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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Essência

Ayrton Senna: um herói verde e amarelo

Nesta quarta (1º), é lembrada a perda do grande ídolo da Fórmula 1 que faleceu há 25 anos

Postado em 1 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
Ayrton Senna:  um herói verde e amarelo
Nesta quarta (1º)

GUILHERME MELO* 

Ele era um sonhador da Zona Norte de São Paulo, que mudou completamente a maneira como os brasileiros viam o domingo de manhã. Ayrton Senna se tornou um dos símbolos nacionais, tendo sido embalado pela torcida frenética dos fãs e pela velocidade do autódromo. Nesta quarta-feira (1º), faz 25 anos da morte de Senna, um dos mais maiores mitos esportivos do mundo. 

Seu capacete amarelo, com uma faixa azul e outra verde, era a marca do tricampeão da Fórmula 1. Quando o piloto, com 34 anos, bateu contra um muro da curva Tamburello, no circuito italiano de Imola, ele não parou somente o País, mas o mundo. “Ele era extremamente carismático, humilde e patriota. Seria como se ele fosse o nosso Capitão América”, compara o professor de História Murillo Medeiros, de 35 anos. 

Na sexta volta, a corrida foi reiniciada, e, na abertura da sétima volta, Senna rapidamente fez a ‘melhor’ volta da corrida. Começando a última volta da competição, o piloto perdeu o controle do carro, seguindo reto e chocando-se violentamente contra o muro de concreto. Segundo a investigação, a telemetria mostrou que Senna, em uma fração de segundos, conseguiu reduzir a velocidade de cerca de 300km/h para 200km/h. Por um momento, a cabeça de Ayrton se mexeu levemente, e o mundo, que assistia pela TV, imaginou que ele estivesse bem, mas esse movimento havia sido causado por um profundo dano cerebral.

Mesmo com o rápido atendimento, a morte de Senna foi anunciada poucas horas depois do acidente. “Foi um dos momentos mais difíceis da minha adolescência”, revela a fisioterapeuta Patrícia Trevenzol, de 42 anos. A fã, que na época tinha 17 anos, conta que o esporte sempre fez parte da sua família, e ela sempre foi apaixonada por carros. “Minhas amigas tinham cantores e músicos como ídolos; eu tinha o Ayrton. Acordava de madrugada, só para assistir às corridas”, conta Patrícia. Na época de sua morte, Senna estava namorando a modelo Adriane Galisteu havia quase um ano.

Assim como o resto do Brasil, a fisioterapeuta não acreditava que Ayrton havia morrido, fechando uma das semanas mais tristes para o automobilismo. Durante a sessão de qualificação, na sexta-feira anterior à morte de Senna, Barrichello teve um acidente, tendo sido impedido de participar da corrida; no sábado, Roland Ratzenberger bateu violentamente na curva e faleceu. “Quando Senna morreu, naquele domingo, foi uma grande dor, que fechava a pior semana da Fórmula 1. Eu não acreditava no tanto de eventos ruins que estavam acontecendo naquela época”, explica Patrícia. 

Foi encontrada, no carro de Senna, uma bandeira austríaca que, em caso de uma possível vitória, o tricampeão a empunharia em homenagem ao austríaco Ratzenberger, morto um dia antes. De acordo com a perícia, Senna perdeu o controle do carro devido à quebra da coluna de direção. Na análise dos médicos na pista, no hospital e na autópsia, depois de constatada a morte cerebral, foram percebidos três graves traumas: além do dano no lobo frontal, um grande choque que provocou fraturas na têmpora e rompeu a artéria temporal e uma fratura na base do crânio, devido à potência do impacto. Tanto a Federação Internacional do Automóvel (FIA) quanto as autoridades italianas mantiveram a versão de que Senna não morreu instantaneamente, e sim no hospital, para onde foi levado, rapidamente, de helicóptero. 

A dor da morte do ídolo foi tão grande, que Patrícia revela que não conseguiu acompanhar mais as corridas. “Fiquei mais de uma semana ainda sofrendo o impacto da morte dele. Depois disso, não acompanhei mais os Grandes Prêmios (GP)”, revela a fã.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov 

Legado do ‘mito do esporte’ 

Seus expressivos números ajudam a explicar por que o piloto ganhou status de ‘mito do esporte’:  foram três títulos mundiais de F1, 41 vitórias, 65 poles e 80 pódios entre 1984 e 1994. Mas Senna é mais do que isso: o brasileiro foi o responsável por alguns dos momentos mais mágicos da principal categoria do automobilismo mundial. “Os anos 80 foi uma época de muita movimentação política. A população estava cansada e descrente com a situação do Brasil; muitos sentiam vergonha da nação. Senna saiu pelo mundo levando a bandeira como um símbolo que encheu de orgulho tantos brasileiros”, explica o Murillo. 

“Sua morte não apagou o brilho da sua existência, muito pelo contrário: conseguiu evidenciar o ser humano incrível, por trás do atleta, e deixar marcas sensíveis em todos os lados, da sua vida”, explica a fã Heleni Aparecida, de 55 anos. A comerciante faz questão de manter a memória de Senna viva: ela tem mais de 100 itens do piloto como chaveiros, imagens, camisetas, um capacete (replica original), revistas e uma foto autografada. 

Heleni explica que Senna foi um “símbolo que marcou sua geração”, com isso importante manter a memória dele viva. “Guardo esses itens para mostrar para meus amigos, meus filhos, sobrinhos e netos – para que as próximas gerações também conheçam ele”, garante. A sobrinha da comerciante, Camila Moura, nasceu duas semanas antes da morte de Ayrton. A jovem, hoje com 25 anos, é fã do piloto sem mesmo tê-lo conhecido. “As pessoas da nossa idade – e os mais novos – não o conheceram. Mas eu vejo como ele foi um ídolo para minha mãe e minhas tias, levando o nome do Brasil para o mundo”, conta a jovem. Graças à tia, Camila revela que é uma admiradora do piloto, sentimento que acabou passando para seu filho de 5 anos. “Meu menino é apaixonado por carrinhos. Quando vamos ver alguma corrida do Senna, na internet, ele já fica todo agitado. Ele já é um minifã”, brinca a mãe.  

Instituto Ayrton Senna 

Ayrton era um grande apaixonado pela pureza das crianças. Quando perto delas, as fotos mostram a alegria de Senna. Mudar a realidade dos jovens, trazendo-os para mais perto dos seus sonhos era uma meta que estipulou para si. Depois de sua morte, foi comunicado que grande parte da sua herança seria destinada a ações para ajudar crianças e jovens em situação de pobreza. E foi exatamente desse sonho que nasceu o Instituto Ayrton Senna, cumprindo com os ideais outrora traçados pelo seu mentor, e hoje comandado, firmemente, pelas mãos de Viviane Senna, irmã do piloto. 

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