Decisões precipitadas fazem Governo recuar e deputados criticam
Deputados da base e da oposição a Ronaldo Caiado criticam o Governo por voltar atrás em várias decisões
Venceslau Pimentel
Especial para O Hoje
Deputados da base de apoio ao governo de Ronaldo Caiado (DEM) e da oposição, travaram ontem, em plenário, embate sobre possibilidade cogitada pela Metrobus, de não mais operar as linhas interligadas ao Eixo Anhanguera, de acesso às cidades de Goianira, Senador Canedo e Trindade.
A polêmica é resultado de uma decisão da Metrobus, que comunicou à Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) sobre a descontinuidade da operação estendida até os três municípios citados. O processo, que visava gerenciar apenas a extensão do eixo, se daria, de acordo com a companhia, de forma gradual, para não comprometer a qualidade dos serviços de transporte público.
A medida, de acordo com a Metrobus, tinha por objetivo equilibrar as contas da companhia, que estaria operando no vermelho por conta da operação estendida do Eixo. O comunicado à CMTC se deu no dia 30 de abril, mas ontem, depois da repercussão negativa, o governo se pronunciou sobre o caso, afirmando não ter autorizado as mudanças anunciadas pela companhia. E classificou o anúncio como precipitado.
Da tribuna, o deputado Talles Barreto (PSDB), fez críticas à tentativa de mudanças na operação das linhas continuadas e fez comunitários sobre a nota do governo. “Esse é um governo de recuos”, disse, salientando que o governador teria a intenção de restringir os serviços da companhia. “Esse governo já voltou atrás em vários assuntos. Voltou atrás na questão do passe livre estudantil, por exemplo”, arrematou Barreto.
Também em discurso da tribuna, o deputado Lucas Calil (PSD) afirmou que o fato de a Metrobus ter cogitado a possibilidade de descontinuidade do Eixo Anhanguera mostra que o governo não estaria sensível com as demandas de quem utiliza o sistema de transporte público da região metropolitana. “Vendo mais um recuo do governo, em relação à extensão do Eixo Anhanguera, fiz uma reflexão. Não é fácil acerta tudo, principalmente em relação ao Poder Executivo de um estado tão pujante como o nosso. Mas é muito difícil errar em tudo”, pontuou.
Para Calil, os primeiros seis meses da gestão de Caiado mostram os erros ratificados pelo Executivo, mas que recua diante da pressão popular. “Posso enumerar uma série de equívocos, como o não pagamento de dezembro dos servidores públicos estaduais, as tentativas de acabar com o passe livre do transporte coletivo, entre outras coisas”, ressaltou o deputado.
No entendimento da deputada Lêda Borges (PSDB), os altos e baixos do governo, em relação a medidas tomadas, e que depois volta atrás, configura falta de planejamento. Ela citou o caso Eixo Anhanguera. “Essa é uma demonstração de que não era necessário passar esse medo naqueles que usam o transporte coletivo na região metropolitana da capital”, pontuou. “Isso me traz muita surpresa ao ver um governante que não tem certeza daquilo que quer para o Estado”.
A defesa do governo veio, primeiro, do deputado Dr. Antônio (DEM) que, em meio à discussão do assunto, informou que o governo havia emitido nota desautorizando qualquer mudança na rota do Eixo Anhanguera. Em seguida, o deputado Amauri Ribeiro subiu à tribuna para reforçar a fala do Dr. Antônio, sobre a nota oficial. Salientou que o governo sustentou que, em momento nenhum, teria autorizado a retirada das linhas adicionais da Metrobus. “Não há, com isso, motivo de preocupação para a população das cidades vizinhas em relação ao assunto”, frisou.
Para Ribeiro, a oposição, mais uma vez, bate no governo sem necessidade e sem verdade. “E mesmo que o governador tenha voltado atrás de algumas decisões, isso significa humildade em reconhecer talvez alguns erros”, pontuou. “Coisa que o governo que a oposição apoiava nunca teve e enfiava tudo na goela da população do Estado com o apoio dessa Casa”, arrematou.
De acordo com o comunicado da Metrobus, a desativação das linhas que beneficiam as três cidades, imitando-se aos terminais Padre Pelágio e Novo Mundo, se daria a partir de 15 de junho, após comunicar aos interessados, como a CMTC.
Passe livre
O projeto que alterava as regras do passe livre estudantil também gerou polêmica na Assembleia Legislativa. Diante da repercussão, o governo recolheu a matéria para reexame e adequações.
Pelo projeto que Caiado enviou para a apreciação dos deputados, o volume de recursos empregado no programa ficaria em R$ 39,9 milhões, contra os atuais R$ 80 milhões.
Ao contrário do programa atual, apenas seriam beneficiados estudantes da rede pública de ensino, abrindo exceção àqueles de escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, e ainda dos matriculados na rede particular com bolsa integral. Previa contemplar apenas alunos do ensino médio, e não mais os do ensino fundamental, médio, técnico e superior.
O programa em vigor contempla apenas a região metropolitana de Goiânia e as cidades de Anápolis e Rio Verde. No entanto, a nova proposta previa que o acesso seria restrito a estudantes que comprovassem renda familiar de até três salários mínimos e que fosses beneficiários direto ou indireto de programa social governamental de erradicação da pobreza. Haveria também mudanças em relação ao número de estudantes beneficiados. Sairia de 88.075 mil para 22.657.