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domingo, 3 de novembro de 2024
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Cultura

Fotografias carregam de emoção os ambientes

Técnica da ‘fine art’ traz mais personalidade aos projetos, sem abdicar da estética, e serve de inspiração na hora de decorar

Postado em 24 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
Fotografias carregam  de emoção os ambientes
Técnica da ‘fine art’ traz mais personalidade aos projetos

JAÍSA GLEICE* 

A fotografia sempre foi um elemento relevante no design de interiores. Especialmente as imagens produzidas sob o conceito da fine art merecem uma pausa do espectador para a experiência da observação atenta, porque, mais do que expressar um estilo, as imagens manifestam um ponto de vista estético. Além disso, tem, entre as características, a alta qualidade da impressão, que proporciona riqueza de detalhes a ‘olho nu’ e a tiragem única ou limitada.

A fotógrafa Adriana Bittar tem um de seus trabalhos expostos no ambiente projetado pelos arquitetos Eduardo e Adriana Bittar nesta edição da Casa Cor Goiás. Valorizada pela moldura e estrategicamente fixada entre os elementos regionais e os materiais naturais, tal qual a paisagem fotográfica, o trabalho da fotógrafa ficou ainda mais valorizado.

A imagem foi feita numa praia do estado do Piauí, em 2018, e mostra o repouso com ar de movimento da areia da praia logo após a maré baixar. “Quis mostrar mais textura”, completa Adriana. “É importante avaliar toda a ambientação para que a imagem combine com a função do espaço. É um casamento”, ensina. Outra dica da expert é em relação às tonalidades preto e branco ou colorido. Nesse caso, também é importante avaliar inclusive o mobiliário. 

Não por acaso, a fotografia em preto e branco como forma de valorizar o contraste com as cores da mobília é uma sugestão da arquiteta Mariana Mendonça. “A fotografia comunica de forma direta sem subjetivismos – ao contrário de outras artes. Além disso, é mais fácil se identificar com a imagem por ser algo real”, justifica Mariana.  A profissional chama a atenção para as imagens em composição feitas pela fotógrafa australiana Nicole Wells, considerada uma inovadora da fotografia contemporânea. “A imagem passa para o público a tranquilidade que se sente no ambiente”, conclui.

Andréia Rocha Lima encontrou inspiração no trabalho do fotógrafo brasileiro autodidata Rômulo Fialdini, conhecimento por ser um mestre em detalhes e referência quando se trata de fotografia fine art. Não coincidentemente, uma das características comuns aos projetos assinados por Andréia, adepta de particularidades que emocionam de um jeito inesperado. “Me identifiquei com a sensibilidade de Fialdini quando o conheci pessoalmente, há cinco anos”, conta. 

Para contextualizar um living dotado de valor afetivo, outra marca registrada da designer de interiores, o acervo fotográfico selecionado tem tudo a ver com as memórias da própria Andreia. No projeto de decoração, a profissional optou por elementos específicos que remeteram a enredos privativos de sua vida real. 

Escolheu, por exemplo, a imagem fotográfica de uma porta muito semelhante à de um hotel onde costumava se hospedar na época em que visitava o filho, estudante na cidade americana de Boston, Massachusetts. Trouxe ainda uma memória dos tempos de infância quando se recorda dos pais, fãs da boa música clássica, ao pinçar a figura de uma jovem moça ao piano. “A música sempre fez parte da minha vida”, reforça. 

Um giro por ali e não será difícil encontrar um clique de Fialdini com o qual você se identifique, como no meu caso, a imagem da sacada que dá vista para o mar. Andrea não enxerga regras na decoração quando o assunto são as artes. “A arte combina com qualquer coisa que faz parte da sua história ou te remete a valores e sentimentos”, explica. O projeto tem ainda outros objetos preciosos de família, como uma antiquíssima máquina de datilografia, instrumento de trabalho onde ela também percebeu primor e sensibilidade.

Para a designer de interiores Ednara Braga e as arquitetas Flávia Araújo e Juliana Resende, a  premissa foram os elementos que remetem à costa litorânea, tão amada entre os brasileiros. E lá estão elas, as fotografias em contraste com os diferentes tons de azul, numa referência ao mar e ao céu. As imagens em série são de autoria do fotógrafo goiano Elton Rocha. “Além de um talento das lentes, Elton é um artista da terra, e esta foi também uma forma de valorizar o regional”, diz Flávia.

O registro de uma única imagem dividida em seis molduras mostra, na sequência, uma pessoa nadando, desfrutando do frescor do curso d’água. “A escolha pela fotografia imprime uma linguagem mais contemporânea, atemporal”, explica Flávia. Especificamente sobre as imagens representadas no ambiente, há uma total sintonia com a proposta. “Tem uma pegada bem praia mesmo”, acrescenta.

Aos que apreciam as fotografias como elemento decorativo, a arquiteta dá dicas. Segundo Flávia, quando a proposta busca algo mais despojado, aconchegante, as imagens coloridas são as ideais. Já se a intenção é um apelo mais emocional, as fotos em preto e branco são as mais recomendadas. “As cores preto e branco são mais dramáticas; trazem um aspecto mais cenográfico”, afirma. Seja qual for a opção o necessário é escolher uma forma de expressão que mexa com os sentimentos das pessoas. E isso a fotografia é capaz de alcançar. (*Especial para O HOJE)

SERVIÇO

Casa Cor Goiás 2019

Quando: até 20 de junho

Horário: das 15 às 22h, de terça a sexta-feira, e das 12h às 22h aos sábados, domingos e feriados

Entrada: R$ 54 (inteira), R$ 27 (meia) e R$ 180 (passaporte)

Onde: Rua T-61 esquina com T-5, Setor Bueno – Goiânia 

 

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