Descarte irregular de lixo deixa garis expostos ao risco de ferimento
Objetos perfurocortantes no meio do lixo residencial oferecem risco direto à vida dos profissionais da coleta de resíduos
Thiago Costa*
Diariamente a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) recolhe das residências dos goianienses 1.200 toneladas de resíduos orgânicos. No meio destes, são encontrados diversos materiais que podem oferecer risco direto à vida dos profissionais da coleta de lixo da Capital. O descarte incorreto de objetos perfurocortantes, como caco de vidro e agulhas, por exemplo, podem afastar o profissional das ruas por vários dias. Em 2018 foram 138 acidentes com objetos perfurocortantes, menos que em 2017, que registrou 180 casos. A maior parte das ocorrências foram por seringas, caco de vidro, faca, espeto e lâminas em geral.
De acordo com a Comurg, lixo comum ou resíduos domésticos são aqueles úmidos, compostos, por exemplo, por restos de comida, papeis sujos, fraldas descartáveis e vidros que foram utilizados em janelas, copos quebrados e alguns tipos de copos descartáveis. A companhia orienta que para evitar acidentes dos trabalhadores durante a coleta, é necessária a conscientização dos moradores para acomodar adequadamente o lixo. É recomendável não deixar soltos objetos pontiagudos e cortantes.
O descarte incorreto de objetos perfurocortantes como seringas, pedaços de vidros e lâmpadas que são colocados junto com o lixo doméstico causaram riscos aos profissionais da coleta de lixo. Este problema tem causado sério impacto no serviço, devido à dificuldade de repor os profissionais para trabalhar nos setores e ainda coloca em risco a vida do trabalhador.
Mesmo utilizando os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os servidores que realizam a coleta domiciliar acabam se acidentando quando os objetos cortantes estão mal acondicionados e, às vezes, ficam em média 15 dias afastados do serviço até o corte cicatrizar.
Risco de doenças
Nos casos que envolvem agulhas ou outro tipo de material biológico, apesar do afastamento de apenas um dia por atestado médico, o risco de contaminação é bem maior para o coletor. Quando ocorre o incidente, o trabalhador é encaminhado ao posto de saúde específico para iniciar profilaxia, que é o tratamento contra AIDS, com coquetel seguido de uma série de exames para detectar alguma contaminação. Após esse procedimento, ele fica de repouso um dia e volta a trabalhar no dia seguinte. Mas o acompanhamento segue de 30 a 60 dias com mais exames e testes.
Acidentes podem ser evitados com cuidados diários. Então, para descartar seu lixo sem ferir os coletores da Comurg, fique atento a essas dicas. Os objetos cortantes como lâmpadas, copos e louças dentre outros, devem ser enrolados com bastante jornal, revista ou papelão, assim, mesmo que quebrem, estarão protegidos garantindo total segurança. A tampa serrilhada da lata de conserva é uma verdadeira faca. Dobre-a para dentro, assim a serrilha estará protegida pela própria lata. Ao jogar pregos, parafusos, lascas de madeira e/ou objetos pontiagudos no saco de lixo, coloque-os em latas, embalagens plásticas (pet) ou embrulhe-os em grandes volumes de jornal. Também entorte com martelo os pregos e parafusos que estejam expostos em madeira.
Centros de triagem auxiliam na coleta seletiva em Goiânia
Em fevereiro deste ano foram inaugurados três novos centros de triagem para materiais recicláveis em Goiânia. A medida foi concretizada graças a uma parceria entre a Prefeitura de Goiânia, a 15ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), a Central de Trabalhadores dos Catadores de Materiais Recicláveis (Uniforte), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e as cooperativas do setor.
As novas centrais passam a contar com galpões modernos, com placas de energia solar, aproveitamento de água de chuva, tratamento acústico e outros dispositivos de sustentabilidade.
Durante a inauguração, o presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Gilberto Marques Neto, lembrou que o Programa Goiânia Coleta Seletiva completou dez anos de existência e que a cada dia a cidade tem mudado sua visão quanto à geração e destinação dos resíduos sólidos gerados. “Hoje, depois de dez anos de criação do programa, é mais um dia de festa para todos nós”. O titular do órgão ambiental da Capital frisou que a medida faz com materiais recicláveis, por exemplo, não sejam destinados desnecessariamente para o Aterro Sanitário.
“Infelizmente, os nossos mananciais, as áreas públicas, praças e parques também têm sofrido com o descarte irregular de resíduos, por isso acreditamos que as cooperativas, o Ecoponto e o Cata-Treco auxiliam grandiosamente na limpeza e preservação do meio ambiente de Goiânia”, pontuou Gilberto Marques Neto, ao completar que todos ganham com a iniciativa.
O titular da 15ª Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público, Juliano de Barros Araújo, comemorou a parceria que resultou na idealização dos novos espaços. “Conseguimos converter uma multa contratual em três galpões que vão atender inúmeras famílias, por isso a parceria é tão salutar e merece a nossa atenção”. O promotor revelou que a concretização não foi fácil e que acontece desde 2011. “Mediante a isso, deixo aqui um desafio às cooperativas, vocês precisam cuidar do benefício que estão recebendo e que não foi fácil tornar realidade e precisam também ampliar os horizontes de trabalho das cooperativas”, disse.
Descarte de carcaças de animais precisa respeitar regras
A Prefeitura de Goiânia, por meio da Companhia de Urbanização (Comurg), conta com o serviço de recolhimento de animais mortos na Capital. O objetivo é evitar o descarte incorreto, principalmente de bichos como gatos e cães em terrenos baldios, boca de lobo ou ao longo de ruas, avenidas e córregos. De acordo com dados do órgão, a média atual é de 80 animais de pequeno e grande portes recolhidos durante o mês.
Por determinação legal a coleta e destinação final de animais mortos é de responsabilidade do dono. Caso o contribuinte queira que a Comurg recolha, é cobrada uma taxa de R$ 3,74 por quilo, sendo que o peso mínimo tem como base 10 quilos. A solicitação pode ser feita pelo telefone 3524-3410 e coleta no 3524-3415. Mas, caso o munícipe decida levar a carcaça diretamente ao aterro sanitário, ele não paga a taxa. Essa é uma determinação regulamentada pela a Resolução nº020/2016-DR que trata da normatização para a disposição de resíduos no aterro sanitário de Goiânia.
Nos casos de descarte de animais falecidos em clínicas veterinárias, o recebimento dessas carcaças será gratuito, desde que os médicos veterinários estejam devidamente cadastrados na Prefeitura, e o transporte seja por conta da clínica. É necessário também que apresentem no ato do descarte um termo de não recebimento de nenhum valor por parte do dono do animal falecido e apresentem uma declaração de que o animal morto não representa nenhum tipo de perigo relacionado à propagação de doenças para a população. O serviço de coleta é rápido e acontece em média até duas horas depois da ligação.
Em 2017 foram recebimento em Goiânia, de forma gratuita, 486 carcaças de animais. Neste ano foram recolhidos 124 de maneira particular, indicando melhor conscientização dos donos. Ainda de acordo com levantamento dos três primeiros meses de 2018, os números foram significativos. Nesses meses do ano passado foram recebidas 110 carcaças de forma gratuita e 17 particulares. A soma dos dois últimos anos chega a quase 1.500 animais mortos recolhidos pela Comurg. (*Especial para O Hoje)