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sábado, 23 de novembro de 2024
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Cidades

Metrobus será privatizada enquanto custo da passagem vai para R$ 4,30

A população que enfrenta diariamente as péssimas condições do transporte coletivo vai ter que arcar com mais um reajuste da tarifa

Postado em 17 de abril de 2019 por Sheyla Sousa
Metrobus será privatizada enquanto custo da passagem vai para R$ 4
A população que enfrenta diariamente as péssimas condições do transporte coletivo vai ter que arcar com mais um reajuste da tarifa

Igor Caldas*

A notícia não é nada boa para os usuários do transporte público na Região Metropolitana de Goiânia. Além de terem que enfrentar atrasos rotineiros nas linhas, a humilhante lotação dos coletivos e insegurança dentro do transporte público, o cidadão ainda vai ter que pagar mais para andar de ônibus. O aumento da passagem foi aprovado por 6 votos a 2 em reunião da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) na manhã desta quarta-feira (17). O valor da passagem subiu de R$ 4 para R$ 4,30 na Grande Goiânia.

A CDTC é formada por 11 membros, entre eles o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB). O presidente da CDTC, Jânio Darrot, é prefeito de Trindade. A votação que aprovou o aumento de 7,5% começou às 10h40 no Salão Nobre do Paço Municipal com as portas fechadas. Hoje é o último dia que o usuário poderá pagar R$ 4 para andar de ônibus. O novo valor está previsto para valer a partir das 5h desta sexta-feira (19).

Contra o aumento da passagem ficaram o vereador da Capital Lucas Kitão (PSL) e o deputado estadual Alysson Lima (PRB). O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (PMDB) e o presidente da Agência Goiana de Regulação (AGR) Eurípedes Barsanulfo nem chegaram a comparecer a reunião.

Os membros da CDTC que votaram de forma favorável ao aumento foram o presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Benjamin Kenedy Machado; o secretário de Trânsito de Goiânia, Fernando Santana; o vereador de Trindade Agnelson Alves (PV), o secretário de Planejamento Urbano e Habitação da capital, Henrique Alves; a secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis; e o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB). O presidente da Comissão, Jânio Darrot (PSDB), não votou, pois o desempate não foi necessário.

A Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal rejeitaram o aumento da tarifa. Os representantes das duas Casas na CDTC, deputado Alysson Lima e vereador Lucas Kitão, já haviam manifestado contrariedade à proposta na ausência de apresentação de projetos de melhorias para o transporte público. Enquanto isso, os carros continuam sucateados e a quantidade de linhas continua insuficiente para atender a população de forma satisfatória.

Autoritarismo

O deputado Lucas Kitão ironizou a decisão do aumento da passagem dizendo que o reajuste seria o “presente de Páscoa” do povo goianiense e reclamou da forma truculenta que a reunião foi conduzida. Segundo Kitão, não foi possível discutir as deliberações e nenhuma melhoria foi debatida.

“Foi uma reunião truculenta, conduzida com pouco de autoritarismo e a gente ficou um pouco sentido de não poder discutir as deliberações. Simplesmente encaminharam a nós uma carta de intenções, simplesmente histórias a se contar. O aumento passou e não foi discutido nenhuma melhoria, infelizmente”, lamenta Kitão.

O vereador Alysson Lima deu a entender que tudo já estava combinado antes da votação. Ele afirmou que a reunião foi de “faz de conta” e teve um aspecto “tirano” pela falta do debate sobre as melhorias no transporte coletivo. Segundo ele, a única pauta era o aumento do valor da tarifa. Lima diz que recorrerá na Justiça para tentar reverter a situação. Ele acredita que a proximidade do feriado beneficiou a colocação da pauta do reajuste.

“Saio com sentimento de frustração. Esperaram a véspera de feriado religioso para colocar essa fatídica pauta. Estou saindo agora é já temos um processo pronto para protocolar contra o aumento da tarifa”, promete o vereador. 

Promessas de melhorias do transporte ficam “só na conversa”

O presidente da CDTC disse que estão sendo debatidas mudanças para melhoria da qualidade do serviço. “O reajuste é automático, todo mês de dezembro. Já deveria ter sido implantado, mas estamos discutindo uma série de melhorias. Acho injusto [o aumento], mas tínhamos de tomar uma decisão. Se quebrássemos o contrato e não aumentava a tarifa, nós poderíamos estrangular o sistema”, disse Jânio Darrot.

A reportagem falou com a assessoria do presidente da CDTC, que também é prefeito de Trindade, para questionar quais seriam as melhorias para o transporte coletivo a serem debatidas. Apesar das medidas necessárias para qualificar o transporte coletivo na Grande Goiânia não ser nenhuma novidade, não foi mencionado sequer uma questão que seria debatida para melhorias.

A CDTC admite a incompetência dos órgãos na cobrança pelo avanço na qualidade do transporte coletivo. Ela diz que nem a CMTC e nem a CDTC conseguem fiscalizar e cobrar a melhoria do transporte em Goiânia, mas anunciou que a possível solução seria a união dos dois órgãos para se fortalecerem. Admitiu também que se a responsabilidade do transporte coletivo continuar dividida entre os dois órgãos, a passagem vai continuar aumentando e a qualidade vai permanecer a mesma. No entanto, esta junção não tem data prevista para acontecer.

O prefeito de Trindade reforça que a medida mais sensata seria a união da CDTC com a Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) para cobrar melhorias junto às empresas. “Isso significa que teremos um órgão realmente forte, porque existe hoje uma dualidade e ninguém sabe quem manda efetivamente na gestão do transporte público da Região Metropolitana”, afirma Jânio.

Darrot ainda afirma que a CDTC é um órgão deliberativo que é usado apenas para realizar o aumento da tarifa. “A CMTC é o braço executivo que faz a fiscalização, tem os técnicos para análise de planilhas e executa todo o acompanhamento do sistema”, explica o prefeito. “A CDTC é um órgão deliberativo, que só se reúne quando convocado para deliberar. E, infelizmente, isso só acontece no dia de decidir sobre reajuste na tarifa, porque o órgão tem essa obrigação”, admite. Enquanto os dois órgãos não se resolverem, a população vai continuar pagando o preço amargo percorrer a cidade em péssimas condições. (*Especial para O Hoje)   

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