Perda de água tratada chega a 26% do volume produzido
Levantamento mostra que o desperdício ocorre principalmente na distribuição
Isabela Martins
Segundo estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil e a Consultoria GO Associados, o volume de água que é perdida no sistema de abastecimento vem crescendo no Brasil e chega a mais de 6,5 bilhões de metros cúbicos por ano. Isso significa que antes de chegar ao destino final 38,3% da água tratada foi desperdiçada. Em Goiás, as perdas ficam em 26%.
Conforme mostra o estudo, a perda de água vem tendo um pequeno crescimento nos últimos anos. Em 2015, o índice era de 36,7%, em 2016 ficou em 38,1% e, em 2017, últimos números disponíveis, a perda chegou a 38,3%. Em valores, o total perdido pelas companhias distribuidoras fica em R$ 11,4 bilhões ao ano. Apesar do número, Goiás aparece entre os estados que apresentam os melhores resultados.
De acordo com a Companhia de Abastecimento de Goiás (Saneago), o Estado é o único que se encontra abaixo dos 30% de perdas de distribuição. Já Goiânia ficou em segundo lugar entre as capitais nesse quesito, com 20,8% de perdas, e Aparecida de Goiânia aparece na sexta colocação, com 22% de água desperdiçada.
Automação das cidades
A Saneago informou que vem trabalhando para evitar o desperdício de água, investindo em frente de trabalho como na automação de todas as cidades que são operadas pela Companhia, utilizando equipamentos de controle e realizando pesquisa de vazamentos não visíveis. Segundo a diretoria da empresa, a Companhia assinou um termo de aquisição de equipamentos de medição e automação.
Entre os itens adquiridos estão macromedidores e transmissores de pressão. A expectativa é de que eles comecem a ser entregues nos próximos meses e que sejam instalados de acordo com o cronograma elaborado pela diretoria da Companhia, que inclui a maioria dos municípios goianos. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)
Seca pode deixar quase 50 cidades goianas sem água
Um relatório enviado pela Saneago ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) apontou que 46 municípios goianos poderão ficar sem água durante o período de seca. Segundo o MP, o documento também apresenta algumas soluções que a empresa está realizando para que, nesse período, os goianos não fiquem sem água. Em 2018, o relatório apontou 66 cidades.
Ainda de acordo com o texto do documento, Goiânia e a Região Metropolitana serão as áreas mais afetadas do Estado. Em de Aparecida de Goiânia seis sistemas de abastecimento devem ser afetados (Independente Tiradentes, Independência Mansões, Madre Germana, Lages, João Leite e Meia Ponte). A Saneago informou que tem investido em campanhas educativas, no combate e redução de perdas, manutenção em limpeza de poços tubulares profundos e perfuração e, também, na interligação de poços tubulares profundos para reforçar os sistemas, o que ainda está em andamento.
Além de Aparecida, outras sete cidades da Região Metropolitana constam no relatório, Abadia de Goiás, Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Goianira, Guapó, Nerópolis e Trindade. O Entorno do Distrito Federal também deve sofrer mais com as consequências. Na região, sete cidades correm risco de desabastecimento.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) do Meio Ambiente, Urbanismo e Consumidor do MP-GO, Delson Leone Júnior, encaminhou ofício-circular aos promotores dos municípios que correm o risco de sofrer com a estiagem. O ofício encaminha também sugestões de providências a serem tomadas pelas cidades quanto à descontinuidade no abastecimento de água. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)