode ter um efeito contrário. Isso porque a descentralização dos recursos da União para estados e municípios traria mais dinheiro para os governos locais. “Quem quiser ficar com o dinheiro carimbado fica. Quem não quiser terá uma nova opção. Não vai reduzir os recursos para uma área, poderá se gastar até mesmo o triplo se essa for a decisão”, alegou.

O ministro ainda lançou a ideia de formação de um Conselho Fiscal da República para deliberar sobre o orçamento da União. “Gostaria que esse conselho fosse mais importante que o Conselho de Política Monetária (Copom)”, afirmou.

Dizendo-se confiante na democracia brasileira e na solidez das instituições, Guedes disse que o país está descobrindo uma nova forma de fazer política “A velha política morreu. Não sabemos qual é a nova. Não é um presidente ou um indivíduo que vai fazer. É um processo”, declarou. Para ele, o novo pacto federativo ajudaria nesse processo. “A função do deputado não é arrumar boquinha [no governo federal], é descer dinheiro para base”, acrescentou.

Em relação às conversas com a classe política, Guedes disse que nos primeiros meses de governo manteve conversas republicanas com parlamentares e governadores de diversos partidos, inclusive da oposição. “Vejo poderes independentes no Brasil e acredito que institucionalmente o país melhora”, opinou. “Um sinal dessa melhora é um presidente extraordinário do Banco Central ser substituído por outro também extraordinário.”

Estatais

Guedes disse que o secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, refez as contas e que a soma de todos os ativos e participações da União em empresas estatais está em R$ 1,25 trilhão. “Durante a campanha [eleitoral], muita gente botou em dúvida esse valor, mas o Salim confirmou que está parecido com nossas estimativas”, argumentou.

O ministro reiterou a promessa de fazer um programa gradual de redução de tributos posteriormente às reformas da Previdência e do pacto federativo. Segundo ele, a desoneração pretende criar oportunidades e reduzir as desigualdades. “Vamos reduzir alíquotas e horizontalizar as cobranças. Vamos abrir a economia, mas isso não será de forma linear, porque antes é preciso desonerar o setor produtivo e o empreendedor”, estimou. (Agência Brasil)

 

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