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domingo, 24 de novembro de 2024
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ameaça

ONG alerta que 10% do lixo plástico nos oceanos vêm de pesca fantasma

São os equipamentos de pesca abandonados que ameaçam as espécies

Postado em 1 de abril de 2019 por Suzana Ferreira Meira
ONG alerta que 10% do lixo plástico nos oceanos vêm de pesca fantasma
São os equipamentos de pesca abandonados que ameaçam as espécies

Quando um filé de peixe chega na mesa de um cliente no
restaurante ou quando alguém compra uma lata de atum no mercado, não é difícil
de imaginar que antes daquele momento toda uma cadeia de produção entrou em
cena, desde o pescador artesanal ou um navio pesqueiro, até o preparo final
para o consumo. O que poucos sabem é que existem muitos equipamentos de pesca
abandonados no oceano ameaçando várias espécies da vida marinha. A isso se dá o
nome de pesca fantasma.

“Dez
por cento do lixo plástico marinho que entra nos oceanos todos os anos é
equipamento de pesca perdido ou abandonado nos mares. E esses materiais, por
terem sido desenhados para fazer captura, eles têm uma capacidade de capturar e
gerar um sofrimento nos animais, com impacto em conservação”, explica o gerente
de vida silvestre da organização não governamental (ONG) Proteção Animal
Mundial, João Almeida.

A ONG lançou este mês a segunda edição do
relatório Fantasma sob as Ondas. O
estudo mostra que a cada ano 800 mil toneladas de equipamentos ou fragmentos de
equipamentos de pesca, chamados de petrechos, são perdidos ou descartados nos
oceanos de todo o planeta. Essa quantidade representa 10% de todo o plástico
que entra no oceano. No Brasil, estima-se que 580 quilos desse tipo de material
seja perdido ou descartado no mar todos os dias.

Dentre
os petrechos mais comuns estão as redes de arrasto, linhas, anzóis, linhéis,
potes e gaiolas. Esses petrechos podem matar de várias formas. Os animais podem
ficar feridos ou mutilados na tentativa de escaparem, presos e vulneráveis a
predadores ou não conseguem se alimentar e morrem de fome.

O
estudo avalia a atuação das grandes empresas pescado e as providências que
tomam – ou não tomam – para evitar a morte desnecessária de peixes. A versão
internacional do relatório elencou 25 empresas de pescado em cinco níveis,
sendo o nível 1 representando a aplicação das melhores práticas e o nível 5 com
empresas não engajadas com a solução do problema.

Brasil

Nenhuma das 25 empresas atingiu o nível 1, embora três grandes empresas
do mercado mundial (Thai Union, TriMarine, Bolton Group) tenham entrado no
nível 2 pela primeira vez. O estudo inclui duas empresas com atuação no Brasil,
o Grupo Calvo, produtor da marca Gomes da Costa, e Camil, produtora das marcas
O Pescador e Coqueiro.

O Grupo Calvo foi classificado no nível 4. Significa que, apesar do tema
estar previsto nas ações da empresa, as evidências de implementação são
limitadas. Já a Camil foi colocada no nível 5. Segundo relatório, a empresa
“não prevê soluções para o problema em sua agenda de negócios”.

Procurado, o Grupo Calvo, cuja matriz é espanhola, afirmou que os
produtos Gomes da Costa são fabricados a partir de material comprado de
pescadores locais, que utilizam métodos de pesca artesanal. A empresa também
informou que reconhece o problema de abandono de objetos e tem tomado
providências a respeito.

“[A empresa] conta, entre outras medidas, com observadores científicos
independentes a bordo de todos os seus atuneiros, além de observadores
eletrônicos em embarcações de apoio, controle constante por satélite, técnicas
para reduzir capturas acessórias, proibição de transbordos no alto-mar e de
devoluções”.

Procurada, a Camil informou que não iria se manifestar a respeito dos
resultados da pesquisa e sobre pesca fantasma.

De acordo com o gerente da Proteção Animal Mundial, uma das principais
metas do estudo é fazer os governos enxergarem cada vez mais a pesca fantasma
como um problema relevante e carente de políticas públicas eficientes.

“Como uma das principais recomendações, a gente identificou a
necessidade dos governos absorverem para a sua agenda a questão da pesca
fantasma para, então, criar as estruturas necessárias, criar um diagnóstico e a
gente começar a entender o problema. E, em um segundo momento, criar condições
para combatê-lo efetivamente”. (Agência
Brasil
)

 

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