GUILHERME ARAUJO

ESPECIAL PAR O HOJE

Quando o assunto é a economia criativa, o horizonte que se vê pela frente é de céu de brigadeiro. Definido como o ciclo de criação, produção e distribuição de bens e serviços, que se valem da capacidade intelectual de seu produtor como matéria-prima, este segmento da economia cresce, ano a ano, no País.

Somente em 2015, o setor movimentou R$ 155 bilhões, de acordo com o levantamento mais recente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que representa 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e aponta, ainda, para um saldo positivo de empregabilidade. Naquele ano, 850 mil profissionais tiveram parte ou a totalidade de sua renda oriunda de produções deste ramo da economia. Os bons ventos continuarão a soprar adiante. Segundo uma estimativa da aPwC Consultoria, é esperado um crescimento de 4,6% do setor em 2021.

Entre os próximos dias 2 a 4 de maio, os goianienses poderão ver de perto esta força criativa na feira Conexão Design, um evento voltado ao consumidor final, que está em sua segunda edição, na cidade, realizado na Época Galeria. Lá, estarão designers autorais independentes, de várias regiões do País, e suas produções em forma de móveis, luminárias, objetos de design, cerâmicas contemporâneas, joias, moda e artes visuais.

A proposta da Conexão Design é levar o design autoral nacional, Brasil adentro, para cidades fora do eixo Rio-São Paulo. Desde 2016, foram realizadas quatro edições em Campinas, no interior paulista. Goiânia entrou para o calendário anual, no ano passado, e o próximo destino será Brasília, em setembro.

A jornalista goianiense radicada em São Paulo, Eliane Melo, é a responsável pela curadoria da Conexão Design. Segundo ela, a inovação é o denominador comum entre as peças que serão vendidas e o design acessível, um dos pilares do evento. Nesta edição, serão mais de 20 expositores do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás.

O evento é, também, um espaço de transmissão de conhecimento, e para isso serão realizadas três rodas de conversa, comandadas por arquitetos, designers, artistas plásticos e empresários goianos. Haverá uma por dia, e serão abertas ao público com inscrições prévias. De acordo com Eliane, “quando o público tem a oportunidade de aprender com especialistas sobre o design autoral, ele entende que as peças além da beleza, têm referências da cultura brasileira e trazem soluções para o dia a dia das pessoas”, explica.

No comando de uma das rodas de conversa, estará a artista plástica e designer de joias goiana Fabiana Queiroga. Para ela, a Conexão Design é uma porta para a exploração das possibilidades e da abrangência do design autoral na vida das pessoas. “Trata-se de uma ótima oportunidade para trabalhar a percepção da arte no cotidiano, assim como o impacto desse contato entre indivíduo e criação, mesmo que feito de forma indireta. Isso pode modificar vidas”, afirma. A artista plástica conta que uma parte expressiva de seus clientes tem origem em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, mas Fabiana percebe uma mudança de comportamento do consumidor goiano que, aos poucos, passa a se interessar por peças diferenciadas e trabalhadas manualmente. “As pessoas vêm se despertando para isso, tendo mais sensibilidade, investido e estado mais atentas. Aos poucos, tem-se entendido que não é necessário buscar coisas boas lá fora. Temos um design bom e de valor aqui em Goiás”, ressalta.

O arquiteto e urbanista W. Leão Ogawa, que também fará parte do time de profissionais que comandará as rodas de conversa da Conexão Design, compartilha dessa visão. Para ele, um fator que deve ser levado em consideração é o uso da tecnologia e a abrangência das redes sociais. “Vivemos um mercado em expansão. Houve uma crescente exponencial a partir deste boom tecnológico visto nos últimos anos. Isso nos deu mais facilidade de comunicação e contatos”, avalia.

Ogawa acredita ser indispensável a troca de ideias, já que é a partir de iniciativas como esta, que se pode fortalecer o elo entre o consumidor e quem cria as peças e compreender os rumos do design autoral. “Estamos construindo uma identidade formal, então, ao discutirmos isso, temos uma abrangência muito maior das áreas de atuação e suas possibilidades de apropriação”.

Sobre o design autoral, atividade constantemente associada ao desenvolvimento da economia criativa, Ogawa destaca que “hoje a gente percebe que não basta ter identidade; precisamos ter algo a mais. Por isso a importância de se trazer pra conversa e se discutir”, afirma.

SERVIÇO

Rodas de conversa da ‘Conexão Design’

Onde: Época Galeria de Arte (Avenida 136, nº 71, Setor Marista)

Inscrições: (11) 99988-0853 (WhatsApp)

2 de maio – 15h

‘Todo Mundo é Designer Todo Dia’

W. Leão Ogawa, arquiteto e urbanista

Eleonora Hsiung, designer de joias

3 de maio – 15h 

‘Design de Produtos: do Desenho à Comercialização’

André Lenza, arquiteto, urbanista e designer

João Paulo Roriz – CEO da Vasap

4 de maio – 15h 

Fabiana Queiroga, artista plástica e designer

Lívia Rizzo, artista plástica