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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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Lis e Mel

Siamesas unidas pela cabeça são separadas no DF

As gêmeas, Lis e Mel, passaram por procedimento cirúrgico inédito no Hospital da Criança e estão se recuperando bem

Postado em 30 de abril de 2019 por Suzana Ferreira Meira
Siamesas unidas pela cabeça são separadas no DF
As gêmeas

Da Redação

procedimento de separação das
gêmeas 
começou a ser planejado quando elas ainda tinham dois meses de
vida e o médico Benício Oton de Lima confirmou, por meio de exames, que a
operação seria viável pois elas compartilhavam apenas uma pequena parte do
cérebro, que poderia ser retirada sem danos. “O dia em que ele disse que
poderíamos separá-las foi de muita felicidade para mim”, lembra a mãe das
meninas, Camilla Vieira Neves, 25 anos.

Equipe médica considera que a ligação das meninas, no lóbulo
frontal direito dos crânios, facilitou o trabalho de
separação, visto que permitiu às crianças se desenvolverem
normalmente.

“Não são pacientes acamadas. São pacientes saudáveis, que
tiveram o crescimento e o desenvolvimento motor perfeitamente normal”, destaca
a anestesiologista Liliana Teixeira. O mais comum entre os siameses craniopágos
– ligados pela cabeça – é que a junção seja no topo dos crânios, o que os
obriga a viverem na horizontal, prejudicando as condições de saúde.

Mel e Lis já falam palavras simples, como “mama” e “papa”.
Ficam de pé e conseguem dar pulinhos. Antes da cirurgia, a mãe explicou a elas
que os médicos as colocariam para dormir, mas que, quando acordassem, os pais
estariam do lado de fora esperando-as. O momento em que a mãe viu as meninas
separadas – 
Mel foi a primeira sair do centro cirúrgico,
foi de grande emoção. “Olhei minha filha e ela estava perfeita. Igual a uma
boneca”, afirma Camilla. Lis foi a primeira a despertar depois da anestesia. No
fim da tarde desta segunda (29), ela já não estava mais entubada.

Nas fotos da cirurgia, há uma equipe com toucas rosas e outra
com toucas amarelas. A equipe rosa era responsável por Lis e a amarela, por
Mel. Os instrumentos cirúrgicos usados em cada uma delas também estavam
identificados com fitas adesivas das duas cores. O objetivo era garantir que
não houvesse nenhum tipo de confusão durante os procedimentos realizados nas
crianças. Enquanto uma equipe operava Mel, a outra operava Lis. O método de
separação por cores foi descoberto pela médica Liliana Teixeira, ao revisar a
literatura científica sobre separação de siameses.

Durante todo o mês de abril, os médicos envolvidos no procedimento
fizeram ensaios práticos diariamente com bonecos impressos em 3D que tinham as
mesmas medidas das meninas. Os ensaios eram feitos à noite, pós-horário de
trabalho, para que o procedimento de separação pudesse ser previsto nos mínimos
detalhes. Como estavam ligadas, a posição dos corpos durante a realização das
cirurgias era muito importante.

O final da cirurgia, às 2h30 de domingo, depois de cerca de
20 horas de trabalho, foi seguido por uma catarse coletiva que envolveu a
equipe cirúrgica, os pais e os familiares das crianças. Ao deixar o centro
cirúrgico, muitos se abraçaram e choraram.

“Realmente foi emocionante”, afirmou o anestesiologista
Luciano Alves Fares. O chefe da equipe, o neurocirurgião Benício Oton de Lima
contou que foi necessário pedir que os profissionais fossem embora, de tão
envolvidos que estavam com o que tinha acontecido. “É um time muito unido, que
participou de um grande momento junto.”

 

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