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domingo, 24 de novembro de 2024
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Cidades

Ex-funcionária de João de Deus faz delação premiada

Mulher que trabalhou na Casa Dom Inácio de Loyola foi ouvida por quatro horas

Postado em 29 de março de 2019 por Sheyla Sousa
Fungos
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Isabela Martins*

Uma ex-funcionária de João Teixeira de Faria, João de Deus, procurou o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para uma delação premiada nesta quinta-feira (28). Ela é citada no processo e por isso resolveu procurar o órgão. A mulher que não teve a identidade revelada teria trabalhado com o médium durante anos na Casa Dom Inácio de Loyola.

Imagens feitas pela Record TV mostram a mulher chegando ao MP vestida de preto, óculos escuros e o rosto encoberto. Ela foi ouvida por aproximadamente quatro horas pelos promotores da força-tarefa e deixou o local em um carro do MP, poucos metros à frente trocou de veículo. A assessoria do MP-GO informou que não irá repassar nenhuma informação por enquanto, para garantir o sigilo e a segurança da testemunha. A mulher foi ouvida pelo promotor Augusto César que integra a força tarefa que apura as investigações contra o médium. 

Visitas 

Ainda na manhã da quinta-feira João de Deus recebeu a visita de dois filhos no Instituto Neurológico de Goiânia, onde está internado desde a semana passada. No hospital, as visitas seguem as mesmas regras do Núcleo de Custodia, duas pessoas por dia uma vez por semana. Ao todo, seis pessoas estão cadastradas na Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) para visitar o médium, todos são filhos de João. 

A transferência de João de Deus para o hospital foi determinada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro e atendeu a um pedido da defesa, feito por meio de um habeas corpus alegando estado grave de saúde. Segundo o médico Alberto Las Casas João de Deus corria risco de ter “uma morte súbita” caso o aneurisma que tem no intestino se rompe-se.

Novas acusações

Nessa semana surgiram novas acusações contra o médium. Em entrevista para o programa Fantástico uma mulher relatou que em 1973 João de Deus teria a estuprado e depois tentado matá-la. Na época ela tinha 17 anos e acompanhava a tia que buscava atendimento espiritual. O médium teria abordado a jovem e a levado de carro de Abadiânia até uma ponte em Alexânia. 

Após o estupro a jovem sofreu uma hemorragia, o que teria assustado o médium que desferiu um golpe de pedra em sua cabeça e efetuou três tiros. Ele então jogou o corpo da vítima no rio que foi resgatada por um pescador. A mulher que estava de casamento marcado se mudou para o Nordeste. Mais de 40 anos após o ocorrido uma bala ainda está alojada no pescoço da vítima. 

Na última semana o MP denunciou João de Deus, um policial militar e mais dois voluntários da Casa Dom Inácio. De acordo com a denúncia, a garota foi vítima de abuso e teria assinado declaração em que dizia o contrário por insistência dos denunciados, com a intenção de inocentar o médium.

O MP tem oito denuncias abertas contra João de Deus. Ainda está sendo apurado pelo órgão a existência de uma rede de proteção ao acusado. Entre os investigados estão dois delegados e um policial militar. De acordo com a PM ainda não chegou ao comando da corporação nenhuma denúncia, e se houver qualquer prova da conduta irregular de algum agente, será aberta investigação interna. A Corregedoria da Policia Civil vai abrir investigação para apurar o caso. 

Réu três vezes 

João de Deus virou réu três vezes por violação sexual e estupro de vulnerável. A mulher dele Keyla Teixeira, também foi denunciada no crime envolvendo os armamentos e o filho Sandro Teixeira, por intimidação de testemunhas. A Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$ 1,6 milhão e pedras preciosas apreendidas em imóveis do médium. O MP segue analisando e colhendo novos depoimentos de mulheres que se dizem vítimas de João de Deus. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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