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sábado, 23 de novembro de 2024
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Balanço

Novo presidente do Banco Central defende autonomia e inflação baixa

No primeiro discurso no cargo, Campos Neto afirmou que o governo trabalhará para ampliar o mercado de capitais privado

Postado em 13 de março de 2019 por Redação
Novo presidente do Banco Central defende autonomia e inflação baixa
No primeiro discurso no cargo

No primeiro discurso oficial no cargo, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu a autonomia formal da instituição. Ele disse que buscará manter a inflação em níveis baixos e controlados e prometeu continuar a aprimorar a transparência na comunicação do Banco Central com a sociedade.

“Além de trabalhar para manter as conquistas, é necessário avançar. E nesse sentido, acreditamos que um Banco Central autônomo estaria melhor preparado para consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para os novos avanços de que o país tanto precisa”, declarou Campos Neto.

Indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em novembro, Campos Neto só tomou posse no fim de fevereiro porque precisou ser sabatinado pelo Senado Federal e ter o nome aprovado. Na cerimônia de transmissão de cargo, ele disse estar orgulhoso de trabalhar com Guedes. “As reuniões no Leblon [durante a campanha eleitoral] não serão esquecidas. Realmente estamos numa orquestra bem afinada sob a regência do maestro Paulo Guedes”, disse.

Campos Neto ressaltou que se empenhará para que o Banco Central cumpra as duas principais missões: manter o poder de compra da moeda por meio de inflação baixa e a solidez do sistema financeiro. Na próxima semana, o presidente do BC comandará sua primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão que define a taxa Selic – juros básicos da economia – atualmente em 6,5% ao ano.

No primeiro discurso no cargo, Campos Neto também afirmou que o governo trabalhará para ampliar o mercado de capitais privado (captação de recursos para grandes projetos pelo setor privado), pela democratização do sistema financeiro e para melhorar a educação financeira da população, para estimular a participação de todos no mercado e ampliar a formação de poupança.

A autonomia do Banco Central está atualmente em discussão no Congresso Nacional. Pela proposta, o presidente da República não poderia interferir na política monetária, com o BC tendo liberdade para decidir sobre os juros e tomar medidas.

Neto do economista Roberto Campos, ministro do Planejamento nos anos 1960, Campos Neto defendeu a redução do papel do governo no sistema financeiro e o desenvolvimento do setor privado. “Queremos tornar o mercado mais aberto para os estrangeiros, com uma eventual moeda conversível que sirva de referência para a região”, declarou.

Ele também defendeu a redução do crédito subsidiado para empresas, principalmente para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  Para Campos Neto, as distorções provocadas pelos empréstimos com juros reduzidos ficaram mais explícitas depois da redução da taxa Selic para 6,5% ao ano.

Balanço

O ex-presidente do BC Ilan Goldfajn fez um balanço de sua gestão. Ele lembrou que conseguiu reduzir a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 11% no fim de 2015 para cerca de 4%, ao mesmo tempo em que reduziu a taxa Selic – juros básicos da economia – para 6,5% ao ano, no menor nível da história. Segundo ele, a maior transparência do BC com a sociedade e o ganho de credibilidade contribuíram para reduzir as expectativas de inflação.

Goldfajn, no entanto, defendeu a aprovação de reformas e da autonomia formal do BC como medidas que contribuirão para manter a inflação em níveis baixos de forma sustentada. “A queda na inflação permitiu redimensionar expectativas e liberar forças de demanda após dois anos de combinação perversa de inflação e recessão [2015 e 2016]. A redução da Selic ocorreu de forma sustentável. Os juros de mercado indicam confiança de que podemos ter juros mais baixos de forma estrutural no futuro, dependendo da aprovação reformas e da administração da economia”, declarou.

Segundo Goldfajn, a política monetária em seu mandato foi estimulativa (buscou manter juros baixos para estimulara a economia). Ele disse que uma prova do sucesso de sua gestão foi que, em 2018, o Brasil não teve que aumentar a taxa Selic num cenário de alta do dólar, queda no preço de commodities (bens primários com cotação internacional) e fuga de recursos para economias avançadas. “Num ano em que a maioria dos emergentes elevou as taxas básicas, evitamos retirar estímulo monetário tão necessário para a recuperação da economia brasileira”, disse.

Além da gestão da política monetária, Goldfajn destacou a Agenda BC+, conjunto de medidas para reduzir o custo do crédito, modernizar a legislação, ampliar a inclusão financeira e tornar o sistema financeiro mais eficiente. Segundo o ex-presidente, de 41 ações da Agenda BC+ foram concluídas e 27 estão em andamento.

Ele citou como principais medidas a regulamentação da Fintechs (instituições financeiras tecnológicas de crédito colaborativo), a portabilidade da conta-salário, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP) e o limite de 30 dias para o rotativo do cartão de crédito. “Tudo isso contribuiu para levar a um menor custo de crédito para a sociedade”, disse. Goldfajn também defendeu a autonomia do BC, como medida que não conseguiu concluir. “É necessário tornar a autonomia de fato em autonomia de lei”, destacou.

A cerimônia de transmissão de cargo tem a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes; do ex-presidente do BC e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). (Agência Brasil) 

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